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sábado, 26 de maio de 2018

PRIVAÇÃO


Textos e pretextos




PRIVAÇÃO



O que a maioria de nós leva para o relacionamento não é a plenitude, mas a carência. A carência implica uma ausência dentro de si... A carência é uma força poderosa, capaz de criar ilusões poderosas. Ninguém pode realmente entrar dentro de você e substituir a peça que está faltando. Deepak Chopra






·      A falta do amor. De auto estima. De compreensão. De de tudo aquilo que dá sentido profundo à vida, cria um vazio. Uma dor. Uma revolta. Uma carência intensa. Um  desalinhamento tal, que  leva ao homem a buscar o PODER desesperadamente. para colmatar o buraco negro onde se perde, dentro de si mesmo!

·      Viaja por mares e continentes, busca sem sossego, para encontrar a solução, para esse desespero triste e insuportável que é a carência.

·      Verdade se diga, que essa fuga ainda se torna mais assustadora, porque mais afunda o indivíduo, que assim se afasta da sua missão e do seu centro e de quem é realmente.

·      Deste modo, o homem foge das suas emoções. Desvaloriza-as.  Relativiza tudo e torna-se um “durão”. Um valente. Alguém que ninguém poderá atingir, porque ele é superior a tudo e a todos...

·      Cavaleiro andante, nunca pára. Invencível. Vive mil aventuras. Aguenta tudo. Forte. Valente e duro, suporta tudo o que vier, com o sua máscara ancestral!

·      O que é que ele busca?
·      Aventuras. Fama. Glórias. Imortalidade. 

·      MAS…quando fica sozinho, aquele imenso vazio. O buraco negro no seu peito, dói como um estigma permanente que consome em silêncio.

·      È neste momento que muitas estrelas famosas, ou outros seres humanos, no auge do sucesso,  se suicidam!
 Não têm sentido para a vida. Apesar de toda esta fachada brilhante, não aguentam o peso da solidão mais íntima, perante si próprias.

·      Nesta situação e ao ter consciência desta realidade, qual será a solução e o que fazer?

·      Parar. Compreender que esta realidade é a prova que viemos passar  uma prova real , nesta densidade , e que tem que ser vencida correctamente.

·       Conhecer que o preço da existência, traz esta vivência dual. Isto é, há momentos belos. Bons, mas…Também há o outro lado da medalha, que tem que ser experienciado.

·      Não temos que tentar ser mais do que os outros. Temos que ser mais de nós próprios!

·      Aceitar o que custa, como algo que temos que passar, como desafio de todos os humanos.

·      Queremos mais amor?
 Temos que dar mais amor . 

Queremos mais compreensão?
 Temos que tentar saber mais de nós mesmos. Compreender os outros também.

 Procurar compreender a mecânica da auto estima. Trabalhá-la.

·      Sobretudo, ligar-se à Fonte. Entregar-se, sem orgulhos despropositados .
. Confiar mais nesse Poder Infinito que existe dentro de TODOS nós, sem excepção, e que emana da Criador. Do Universo. 

·      Olhar uma flor desabrochando. Agradecendo cada momento, em que estamos vivos e com possibilidades de evoluirmos. De sermos felizes, sem complicações, usufruindo riqueza. 

Trabalhando com prazer, fazendo do que gostamos de fazer, como se fosse uma distracção agradável. Partilhando o que temos e somos, com alegria, sabendo que quem semeia, colhe!

·      Perdoar, pois o contrário é sinal de estupidez, pois só nos faz mal o ressentimento e o rancor.
·      Agradecer tudo que temos! Fixar - se nas coisas boas possuídas, abandonando a ideia das que pensamos que nos faltam.
·      Conexão com o grande Espírito. O grande Arquitecto. Deus. O Universo. A Luz, seja com o que for que nos eleve, tire da miséria da maldade, da vingança, do poder desmedido e ambicioso, do orgulho ignorante de se comparar com os outros e querer ser mais do que o vizinho, enfim tudo o que muito bem o nosso íntimo sabe que não é correcto e só nos faz mal. Nos afunda e faz infelizes.

·      Dar mais do que se recebe. 
Todos os dias, fazer o balanço, dá uma sensação de  bem estar que vence todas as carências!

·      De que estamos todos à espera, queridos amigos, sobretudo os mais tristinhos e revoltados ?

