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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Querem conhecer o Lobo Mau de Oñati?


O Senhor Lobo Mau de OÑATI


Chegámos a Oñati já tinha caído a noite.
Não se viam muitas pessoas na rua, mas um casal parara junto a nós para nos ajudar.
Até tivemos algum medito por não estarmos a habituados a tanta delicadeza.
Nunca nos deixaram, até termos chegado ao nosso destino final.
Foi logo assim o nosso primeiro contacto com esta Terra, que não podemos esquecer. uecer..……………………………………………………………………………………………..
Em frente ao meu quarto havia uma floresta verde, verde, verde.
Parecia mesmo que as árvores entravam pela minha varanda.
Ao cair da tarde, aquele lugar mágico, era povoado pelos pios de algumas aves que aproveitavam para festejar a vida, o encontro.
Vindas de todas as paragens, juntas a cantar , cantar, cantar..
Havia também na floresta, uma capoeira com Galinhas e um Galo.
Mal o sol rompia, o Senhor Galo, dono e chefe da capoeira, simpaticamente saudava toda a gente que morava ali à volta .
Nos primeiros dias da nossa chegada, nem queria acreditar, que o Senhor Lobo Mau que ali morava, como dizia o meu neto Dani que tem 2 anos, pudesse governar e gerir tão bem, toda aquela bicharada.
Mas na verdade, o Lobo Mau da Floresta de Oñati era mesmo um lobo especial.
Não fazia mal aos meninos, porque como eram vizinhos e estes se portavam bem, conheciam-se e eram todos muito amiguinhos.
Aliás os meninos ali à volta, portavam-se sempre mesmo muito bem.
Comiam a sopa toda, não faziam birras, tomavam banho e obedeciam às sugestões e ás horas marcadas pela VóVó.
Sabiam eles muito bem que o Senhor Lobo era amigo e protegia todos os meninos bem comportados, mas pelo sim e pelo não, tinham que se portar muito bem. Nada de abusos…Nunca se sabia se o Senhor Lobo se podia zangar de repente.
E assim viviam todos felizes.
Os meninos cresciam em paz, obedientes, muito animaditos e sempre muito estimados, bem amados pelos seus familiares e vizinhos...
Nos estabelecimentos diversos, havia sempre um rebuçado ou um doce para as Crianças.
De vez em quando, os meninos e as meninas , de mão dada com a Vóvó, iam para cumprimentar o Senhor Lobo, mas ele estava sempre tão ocupado que nunca o chegavam a ver, embora tivessem a certeza que ele vivia ali mesmo ao lado, naquele floresta.
Essa protecção dava-lhes segurança.
Reforçava ao mesmo tempo, o respeito que crescia dentro dos seus coraçõezinhos.
Aliás Oñati era uma cidade particular que crescia num vale entre montanhas. Mal acordava, a cidade espreguiçava-se. Esticava os braços que tocavam logo o outro lado da montanha.
As flores cresciam. Enchiam de cor os jardins e os balcões enfeitados das velhas casas morenas, de pedra, brasonadas a falar de tantos que por ali já passaram e amaram aquele lugar quase sagrado.
Os homens, pais e avós, lenta e calmamente, empurravam com carinho atencioso, os carrinhos de bébés que se viam por todo o lado.
As pessoas ao cruzarem-se , saudavam-se cordialmente e sem excepção. Ajudavam-se uns aos outros com gentileza e disponibilidade.
Nunca vi guardas, nem polícias.
Talvez tudo isto, porque o Senhor Lobo Mau da floresta de Oñati é que estabelecia a lei local.
Todas as pessoas desde muito pequenas, sabiam bem que havia regras para cumprir. Isto ia passando de pais para filhos . Respeitando-as tudo correria bem!
Cada um fazia o sei trabalho o melhor que podia, para ajudar o seu vizinho e todos viviam em paz. Unidos.
Tudo estava muito limpo. Havia pouco trânsito, o que facilitava a vida das pessoas que se encontravam no jardim para conversar, quando estavam livres ou então os mais velhos já libertos das suas tarefas, nunca se sentiam sós.
Oñati era plana e havia rampas por todo o lado para facilitar a vida de quem disso necessitasse.
Um lago com cisnes e patos, acolhia também pombas e pardalitos, que em feliz convivência, tinham as suas refeições abundantes, garantidas, tudo a horas certinhas.
Algumas vezes, víamos uma senhora que pontualmente, trazia uma saquinha com miolo de pão e legumes cortados para dar aos animais.
A água cantava de pedra em pedra. De vez em quando , os patos mergulhavam e iam namorando. Ali mesmo, à vontade, perante os meninos e meninas que com seus pais ou avós, iam observando a vida e faziam perguntas, num diálogo calmo e natural.
Uns patinhos muito marrecos e desajeitados entravam e saiam das cabanas para escorregarem até ao lago e logo começarem a deslizar rápidos.
E os meninos encantados, atiravam-lhes comida e sorriam ao ver os patitos ligeiros mergulhar como se fossem brinquedos de corda, só que aqui eram mesmo patinhos verdadeiros.
Todos os dias de manhã, quando o sol entrava farto e luminoso pela nossa portada da varanda, saímos contentes para saudar em coro, o nosso vizinho:
- Bom dia, Senhor Lobo Mau!
Queremos desejar-lhe um muito bom dia.
Depois, ficávamos muito quietos e caladinhos a escutar o eco que nos respondia, na ramaria verde que tremia e trazia uma aragem nova.
- Bom dia, meninos. Portem-se bem que é para serem lindos e crescerem felizes - imitava a Vóvó com voz grossa.
Ela já tinha visto o Lobo Mau quando era pequenita . Sabia que este era amiguinho e até protegia os meninos de Oñati.
Quem vinha para aqui , aprendia muito cedo a respeitar-se e a respeitar o Senhor Lobo Mau que era bonzinho, mas não gostava lá muito de abusos.
Alguns meninos, como sabiam que ele era uma boa pessoa, diferente do Lobo Mau do Capuchinho Vermelho, às vezes não se portavam lá muito bem, mas rapidamente retomavam o bom caminho, porque não queriam saber e ou ver zangado o Senhor Lobo Mau. Nunca se sabia se ele podia vir a fazer uma partidinha das suas.
Todos os meninos de Oñati sabiam da existência do Senhor Lobo Mau, ali na floresta e os que não sabiam, iam à Escola , na Casa da Torre, do Jardim Público.
Aí funcionava uma Escola-Atelier para os meninos, filhos de emigrantes que iam chegando. E até lá havia também meninos idos de Portugal.
Aí aprendiam a falar o dialecto local, jogos e contos que homenageavam o Senhor Lobo Mau da floresta de Oñati, que mesmo nós , nunca mais vamos esquecer.
Aliás é uma figura tão especial que até gostaríamos de o convidar a vir à nossa cidade.
Achamos que de vez em quando, conhecer pessoas como o Senhor Lobo Mau, até pode ser interessante por todas as razões que vamos descobrindo à medida que crescemos.
Não é mesmo assim , caro leitor?