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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Ponte dos Amores

Textos e pretextos
A Ponte dos Amores
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A terra é insultada e oferece suas flores como resposta.”Rabindranath Tagore




Após ter terminado as minhas funções de Assistente Convidada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ia muitas vezes para o Canadá, onde me divertia imenso, entre outras coisas, fazendo Rádio e Televisão, por vezes.

Para além disso, quando a minha homónima, Lucinda Ferreira, em casa de quem morava, podia, íamos até à beira do Lago, com a família ou sós.

Junto dos Lagos, é o lazer. A distracção. O passeio agradável, para além da leitura relaxada. Toda a gente deitada na esteira, na relva, ouvindo música. Namora-se. Conversa-se.

Junto ao Lago, é um local cheio de água naturalmente, limpando emoções negativas. Enfeitado de flores variadas. Encontro nos bares animados, com música e agradável convívio.

Quando regressava, aquele espaço vinha dentro do meu coração. Faltava-me. Sentia-me asfixiada.

Tudo ali era harmonia. Sol e bem-estar. Aqui em Coimbra, na minha cidade, havia alguns jardins. Parques, mas só, não seria fiável ir até lá. Poderiam acontecer surpresas.

Descia a cortina da saudade. Da tristeza. Até novo encontro, sonhava com lagos. Extensos Parques abertos. Cobertos de florinhas rasteiras. Selvagens, enfeitando longas extensões. Sem árvores. Apenas um banco ao cimo do monte, onde se podia estar perfeitamente à vontade, fazendo o que apetecesse. Olhares sem fim eram fantasia. Silêncio. Conversa com alguém amigo. Podia-se voar sem limites.

Quando chegava a Coimbra, ansiava por voltar para “aquele Alentejo” canadiano. Acolhedor. Puro.

Brampton ainda lá está à minha espera, nas
Primaveras, cheias de pétalas de macieiras bravas, deixando cair sobre quem passa, delicadas odorosas flores, como se fôssemos eternas noivas, desfilando sob a música da passarada, que abunda por ali, sem perigo de morte. (Os animais, no Canadá, são respeitados e protegidos!)

Quando o Parque Verde da minha cidade se tornou realidade, agradeci em silêncio e publicamente, essa sétima maravilha de Coimbra, à beirinha do Mondego.

Hoje, quando me sinto encurralada, dentro de mim, vou até lá. Contemplo, não “as claras águas do Mondego”, mas profunda. Escura. Pachorrenta corrente, que parece nem se mexer…
Num destes domingos, na tarde quente, o Parque estava povoado pela gente daqui e arredores, já farta de frio e alguma chuva.

Ambicionado sol cálido, convite ao passeio, num recanto lindo da cidade, atraía ricos. Pobres. Idosos. Crianças. Casais jovens. Casais maduros. Namorados, lá num recanto mais escondido, manifestando a sua ternura em abraços e beijos. Estrangeiros. Visitantes. Desportistas. Negociantes. Pessoas friorentas. Outras acaloradas. Banhistas. Gente lendo, na relva. Outros conversando e às vezes até, gente praticando Ioga.

Como não há bancos, pois há muito tempo que a enxurrada os levou e nunca foram repostos, os muros à volta do bendito Parque, estavam todos ocupados!

Um friso humano, gostoso de ver, enquanto os cães animados se cheiravam ao cruzar novos amigos. Outros aproveitavam para estender os músculos e fazer umas corridinhas.

Entretanto, fui dar a minha voltinha, dando um allo às escuras águas do Rio, na Ponte pedonal.
Aí, saudei a grande deusa Natureza, que tanto amo. Depois, fui espreitando o mundo que me acolhia.

