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domingo, 30 de setembro de 2018

A casinha azul...

A casinha azul

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A alegria
Sorriso da manhã
Na forma dos teus lábios
Flor abrindo
Na fenda da montanha…
Envergonhada
A casinha azul
Escondeu-se a medo
Ramaria da serra
Passavam
E… Espreitava
Raio de luz
Brincava
Lábios vermelhos
 Tardes cálidas
Brisa nos cabelos do mar
Ondulava
Na estrada de luz
E a casinha azul esperava
Quem não voltava
Mistério e saudade…

Coimbra, 21.9.18
Lucinda Ferreira

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Tempo


 Tempo
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Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.Dalai Lama



Na minha última viagem ao Canadá, onde passava temporadas, ligada à rádio, imprensa e outras actividades apaixonantes, visitei o Museu da Ciência, em Toronto.
Imensas apresentações de um interesse inesquecível.
Logo à entrada estavas a representação do Planeta Terra e a simulação do que estava a acontecer, com a inclinação do seu eixo, ocasionando por isso mesmo, o encurtamento dos dias.

Na realidade, já há muito que sinto, que o tempo, navio que nos conduz à eternidade, voa num ápice.
É manhã. De repente é noite. È segunda-feira. De repente é sábado. É Primavera. De repente é Inverno.
Fiz anos há dias. De repente estou de novo, a ter um novo aniversário…

 E não sou só eu a ter esta percepção.

Enquanto decorre a Juventude, ninguém sentirá isto. Muitas actividades aliciantes encobrem o fenómeno da rapidez da passagem do tempo, mas com o passar da vida, esta consciência vai emergindo mais vincada.

Aliás, não se parte de uma única vez. Vai-se partindo aos poucos, já que sabemos, que cada dia que passa é menos um dia para viver, e o fim se aproxima. Há um momento em que sentimos que estamos mesmo partindo, por esse sentimento fugidio se tornar mais intenso! E até ao vermos partir os amigos e os familiares, isso também se acentua.
O bebé nasce e passa um ano. Pois já tem menos um ano para viver!

Como nunca sabemos quando partiremos, quando menos se pensa, isso acontece… Ora se viveu mal, parte-se com um sentimento amargo.
Será que aproveitámos bem o tempo que nos foi concedido?

Na realidade, as novas tecnologias e as redes sociais são uma tentação, que  vicia sem dar por ela.
O computador é o que consome mais tempo das nossas vidas. O I pad e o telefone, com todas as sofisticadas funcionalidades, sempre a assinalar que alguém está do outro lado, nem se fala!

Na rua, vemos as pessoas ao telemóvel.
Os acidentes de automóvel que acontecem, devido ao facto do telemóvel ocupar a atenção do condutor, nem se fala. Nem à mesa, escapa o emprego constante do telemóvel, num desrespeito absoluto, por esse lugar  sagrado, em que muitas vezes, apenas uma vez por dia , se encontram as pessoas da casa (já nem sei se família (...). Num grupo familiar entre pais , filhos , netos e avós , então brada aos seu céus. Todos estão ocupados com os ausentes. Ninguém comunica entre si.

Se os mais velhos também não estão teclando, o mais certo, estão mais tristes e sós, que se estivessem ali sem alguém, pois na realidade, estes não estão ali!

Na rua, acontece o mesmo. Todos caminham de telemóvel no ouvido, conversando e falando em alta voz. A atenção ao momento presente é impossível, embora seja o mais importante para termos consciência por tudo o que somos os únicos responsáveis.
Os diferentes sons de chamada, nos actos de culto, ou nos sítios mais incríveis, incomodam toda a gente.
Enfim, os efeitos das radiações com os seus prejuízos, a dispersão, o desgaste de energia e o facto de se ser comandado pelos outros, não inibem as pessoas de se dispersarem a todo o momento, em todos os lugares.

 De qualquer modo, o que acaba por ser pior é a desorganização. O desgaste e a perda de tempo, que não é usado no essencial,  o que causa um empobrecimento humano inimaginável para a maioria que nem sabe o que veio fazer a esta dimensão, Terra!

A disciplina torna-se por isso, imprescindível.

