Powered By Blogger

domingo, 23 de dezembro de 2012

Nua manha de domigo..num qualquer lugar do globo...


 
NUMA MANHÃ DE DOMINGO, NUM QUALQUER PONTO DO GLOBO… 

Se penetrássemos o sentido da vida seríamos menos miseráveis.Florbela Espanca

Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.Platão 

O homem perdeu-se da sua parte essencial que deixou pelo caminho, sabe-se se lá por onde…

Trocou o melhor de si mesmo, aquilo que nunca morre, por ilusões. Banalidades. Coisa que os bichos corroem. Que o tempo desgasta e a terra come!

Como de costume passamos pelo jardim onde tudo é novo para mim.

Que vejo eu?

Árvores de porte respeitável. Outras mais franzinas erguem-se para um céu azul, onde  algumas nuvens correm sem descanso, formando figuras sempre novas. Diferentes. Curiosas, diria.

O rol dos sons é vulgar numa manha de domingo em que o culto ao Criador esquecido por tudo que nos  oferece, é substituído pelo culto do corpo, induzido por subtis ofertas, levadas pelo lucro.

Não me parece o mesmo conceito da busca da beleza que os gregos tanto trabalhavam , mas uma certa alucinação, por falta de sentido. Um vazio entediante. Corre-se sem se saber para que. Nem porquê. Será o valor da vida que está em causa?

Quando os jovens no auge do vigor, não sabem para onde vão por falta de ideal ,mal vão as coisas.

A nova marca de bebida talvez alucinante e nada saudável, atraindo  vulneráveis jovens, lança no ar decibéis desengonçados, matando a harmonia da Natureza suave  e doce em que a Musica da passarada tem como fundo o balouço do vento na ramaria, e agora se perde na confusão concertada.

Ás vezes, um dos muitos cãezinhos de lacinho e percing que passeia as donas no jardim, irrita-se e lança  a sua voz de protesto.

As donas mais liberais menos controladores deixam correr alegre o seu bichinho. Outras, como na vida, de rédea curta nem ali se libertam, nem libertam o pobre bichinho.

Uma mota ou um carro mais agressivo rasga o espaço sonoro da já barulheira que paira no ar para excitar a ginástica apressada da rapaziada que não pensa. Não sente. Não é…Apenas existe num corpo.

. Um pouco mais acima, jogam à bola, velhos e novos. Brancos e menos brancos. Calçados. Descalços. A algazarra anda no ar.

Se o inventário dos sons abafa o som do riacho, nascido na montanha que circunda lá no alto tocando o céu e que corre a medo entre hibiscos de cores e formas variadas., também pouco interessa.

 Nas pressas e na confusão, poucas pessoas se apercebem da água humilde que corre e canta sem parar para quem a quiser escutar…

Da cor, há que notar as flores que se escondem e rompem quer nas árvores mais altas, quer nos arbustos , quer nos canteiros ali a nossos pés.

Algumas são exóticas. Belíssimas .Formas e cores tão variadas que só um Artista especialíssimo, o Grande Arquitecto, conseguiria inventar para nos oferecer cheio de amor,  alheio à nossa indiferença. Aguarda sempre o despertar da nossa consciência, para nosso bem.

Nos canteiros crescem flores vulgares, variegado colorido,  que alegram os nosso olhos cansados do cimento. Do alcatrão.

O escasso verde que circunda a casinha dos passaritos, “Bem te vi” que farfalham  escondidos lá pelo meio das plantas , à procura de insectos , serve de tapete para estabelecer o meu equilíbrio electromagnético, com os devidos cuidados com os descuidos das “mãezinhas “ dos canis…

Ali mesmo ao meu lado, um barrigudito apanha banhos de sol , deitado sobre o banco do jardim.33º graus não são para desprezar…

Sentado no cepo, como “exercício” final de caminhada, lá vai uma água coco para refrescar.

E pronto. Deixo uma pequena pista que facilita a descoberta do jardim onde me encontro…

………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

Entro em casa.

Repouso o meu espírito na Serra do Curral, enquanto faço um colar com as flores  que apanhei sob as árvores odorosas que ladeiam a entrada.

Só colho uma flor se for para fazer alguém feliz. De resto prefiro que ela desabroche. Cresça. Se torne semente no seu tronco.

…………………………………………………………………………………………………………………………………………………

Não acredite nada no que lhe disse.

 Foi apenas uma viagem à volta do meu quarto…

Repare bem que não é “AUTOUR DE MA CHAMBRE”…

                 23.12.12