·      E  sobre a carência básica….
Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.Mahatma Gandhi
Coimbra, 26 de maio de 2018
Lucinda Ferreira

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Expectativas

Textos e pretextos 
Expectativas    
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Excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração. Martha Medeiros





expectativa é a mãe de muitas trapalhadas. Desgostos. Fugas de energias. Confusões. Desânimo. Decepções. Encrencas…

A expectativa é filha da ilusão. Do controle. Da manipulação. Da não aceitação. Do comando. Da negação da liberdade do outro. Da atitude de falsa protecção, nascido no “Quero. Posso e mando”. Da previsão do que vai acontecer…

A expectativa gera cobrança. Irritação. Descontentamento. Discussão. Desentendimentos. Rupturas. Desilusão. Ingratidão.

A expectativa rema contra a maré, isto é, o fluxo da vida que ninguém consegue deter. Que ultrapassa tudo e todos. Leis do Universo que não admitem ser contrariadas e são mais fortes do que a fragilidade de qualquer humano, qualquer que seja a sua presunção.

A expectativa recai sobre tudo e todos!

A pessoa que alimenta expectativas é necessariamente competitiva. Calculista. Mesquinha. Está sempre programada. Egoísta. Alimenta ressentimentos. Não suporta ser contrariada. Não fica grata por nada, já que acha que tudo lhe é devido. Tem super auto estima. É a maior. Acha que tem direito a tudo e mais alguma coisa.

É um “atributo”que se encontra desenvolvido nos políticos! Se não tiver expectativa = ambição, como pode ser político?

Por causa da expectativa o ser humana está sempre descontente. Incompleto. Insatisfeito e triste. Acha que tem sempre direito a muito mais. Se o outro tem, “por que razão é que eu não tenho”, pergunta-se, desgostoso, quase revoltado e com raiva. “Mereço menos do que o outro”?!

Como tem expectativas a mais, acha sempre pouco aquilo que tem. Não repara, nem contabiliza o que lhe é oferecido. Muito menos agradece, mesmo quando a vida já lhe deu tanto!

Só olha para o que não tem. Nem goza e usufrui, tudo de bom que possui. Não agradece nunca!

Nunca sente que recebe, pois acha que tem direito a tudo e muito mais, dentro do espírito de exigência, que raramente corresponde ao que esperava. Daí viver infeliz. Descontente em permanente decepção.

 E por que havia o Universo de satisfazer os seus caprichos e ambições, se não o conquistou, nem atraiu
com a sua vibração energética?
Se nada semeou, como quer colher?

Agora vamos inverter esta atitude da expectativa…

O supremo amor é aceitar o outro como ele é.
O que gera as discussões, as separações, os mal entendidos são as expectativas.

Deus ama-nos tal como somos!

Por que havemos de insistir na atitude contrária, colidindo com a liberdade e o respeito pelo outro?

Homens e mulheres pretendem encontrar nos companheiros, modelos que construíram nas suas cabeças. Quando não corresponde ao que previram, não aguentam. Divorciam-se sem se questionar estas verdades simples e o exercício de se mudarem a si mesmos, para que o outro mude também.

Isto claro, quando há amor, porque se foram movidos pelo interesse e egoísmo, estas coisas são impossíveis e não ocorre reconciliação. Separam-se, na ilusão de cruzarem outra pessoa que se submeta às suas exigências, porque não quiseram mudar. Ir à raiz da questão. 
Disponibilizarem se para resolver o desentendimento com cedências mútuas.
“As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objectivos comuns, alegrias e vida.” Desconhecido

Entrar no fluxo da vida. Nada se desejando e tudo se agradecendo, como uma dádiva. Um presente que se acolhe com alegria e se valoriza, torna todos mais felizes. Muda o espírito da expectativa, filha do ego.

Sente-se que tudo o que vida nos deu, incluindo as pessoas, são bênçãos que valorizamos sem competições. Sem esperas eivadas de rigidez e imposição (ainda que veladas…)

Coisas maravilhosas com que não se contava, já que nada se esperava, acontecem! Nasce uma profunda gratidão de onde brota alegria nas situações mais simples. Os elos se reforçam.

Talvez valha a pena equacionar estas posturas…

Mudar o que for necessário, como sinal de grandeza compassiva, levados pela inteligência do amor!

Viver é deixar fluir a essência daquilo que somos em meio à turbulência que nos cerca, sem temores ou ansiedade. Ao permitir que aquilo que sentimos complemente nosso lado racional, criamos a fusão que resulta no equilíbrio entre nosso interior e o mundo à nossa volta.

Lucinda Ferreira

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Carta a uma Amiga!