Na Ponte, quase à pinha, era giro descobrir, flashes de grande ternura. Encantamento. Enlevo. Doçura. Coisas que só a alma observa, de uma sedução sublime, que a Palavra não alcança.
·     “Selves” apaixonadas, de dois em um, trocando carícias, sem qualquer inibição perante os passantes, ainda que voyeurs alguns deles, eram comuns naquele sítio convidativo.
  • Donas encantadas, com o cãozinho Lulu enfeitado, passeando ligeiro, pela trela, ou mesmo ao colo, aconchegado no calor íntimo de um peito jovem, havia outros quadros de uma ternura comovente.
  • Um casal muito jovem, a mãe, uma menininha que podia ainda andar a saltar à corda, segurava contra o peito (não no frio carrinho, distante o filho do calor da mãe…), o seu bebé. O pai, um jovem não muito mais velho, que a sua esposa, companheira ou lá o que fosse, olhando os dois enlevados para aquela criança que dormia serena e confiante. Não pude deixar de lhes sorrir, juntando me à sua cumplicidade enternecedora e carinhosa, toda feita de surpresa. Admiração e encantamento.
  • Mais à frente, cruzava com um par enamorado. Alheio ao mundo dos passantes.

Deixá-los sonhar, enquanto podem.

  • Passava agora, um grupo de estudantes de leste, conversando animadamente.

  • Um fotógrafo curioso, retinha com sua máquina de lentes de grande alcance, a magia deste recanto ímpar. 

  • Lá pelo meio, andava no ar uma “cantata”, com sotaque brasileiro, dos muitos cidadãos que passavam descontraídos. Animados, como sempre. 

  • Uma senhora já com alguma idade. Produzida. Com sapatos de salto fino e bem altos, era quase levada ao colo por um rapaz bem mais novo, todo feliz com a sua conquista. Sabe-se lá com que intenções ou não… 

  • Os patos e as gaivotas gozavam a liberdade de existirem, esperando umas migalhitas dos humanos.

Os bares, à beira rio, que as cheias silenciaram, foram substituídos por um carro ambulante, fornecendo bebidas, comida, sem ter mãos a medir, aproveitando a não concorrência.

E eu, na Ponte dos Amores, parada, olhava o imenso do céu muito azul, como um manto protector, enfeitado com farrapinhos de tule brancos…

Lá no alto, a velha torre da Universidade, vigilante e atenta, guardando a cidade brilhante, do perigo da ignorância, que é uma das coisas mais tristes que existe.

O sol escondia-se lentamente. Povoado de sombras o verde que já desponta, recolhia-se na noite. Silhuetas da Natureza desenhavam-se no espelho Mondego!

Eu despedia me com gratidão, daqueles momentos calmos, que vivi e não voltam mais…

“Se soubesse que o mundo se acabaria amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore.”
Martín Luther
“Um pássaro voando é um pássaro livre. Não serve para nada. Impossível manipulá-lo, usá-lo, controlá-lo. E esse é, precisamente, o seu segredo: a inutilidade. Ele está além das maquinações do homem.”Rubem Alves, escritor - no livro Um mundo num grão de areia
















Coimbra, 29 de Janeiro de 2018



sábado, 27 de janeiro de 2018

ALQUIMISTA E CURADOR!

Textos e pretextos


Alquimista e curador


Esta é minha Gata Catitinha (tinha mais 3 , mas a Lila e o Tito já  me deixaram, com mágoa..ainda tenho a Catita, irmã desta)

“A alma de Deus, pode aparecer dentro dos olhos de um gato”.(Provérbio Celta)
“Impossível medir em palavras o bem que os gatos nos fazem”.



Desde criança que lido com eles e aprendi a respeitá-los. Estimá-los e a amá-los.
São eles que nos escolhem. Elegem-nos, para nos dedicar todo o seu amor leal e verdadeiro, embora na sua elegância e devoção, conheçam a descrição e se afastem quando sentem que não são necessários ou estão a mais…

Ter a sua companhia e amor é um privilégio. Uma honra, pois são autênticos. Vêem. Conhecem a nossa essência. Penetram no oculto. Nas sombras. No mistério. Daí que se afastem por vezes de locais e pessoas, por que não suportam a mentira.

O homem não os conhece, mas eles conhecem bem o homem e o seu íntimo, que não lhes escapa, nem os engana. A menor desarmonia real ou latente, ele sente-a de imediato.

O seu afecto é um gesto de confiança. Um julgamento e uma honra!

Se há solidão, ele sente-a e tenta colmatá-la, embora a enfrente a sua, de um modo mais valente e corajoso do que nós. Não reclama. Não reage agressivamente. Não se manifesta.

