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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Ode a uma Árvore Especial

ODE  A  UMA  ARVORE   ESPECIAL

Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.
Tom Jobim


imgs net

Não sei se ela era uma Irmã

Uma Filha querida

Mas sei que era uma Amiga

Quando acordava

Olhava para ela

Muito gostava de a ver

Fazia me companhia

Alimentava a ilusão

De neste sítio viver

Como quem não vive num deserto

Numa prisão…

Quando roçava na parede

Gemia
(...Não sei se adivinhava a sorte que esperava)

Em frente da minha janela

Bailava graciosa

Lembrando o mar

E eu adormecia

Embalada por ela

Às vezes, vestia- se de flores

Outras, muito verde

(Elegante. Pudica. Nunca ficava nua.

Talvez por viver na rua…

Ou por amor às aves

Que a escolhiam florida. Colorida. E nela pousavam

Repousavam. Cantavam

E… artistas. Felizes me saudavam…)
.................................................
Ou acastanhada, aparecia pintada

Em seguida, que surpresa

Sugeria um banquete

Lauta mesa

Plena de frutos verdadeiros.

Pendiam os primeiros

Mais a cima, quantos pendurados

Verdes. Acastanhados. Dourados…

Por ali acima, até aos cimeiros…

Mas…

Um dia, a desgraça bateu à porta.

Comecei a cismar.

A ficar triste…

Para não me inquietar

Tinha que a cortar!

Gritou dentro de mim o coração:

“Não podes cometer essa traição”!

Tantos anos a crescer

Para assim agora

Sem dó nem piedade

A bela ser morta.

Cortada?!

Morrer?!

Frente à tua porta?!

Mas tinha que ser…

“Razão de estado, em nome da paz”

Como (em Coimbra,)  Pedro e Inês

Inveja mordaz

Ou maldade feroz

Tanta pressão assim quis. Assim fez.

Só Deus sabe...

Por terra, a pobre jaz.

Olho para ela no chão

Chora em silêncio o meu coração.

O tronco rolando

Depois será Cortado. Queimado

Olho o vazio

Ali do meu lado

E sinto a dor de a ter cortado…

Aquela sorte

Não merecia a minha amiga,

Uma tal morte

Até a raiz expurgada

Para não teimar e viver

Pois se crescer

Destino maldito a espera

O mesmo padecer

E eu impotente

Não a poderei defender, a minha querida

Alimentá-la. Regá-la. Depois… Vê-la morrer

Matá-la?!

Nunca mais pode acontecer!

Maldito seja o prazer de destruir.

De não ter

Nem deixar possuir.

Não pudeste viver

Não te deixaram ser

Não aguentaria, tornar a ver te cair.Sofrer

Minha amiga, minha Árvore querida!
(Amo-te sempre , mesmo que já não te possa  ver)
Lucinda Ferreira
27.11.17