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segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Senhora escondeu-se...


A senhora escondeu-se.

Já viste, numa tarde de Outono, cair as folhas mortas? Assim caem todos os dias as almas na eternidade. Um dia, a folha caída serás tu.
(Josemaria Escrivá)
Aos “outros”, a morte paralisa-os e espanta-os. – A nós, a morte – a Vida – dá-nos ânimo e impulso. Para eles, é o fim; para nós, o princípio.
(Josemaria Escrivá)
Os mortos são na vida os nossos vivos. Andam pelos nossos passos, trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem connosco.
(Florbela Espan
ca)

Hoje foi um dos dias mais longos da minha vida!
Um buraco no tempo...
Não sei que horas são. Não sei o dia da semana. Nem o ano. Nem o
momento.
Fico suspensa no infinito. Desligada. Pairando neste
Planeta, sobre o mundo. Etérea. Diluída.
Lembro-me e lembrar-me-ei de ver a Senhora lá no fundo.
Envolta em coroas de flores!
Um cheiro intenso a lírios que jamais esquecerei.
Um fio invisível. Profundo, ligava a intimidade de dois seres presentes na sala: a Senhora e o Filho...
Uma forte de energia amorosa. Intensa. Subtil. Real...Estava presente.
Circulava entre aqueles dois seres, como se fossem um único ser.

Creio ainda que o espírito confuso da Senhora, pairava na sala,
colado ao tecto, sobre aquele grupo de pessoas , que ela recusara em
vida e que agora, por amor ou gentileza, ali se encontravam à
volta do que fora a sua morada, durante oitenta e seis
anos!
Quantos pensamentos me ocorriam, meu Deus.
A precariedade da existência...
O milagre de estarmos vivos...
O sentido profundo das coisas.
O mistério do amor...
O perfume do afecto que liga mãe e filho, filho e mãe.
A partida. O corte. O desenlace. A separação.
As alegrias de agora, livre do invólucro perecível, poder a
Senhora deslocar-se mais livre do que o pensamento.
Sem doença. Sem dor. Sem solidão. Sem ausências dolorosas.
Sem receio nem temor da morte, já vencidos!
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Hoje...foi um dos dias mais longos da minha vida.
Rico em lições . Vivências. Reflexão. Amor e... uma certa tristeza.
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Para nós ocidentais, saudade e separação.
Para os crentes orientais, o dia da libertação.
O dia em que tudo de mais autêntico começa na nossa vida.
As alegrias do grande encontro na eternidade, caminho de luz?
A visão celestial dos anjos que povoam nossos sonhos de criança
inocente?


Hoje, foi um dos dias mais longos da minha vida.
Um buraco no tempo...

… e a Senhora coberta de odorosas flores …
...única companhia que naquele jazigo de família, fenecerão
dentro de alguns dias...

...e a Senhora sempre viva, pulsando no coração daqueles que
amou e em que circula o sangue que é seu e...se perpetuará!

Quem sabe, apenas no coração do seu Filho...
Hoje...foi um dia estranhamente longo.
Um dos mais longos da minha vida!

linmare@edicomail.net
lucinda.umaponteparaoinfinito.blogspot.com