Quando se afasta, pensam que ele está alheio, no entanto perto ou longe, está sempre comunicando. Presente ou ausente, ele nos ensina algo. Vêem a realidade por dentro e no seu código, querem comunicar-nos algo, que nem sempre entendemos.

Catitinha é que me escolheu. Vive comigo há mais de quinze anos. Fala comigo com os olhos. Intriga-me e comove-me. Sabe bem que muito a amo. Vem acompanhar-me e despedir-se, quando saio e é quem me recebe, mal pressentem a minha chegada, juntamente com sua irmã e Didinho. É ela que lidera, quando não estou.

… ESPERO QUE JÁ TENHAM ADIVINHADO A QUEM ME REFIRO…

Relaciona-se com o oculto. Vê o avesso da existência e nenhuma aparência o convence e engana.

A sua dedicação é algo profundo e verdadeiro, pois conhecendo a autenticidade do mundo que o rodeia e das criaturas, não pactua com fingimento ao qual reage, afastando-se de imediato. Capta o menor impulso secreto de agressão, por parte dos humanos, para com ele…

Esconde-se de imediato, ficando atento e a espreitar, quando alguém indesejável aparece na nossa casa. Se a pessoa é confiável, roça seu corpo no amigo. Pode até saltar para o colo num doce gesto de confiança.Não abandona mais a visita. Se prestam honra de doce anfitrião, indicam que aquela pessoa merece ser recebida. Não nos prejudicará.

São um pára-raios num lar!

São bruxos. Alquimistas. Parapsicólogo. Médiuns.

Quem for autoritário. Intransigente com o seu semelhante. Materialista. Não se relacionar com o seu subconsciente. Com o mistério, não suporta este monge silencioso que tanta lição tem para nos dar.

Penso que já todos perceberam que me refiro ao querido GATO!

O Gato, além de nos ver por dentro, vê muito mais do que nós. Seu limiar de percepção é altíssimo. Possui muito quartzo na sua glândula pineal, permitindo-lhe alcançar uma realidade muito para além dos humanos. Permitindo transmutar a energia ruim do ambiente, que pode nos rodear e da qual não temos consciência.

Este mago animal carrega consigo algumas capacidades de cura dos seus amigos. Além disso, pressente quando algum órgão nosso está mais frágil, prestes a adoecer ou se está mesmo doente, avisa sobre esse facto, ao deitar-se mais do que uma vez (…), sobre o nosso corpo, nesse local. O Gato deita-se para limpar. Curar a energia negativa de doença presente no corpo do humano. Também se acredita que além de curar doenças, encaminha a alma dos mortos…

Vai passar a reparar que o Gato está muito bem sentadinho, num determinado lugar e de repente, dá um salto. Levanta e vai embora. Quando isso acontece, o Gato sente que já está tudo limpo. o seu trabalho está feito!

Estava a gostar… Volte, no próximo artigo. Intitular-se-á:
O Gato, professor!

(Sei que já sabe muito bem, que tudo que existe é energia. Tudo vibra em determinada frequência e que há uma energia de doença e uma energia de cura…E que, no CAMPO =Matriz Divina, estão todas as possibilidades de cura.)

Então, o GATO tem acesso ao Campo e cura mesmo.

Por milhentas razões que ainda vamos descobrir, este irmão menor, como diria Francisco de Assis, merece que o acolhamos com amor. Respeito e muita gratidão!

Sabe que espiritualmente o Egípcio antigo, avançado nas práticas espirituais, rico em mistérios, representava a adorada deusa Bastet (Bast, Ubasti. Ba-en-Aset ou Ailuros – palavra grega para gato), com corpo de mulher e cabeça de Gato, pois estes eram considerados, como potentes guardiões…
(E já agora só uma curiosidade: “ Nos seus templos foram criados gatos que eram considerados como encarnação da deusa e que eram por essa razão tratados da melhor maneira possível. Quando estes animais morriam eram mumificados, sendo enterrados em locais reservados para eles, que eram nas pirâmides.)



]E teremos muito para observar. Aprender com os Gatos. Sobretudo passar a ver o Gato, lidar com ele, com olhos de gratidão. Admiração. Respeito e Amor.
“Qual presente é melhor que o amor de um gato?” 
– Charles Dickens



Coimbra, 27 Janeiro de 2018…Lucinda Ferreira