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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Cantata ao Tempo

 Cantata ao Tempo

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Se me esqueceres, só uma coisa: esquece-me bem devagarinho.

Mario Quintana


 Passei pelo tempo a correr.

Quando olhei para trás,

Ele já lá

Não estava.

Tinha-se escondido

Desaparecido.

Voltei a passar.

Ele renascia

Contente a brincar.

Quando voltei a passar

Corria.

Fugiu de mim

E não mais o vi

O tempo apressado

Sem jamais alguém

O poder agarrar.

Parei de novo a pensar:

Para onde irá o tempo,

Tão acelerado,

Sem nunca parar?!

Estava no jardim

Feliz. Tranquilo.

Fascinado

Vendo, sobre a relva verde

Os meninos sem cuidado,

Farfalhando e rindo

 Saltando,

Dando gritinhos, a correr e a cantar.

Mais adiante, vi-o de longe

<Nem parei

Para não o perturbar.

Estava entregue

Sem nada mais ver,

Junto de alguém só,

Que precisava falar

Compassivo e atento,

Amigo, parou para escutar...

Mais tarde, passos pequeninos

Quase parava.

Descansar?!

Não!

Olhava ao longe,

Extasiado

A  imensidão

A beleza do mar.

E neste passeio

Espreitando o Tempo

Um pouco cansada,

Vencida pelo Tempo,

 Fui descansar.

O dia passou

E de manhã ao levantar-me

Não me abandonou…

De novo, a meu lado

Espreguiçou-se

Sorriu,

E comigo, lentamente,

Começou a acordar!

 COIMBRA, 26.11.20

Lucinda Ferreira

 

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