Powered By Blogger

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Dama dos Véus e ...da Foice


Chega um momento , aquando da partida de um quente querido e depois com o passar do tempo e ...da partdia de tantos q viveram ao nosso lado que amámos e partiram , que nos perguntamos: e eu como será?
Tanto medo da morte q precisamos vencer, q temos q enfrentar .Não podemos fugir mais...
Foi o que fiz em pequenos textos q vão saindo num jornal para onde escrevo há já muitos anos.

Aí fica também o testemunho no mar de éter que a net...


A Dama da Foice
( 1º artigo / 6)

“A vida e a morte são uma só coisa, como são uma só coisa o rio e o mar…Só quando beberdes do rio do silêncio, cantareis realmente…Que é deixar de respirar, senão libertar o sopro das incessantes marés e expandir-se, elevar-se e buscar DEUS sem barreiras?”
Khalil Gibran

A Dama da Foice é linda e sedutora. Misteriosa. Nunca se sabe quando nos visita. Mas chega sempre, disso ninguém pode duvidar.
Envolta em véus negros, é implacável. Barre todos.
Na Antiguidade sempre se soube que o direito à vida e a Morte, era algo do domínio dos deuses.
A Morte aprece personificada por Tanatos, insensível, impiedoso, filho da noite e irmão do sono.
Este símbolo da Morte aparece ainda no 13.º arcano maior do TAROT, sem nome , como se o número 13 de significado maléfico, designando a passagem a outro estado, simbolizasse a Morte.
Justamente esta Dama linda leva consigo à sua passagem, o pobre, o rico, o lindo, o feio, o novo, o velho, o orgulhoso e o santo...Todos sem excepção!
Lembro-me quando era pequenita, de ter visto num livro, a sua representação. A alegoria da Morte com uma foice encheu-me de medo. Virava sempre aquela página para não ver a imagem que me metia muito medo…
À minha volta, pensando que as crianças não percebiam nada, eu registava todas as coisas, entre elas, o temor, as superstições, as histórias várias acerca dos mortos e da Morte!
Funerais eram um espectáculo trágico que parava tudo. As pessoas choravam muito alto, gritavam muito. Algumas desmaiavam mesmo. Contava-se a vida do defunto que era sempre “muito boa pessoa”…e episódios que se passaram com ele e , em que os presentes intervinham .
Nos trabalhos do campo, na vizinhança durante uns tempos, não se falava noutra coisa. Depois acendiam-se as “alminhas” durante uns tempos por alma de fulano…
Todos os pormenores do horrível que foi tal morte e ainda histórias de almas de outro mundo, eram contadas com todo o pormenor, em descrições intermináveis que me assustavam muito, sobretudo de noite, quando estava na cama, tinha muito medo da morte…
Fui crescendo sempre com medo de morrer, com medo de perder os meus Pais, minha única família a que estava verdadeiramente ligada.
Quando vim para a cidade, apercebi-me que a morte aqui, era apenas um episódio sem grande importância, uma banalidade. Muitas vezes as pessoas até estavam desejosas que a pessoa se “fosse embora”, para herdarem os bens…ou para as deixarem em paz, quando era alguém opressor ou menos bom.
Bom mas a vida passa por nós e nós pela vida, e as coisas à nossa volta fazem-nos reflectir. A passagem do tempo, o sofrimento, o sucesso, as perdas, amadurecem-nos. Fazem-nos pensar e questionar a vida no que ela tem de mais verdadeiro e íntimo…
Chega o momento de enfrentar a realidade nua e crua.
Quando a minha Mãe partiu, um das pessoas que mais amei no mundo, o tema da Morte levou-me a pesquisar, procurar, tentar compreender e sentir sem descanso, tudo o que era possível, sobre aquele corte que me arrancara sem apelo, a minha querida…
E começou aqui a despertar a minha consciência para este assunto , antes tabu para mim e para muitos de nós.
Durante alguns artigos, referir-me-ei a esta temática que considero a mais importante de todas para todos nós.
..................................................................................................