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Carta a uma amiga…
Aquele que conhece a arte de viver consigo próprio ignora o aborrecimento. IsErasmo




Querida Solidão:
Quando todos nos abandonam, tu és a fiel e presente amiga, que nunca desapontas. És sólida e igual a ti. Não enganas ninguém.

Sabes quanto se chora às escondidas, por abandono e tristeza, dos que professam a mesma Fé. Dos que se favorecem em situações diversas, e que perdem a memória dos afectos e do reconhecimento carinhoso.

Ajuda-se o outro/a com todo o coração, com genuíno amor e espontaneidade, mas a gratidão não é cultivada. Até deixam de conhecer quem lhes perfumou a vida. Usam e abusam da credulidade. Pureza. Disponibilidade. Desinteressadamente a Solidão, essa é segura. Todos se escondem na poeira do tempo.

Enfeitam-se as pessoas com as nossas projecções, o que nada tem a ver com elas, daí que a Solidão tem sempre razão.

- Sabes hoje, o quanto és importante para mim. Quanto te amo. Venero!

Quando Anne Frank dizia que somos terrivelmente sós , quando não somos particularmente importantes para alguém, eu ainda não sabia, como é gostoso  conviver ‘eu com eu’. 

É muito melhor do que viver com alguém, e estar ainda mais só!

Aliás, entrar em contacto connosco, só traz benefícios.
Segredas isto e muito mais ao ouvido, mas dificilmente te aceitam.

Batalhamos pelos que amamos e nesse gesto já temos todo o retorno da alegria do bem-fazer.

 Deserto é sempre deserto, onde nem um olhar ou um abraço têm cabimento, mas o tempo flui.
 É professor. Acaba por se descobrir o encanto e ternura de uma flor abrindo. Da carícia de um animal. Do som da Harpa quando o vento bate na janela do quarto.

Depois de muito lutar, venceste, querida Solidão!

Hoje, como te busco. Prefiro a tanta hipocrisia. Barulho. Confusão. Aparências e mentiras, já não preciso de te dizer.

Muita gente pensa que a produtividade, a alegria, a criação artística e não só, nascem no obrigatoriamente sociável.

Não sabem eles, que a Solidão é tão necessária como o ar que respiram, para que esses estados de espírito aconteçam e a luz possa brilhar no fundo do ser.

Todas as mentes mais brilhantes escolhem a Solidão!

Concordamos que as longas conversas são entediantes.
Para não quebrar a dinâmica do grupo, ter que suportar as crenças do grupo, é duro. Silenciar o pensamento próprio e original, para ser aceite, custa.

A sociedade ocidental que privilegia a pessoa activa à contemplativa, insiste no trabalho de equipa, desprezando a contemplação e autoconhecimento.

 A percentagem de infelicidade e descontentamento está em tudo isso. Se não és sociável (?!), até vêm com a história triste do psiquiatra, que entorpece com drogas cheia de efeitos secundários, de um qualquer laboratório amigo.

Mas casar mais tarde, a grande percentagem de divórcios, a longevidade, incentivam à Solidão voluntária, muitas vezes, até como um luxo.

Andar pela casa à vontade, mudar de canal da TV sem teres de negociar, comeres apenas quando te apetece, saíres e demorares o que precisares, cair na cama sem ninguém que ressone ou te incomode, dormir no sofá, improvisar planos sem explicações complicadas, viver relações com mais qualidade, não por imposição, mas por extrema satisfação, sem apego e verdadeiro amor, tudo isso a Solidão oferece.

Facilita ainda,  o desenvolvimento da empatia, numa extensa rede social. A bondade genuína sem constrangimentos. A aceitação. A valorização e estima do outro, sem interesses e egoísmos camuflados e muita raiva, revolta à mistura.

É no deserto onde se pode ser totalmente livre. Sem medos, reencontra-se o indivíduo inteiro.

E em paz consigo mesmo. Isso é saudável e reparador.

Sabes, querida Solidão, as pessoas fogem do seu interior. Não querem mudar, por isso nem sequer contemplá-lo, lhes apraz. Não querem saber quem são. Vivem na ilusão. De aparências. Nas competições. Acham se uns lírios. Nunca assumem responsabilidades. Culpam tudo e todos pelas suas dores e contratempos.

Quanto menos estão sós, mais difícil é ficarem sós.
 Dizem:

 - Interioridade é lá para os orientais. Meditação. Oração. Perdão é para “beatas” e para a  Seicho-no-Ie


Responde serena a Solidão:
- Todos acabam por vir bater à minha porta. Nasces sozinho e morres sozinho. Ninguém pode fazer essas coisas por ti, mesmo que estejas sempre muito acompanhada e no “laró”.

