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sábado, 18 de janeiro de 2014

DÁDIVA

 DÁDIVA
foto net



Tenho a alma

Cheia de canções.

Cofre. Acolhimento.

Não param de chegar

 Coração nascente

Enquanto viver, destino. 

Caminho.

Seu respirar

Ando nas ruas. Praças. Cidade

Deserto. Assustador. Vazio.

 Frio

Apesar da claridade.

Não vejo ninguém

Perdi pai e mãe

Com tempo para me escutar.

Palavras amigas de toda hora

Não contestam demora

Se não as posso acolher. Ouvir

Adormecem comigo

Acordo.

 Vejo-as sorrir.

Em alegre dança

Sonho que não cansa

O dia rompe

Lembram-me: “Não podes desistir”!

Inspiração. Fonte

Urgente criar. Partilhar. Seguir.

Paro então.

Para escutar

Ocupam todo o espaço

Nada mais faço

Entrega sem condição

 Dádiva.

Abro a mão

O canal abriu

O milagre aconteceu.

Agradeço, comovida à vida.

Dentro de mim

Há um jardim a florir

Alegre. Feliz desabrochar.

O texto nasceu!



Coimbra, 18 de Janeiro 2014
Lucinda Ferreira


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