A DAMA DA FOICE

(art.º2/6)

“Os mortos são apenas invisíveis mas não são ausentes”. Leonardo Boff
“ A demasiada atenção que se dedica a observar os defeitos dos outros, faz com se morra sem ter tido tempo de conhecer os seus próprios.”Jean de la Bruyère

Para mim que acredito em Deus e na vida sem fim, aquela separação da morte é apenas temporária. E é, estou certa disso.
Às vezes, falo com a minha Mãe e quando estou mais cansada, tenho a sorte de sonhar com ela. Ela fala comigo e dá-me imensa paz e conselhos que acabo por seguir. Estão sempre certos!
Outros cortes dolorosos se seguiram na minha vida. A certa altura senti necessidade de pensar. Equacionar a minha própria morte.
Parece que os divórcios, os acidentes, a morte, são só para os outros, mas um dia , todas essas coisas batem também às nossas portas…
Elas podem chegar à vida de qualquer um e nós. Temos mesmo que as enfrentar.
“Não fica cá ninguém para semente”, diz-se e muito bem. Na verdade, assim é para todos e qualquer um de nós.
Penso que depois de se vencer o medo da Morte, muita coisa fica resolvida e, já não sobram muitos outros medos do que quer que seja.
Será conveniente que todos façamos este exercício, para que a Dama dos Véus Negros e da Foice, não nos apanhe distraídos, nos assuste, cause surpresa e sofrimento desnecessário.
Ela pode chegar como um ladrão, quando menos pensamos. Depois já não há mais nada a fazer. Há remédio para tudo, menos para a Morte, como todos bem sabemos.
Portanto, convém enfrentar esta questão como uma coisa natural e que não falha nunca! Sem resistência pelo desconhecido, será uma passagem mais suave.
Todas as pessoas que tiveram experiências de quase - morte, dizem que estão pairando por cima de tudo. Ouvem muito bem o que se passa.
Sofrem muito quando são cremadas, porque ainda não estão conscientes do seu novo estado. Querem comunicar, mas ninguém as ouve. Não conseguem e isso causa-lhes algum estado de ansiedade, porque o espírito nunca morre. Dizem também que atravessaram um túnel escuro e por vezes com ruídos desagradáveis, mas no final, a Luz, a presença de Amigos e familiares, tornam as coisas muito agradáveis…
Por vezes, sentem que pela oração e pelos sentimentos de amor dos humanos amigos e familiares, a alma é puxada para o corpo, quando afinal o que ela queria mais, era gozar daquela Paz e bem-estar, que experimentava do outro lado do túnel.
Através de estudo, pesquisas e reflexão que venho fazendo, é muito importante estar consciente desta passagem. Desta mudança de estado. A “irmã Morte” não é inimiga. É libertadora, condição do progresso e da vida.
O meu caro e saudoso amigo Dr. Fernando Valle que amava a vida, dizia-me sempre que não tinha medo da morte, que contudo era cheia de mistério. Achava ele, que se havia um Ser a quem dar contas, que por certo não iria condená-lo, pois sempre fizera pelos outros o seu melhor.
E na verdade assim é. Quem sempre viveu bem a vida, com a consciência em paz, não teme a morte.
Ela é reveladora e introdutória dos maiores segredos de uma existência superior num outro nível.
Quem sempre viveu com coerência, de acordo com a sua essência, nada tem a temer.
Para alguns Povos, civilizações e zonas do Planeta, a Morte é celebrada com grandes festas, como a libertação suprema. A iniciação para uma vida de extrema felicidade.
É saudada com Música, banquetes, reunião de amigos e familiares e muita alegria!
Finalmente sem espaço, sem tempo, de mente e memória argutas e aguçadas, com propriedade de atravessar obstáculos, de conhecer o pensamento dos outros, o espírito em plenitude e vivendo eternamente sem medos, sempre em constante busca do Conhecimento e da auto-realização, é livre, cheio de luz e muita paz. Então só pode ser feliz!
O nascimento pelo contrário é o aprisionamento da alma. O tempo da inconsciência.
O tempo da sublimação do sofrimento, a aprendizagem do amor, do perdão e da compaixão.
O limite. A dor. O sofrimento e a Morte são alguns dos obstáculos para vencer em liberdade, mas com a responsabilidade que traz em si a paz e a serenidade de espírito, ao viver de acordo com a essência e a missão que cada um de nós é chamado a desempenhar.
No mais íntimo de cada um, a consciência indica todos os caminhos. A alma sabe estas coisas todas, embora haja quem tente abafar toda esta realidade.
………………………………………………………………………………………………………………
Dado o espaço de que dispomos, vamos ter que partir aqui este artigo para lhe dar continuação no próximo jornal.
Fica apenas a proposta de cada um equacionar sem receios e com clareza e verdade, o seu próprio encontro com a Dama dos Véus e...da Foice.
linmare@edicomail.net