Alucinação. Adição. Dispersão. Inconsciência alastram, sobretudo nos mais jovens.
Onde está o tempo para a reflexão?
·      Para o autoconhecimento?
·      Para a leitura?
·      Nos menos jovens, para ajudar e ver crescer os filhos? Amar o seu cônjuge? Centrar-se nos seus objectivos?
·      Para viver a sua própria vida, sem se deixar usurpar, num dos privilégios mais importantes que lhe concedido: o tempo?
·      E por razões de saúde e pelo que todos sentis em vossas vidas, que nem precisamos referir.
…………………………………………………………..
·      Claro que é bom e necessário comunicar. Naturalmente, que a internet é algo precioso em nossa vidas e até profissionalmente, mas tudo sem ser compulsivo. Viciante, sem dar exemplos ao mais pequeninos, que já embarcaram também nessa prática.
·      Coitadinhas. Já nem sabem brincar. Já não jogam à bola, nem ao pião. Nem à macaca, nem ao lencinho, nem aos reis e às rainhas, nem à cabra cega…. Já não vão ao jardim, andar de bicicleta. Os pais e os avós e sei lá quem mais, dão-lhes telemóveis. Consolas. I pad, sem qualquer controlo, num acto criminoso. Assim como, pôr bebés, frente à televisão, para não serem incomodados. Poderem beber o seu Uísque. Ler o jornal ou (…) teclarem eles também, nas redes sociais e até jogando … etc ....etc … etc…

·      A família desaparece. Ninguém conversa com ninguém. Não há laços entre quem vive na mesma casa.

·       Os pais levam os meninos para as creches para se desembaraçarem daquele frete.Eles retribuem mais tarde: levam os pais idosos, para os lares para aí morrerem, na solidão afectiva mais cruel.

·      Tudo isto para termos a consciência, que a vida voa!
·       De repente, a licença acaba e tendo vivido como acéfalos. Descontrolados. Desequilibrados. Sem qualquer opção espiritual, em vez de evoluirmos, involuímos.

·      Que herança deixamos aos que nossos vindouros, tendo os deixado ver filmes de violência, sem comentarmos com eles absolutamente nada, porque não tivemos tempo?..

·      O tempo torna-se o valor mais precioso, que podemos oferecer a quem amamos de verdade!

·      Sem conversarmos com as crianças, nem brincarmos, porque não tivemos tempo. Sem termos conversado à mesa, ou mesmo quando iam dormir, também nenhum valor lhes transmitimos aos vindouros, porque gastámos mal o tempo, que contas daremos deste bem precioso : o tempo de vivermos?


·      ………………………………………………………
·      Sem mais palavras fica apenas uma suave advertência , em forma de aviso…
Poema de João de Deus
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura num momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!
Coimbra, 25 de Setembro 2018 …..Lucinda Ferreira

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.Fernando Pessoa

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Testemunhos.....Carta de um sacerdote católico ao New York Times

      



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NOta:

 Neste meu blog não costumo publicar algo que não seja meu, mas este texto tocou o meu coraçao pela seu alcance ,  veracidade  e  necessidade de sermos justos nos  nossos juízos...
!"Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra".





Assunto:  Carta de um sacerdote católico ao New York Times


Partilho este testemunho deste missionário em Angola
Eugenio, frei


Caro irmão e irmã jornalista:

Sou um simples sacerdote católico.
Estou feliz e orgulhoso da minha vocação.
Há vinte anos que vivo em Angola como missionário.
Vejo em muitos meios de informação, sobretudo no vosso jornal, a ampliação do tema dos sacerdotes pedófilos, com investigações de forma mórbida sobre a vida de alguns sacerdotes.
Falam de um de uma cidade nos Estados Unidos dos anos '70, de outro na Austrália dos anos '80, e seguida de outros casos recentes... 
Certamente isto deve ser condenado!
Veem-se alguns artigos de jornal equilibrados, mas também outros cheios de preconceitos e até de ódio.
O facto que pessoas, que deveriam ser manifestação do amor de Deus, sejam como um punhal na vida de inocentes, provoca em mim uma imensa dor. 
Não existem palavras para justificar tais ações. E não há dúvida que a Igreja não pode deixar de estar ao lado dos mais fracos e dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a proteção e a prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.
Todavia, cria curiosidade a desinformação e o desinteresse para milhares e milhares de sacerdotes que se gastam para milhões de crianças, para muitíssimos adolescentes e para os mais desvantajosos em todo o mundo! 
Considero que, ao vosso meio de informação não interesse saber que, eu em 2002, passando por zonas cheias de minas, tenha devido transferir muitas crianças desnutridas de Cangumbe para Lwena (em Angola), porque nem o governo se importava, nem as ONG's estavam autorizadas. E penso que também não vos importa que eu tenha tido de sepultar dezenas de criancinhas, mortas na tentativa de fugir das zonas de guerra ou procurando regressar, nem que salvamos a vida a milhares de pessoas no México graças ao único posto médico em 90.000 Km2, e graças também à distribuição de alimentos e sementes. 
Não vos interessa também saber que nos últimos dez anos demos a oportunidade de receber educação e instrução a mais de 110.000 crianças...
Não tem uma ressonância mediática o facto que, com outros sacerdotes, eu tive de fazer frente à crise humanitária de quase 15.000 pessoas guarnições da guerrilha, após a sua rendição, porque não chegavam alimentos nem do Governo, nem da ONU.
Nāo faz noticia que um sacerdote de 75 anos, Padre Roberto, todas as noites percorra a cidade de Luanda e cuide dos meninos da rua, os leve para uma casa de acolhimento na tentativa de os desintoxicar da gasolina e que às centenas sejam alfabetizadas. 
Não faz notícia que outros sacerdotes, como o Padre Stefano, se ocupem em acolher e dar proteção a crianças maltratadas e até violadas.
E nāo é de vosso interesse saber que Frade Maiato, não obstante os seus 80 anos, vá de casa em casa confortando pessoas doentes e sem esperança.
Não faz notícia que mais de 60.000, entre os 400.000 sacerdotes e religiosos, tenham deixado a própria pátria e a própria família para servir os seus irmãos num leprosário, nos hospitais, nos campos de refugiados, nos institutos para crianças acusadas de feitiçaria ou órfãs de pais mortos por SIDA, nas escolas para os mais pobres, nos centros de formação profissional, nos centros de assistência aos seropositivos... ou, sobretudo, nas paróquias e nas missões, encorajando as pessoas a viver e a amar.
Não faz notícia que o meu amigo, Padre Marco Aurelio, para salvar alguns jovens durante a guerra em Angola os tenha conduzido de Kalulo até Dondo e no caminho de regresso à sua missão foi cravado de balas; nāo interessa que frade Francesco e cinco  catequistas, para ir ajudar nas zonas rurais mais isoladas, tenham morrido na estrada num acidente; não importa a ninguém que dezenas de missionários em Angola sejam mortos por falta de assistência sanitária, por uma simples malária; que outros tenham morrido por causa de uma mina ao ir visitar a sua gente. No cemitério de  Kalulo encontramos os túmulos dos primeros sacerdotes que chegaram a esta região...nenhum deles chegou a completar os 40 anos!
Não faz notícia acompanhar a vida de um sacerdote “normal” na sua vida quotidiana, entre as suas alegrias e as suas dificuldades, enquanto gasta a própria vida, sem fazer ruído, a favor da comunidade pela qual está ao serviço.
Na verdade não procuramos fazer notícia, mas procuramos simplesmente levar a Boa Nova, aquela que sem ruído iniciou na noite de Páscoa.
Faz mais ruído uma árvore que cai do que uma floresta a crescer.
Não é minha intenção fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes. 
O sacerdote não é nem um herói, nem um neurótico.
É um simples homem que, com a sua humanidade, procura seguir Jesus e servir os seus irmãos.
Nele existem misérias, pobreza e fragilidade como em cada ser humano; mas existem também beleza e bondade como em cada criatura...
Insistir de forma obsessiva e persecutória sobre um tema, perdendo a visão do inteiro, cria realmente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico e é disto que me sinto ofendido. 
Jornalista: procure a Verdade, o Bem e a Beleza. Tudo isto  o fará nobre na sua profissão.
Amigo... peço-lhe apenas isto...

Em Cristo,

Padre Martín Lasarte sdb 
“O meu passado, Senhor, confio-o à tua Misericórdia; o meu presente ao teu Amor; o meu futuro à tua Providência”.

Já não era sem tempo que chegasse uma mensagem como esta, mensagem que realmente vale a pena divulgar...
Esperemos que todos nós católicos possamos fazer como contrapeso, não apenas partilhando esta mensagem, mas com o exemplo da nossa vida.