- Sabes, querida Solidão, sinto-me mal no barulho.

O espaço solidão é um bálsamo para fazer contacto consigo mesmo. É nessa contracção que se recupera o equilíbrio. Se for na Natureza, o prazer redobra. Recuperar a necessidade contemplativa é imprescindível, para compensar a hiperactividade destrutiva, que grassa na alienação geral!

- Somente quando se tolera o tédio e o vácuo, se é capaz de desenvolver algo de novo. Desintoxicar de um mundo compulsivo, cheio de estímulos e comandos, que constantemente tiram a pessoa do seu eixo. Uma sobrecarga informativa carrega em si muito lixo.

As crianças são as grandes vítimas. Os pais alucinados. Irresponsáveis, deixam nos entregues aos i pad’s, televisões, telefones, cheios de radiações perigosíssimas, em vez de brincarem com eles, em casa ou na Natureza. Não sabem estar sós. Tranquilos.
)
As crianças super activas e destrambelhadas com tanta violência veiculada, sem discussão e análise, com os pais, acabam, elas também, na violência. Crime e comportamentos desviantes.
(Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos. Pitágoras)

A base da criatividade. Inovação e liderança assentam na solidão.

Depois de um dia stressante no serviço. Redes sociais. Telefones, só a Solidão oferece o repouso capaz de curar.
É de extrema urgência criar oásis de silêncio. Isolamento e fazer as pazes consigo. 
 Minha amiga querida Solidão, amo-te.
Sou - te grata por tanto que me tens dado.
 Peço perdão por nem sempre ter sido assim o nosso relacionamento, pois hoje sei que…
"A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais". Arthur Schopenhauer


 Coimbra , 7 de Maio de 2018 
Lucinda Ferreira

quarta-feira, 2 de maio de 2018

A grande ilusão!


Textos e Pretextos 



 A GRANDE ILUSAO!
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A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus. Pitágoras





Quando era mais jovem e até mesmo já em criança, ficava angustiada com a questão da perfeição.

 Que grande ilusão! Como se entre nós , ela fosse possível,  como atributo dos humanos…

Ser perfeccionista é algo que nos torna infelizes. Deprimidos. Ansiosos. Stressados.
As expectativas que se criam são intangíveis. Nunca ninguém lá conseguiu chegar.

Quem assim pensa, retira todo o valor ao que julga que não é perfeito. Pode-se ser muito injusto.
E isto por que razão? Por que a perfeição não existe em ninguém, na Terra!

Deus e o Céu são perfeitos, mas nós nem por isso.

E haverá um motivo?

Nascemos para vivenciar a densidade, e na liberdade de que dispomos, estarmos atentos para fazer o nosso melhor.

 Somos imperfeitos em busca de um caminho de evolução.

Não em competição com os outros, mas dentro de nós, tentando avançar de acordo com as nossas possibilidades, o melhor que somos capazes, sem stress. 
Estabelecer um “conflito” saudável, dentro de nós. Aceitar a nossa imperfeição, fazendo as pazes com a nossa pequenez e limites, no capítulo do ser. Da nossa essência.

Nunca precisamos praticar a auto-limitação, nem a baixa auto-estima, que não são humildade. Isso seria um insulto ao Criador que nos concebeu, mas antes, conhecer a nossa condição de caminhantes da Luz e do Amor, sem pretensões, nem ilusão!

Há um binómio, esse sim, a respeitar:
1 . Fazer sempre o melhor que sabemos, aquilo que nos diz respeito, com entrega e entusiasmo, se possível, pois tornam-se mais fáceis e agradáveis as tarefas, a realizar. Isto acontece normalmente,  com muita naturalidade.

2 – Tudo aquilo em que nos implicamos, leva sempre a marca da nossa responsabilidade e  adeus , perfeição tirana e antiga ilusão de algo que não existe. Esta atitude nos traz a paz.

…e dormiremos tranquilos connosco e com os outros, pois nos tornamos mais tolerantes.
 Humanos e compassivos, aceitando a nossa imperfeição e a dos nossos irmãos, concidadãos  do Universo.

Aliás a reclamação, constante e por sistema, é uma fuga de energia que muito prejudica a quem a pratica, sempre nesse espírito, além de azedar o ambiente.

Havemos de voltar a este assunto.

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito. Fernando Pessoa


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Coimbra, 2 de Maio de 2018 
Lucinda Ferreira