Powered By Blogger

sábado, 13 de junho de 2020

"Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma"…

TEXTOS E PRETEXTOS




"Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma"…
(Aqui vou eu, lucinda, Itália , frente ao Vesúvio)




Grande verdade esta afirmação, aplicável em todos os campos, a começar pela nossa vida nas suas diferentes facetas.

Contudo, estar muito adiantado no tempo, é perigoso!

Por estas e por outras (…), há 219 anos, alguém foi guilhotinado com 50 anos de idade, embora por toda a transformação que causou na ciência, tivesse sido chamado de o"pai da química moderna".
Exactamente Antoine Laurent Lavoisier, nascido em 26 de Agosto de 1743, em Paris, filho de um próspero advogado. Ao contrário do que se esperava, passou a vida, contrariando o pensamento vindo da Antiguidade e fundamentando as suas experiências, que infelizmente não convenceram o seu executor.

Cientistas de toda a Europa enviaram uma petição para que Lavoisier fosse poupado, mas o presidente do tribunal, Jean-Baptiste Coffinhal, recusou e proferiu uma frase que ficou marcada nos livros de história: "A França não precisa de cientistas."Em 8 de Maio de 1794, aos 50 anos, Lavoisier foi condenado por traição e perdeu a cabeça na guilhotina. Seu corpo foi jogado em uma vala comum.

Esta introdução serve para dizer que talvez a originalidade deste meu texto não seja tão evidente assim, mas pela pertinência do seu alcance, arrisco e aí vai.

Só pela reflexão, crescemos interiormente!

E como as férias normalmente são em no mês de Agosto (… para quem tem a sorte de trabalhar, pois há muito boa gente que não tem trabalho e está sempre de férias), fica para  irem lendo e relendo este texto, se assim entenderem...

Foi algo que descobri e que partilho convosco.

Há muita boa gente que, embora adultos, ainda morre de medo por tudo e por nada. 

Quando eram crianças não foram poupadas aos maiores sustos e ameaças. 
“Olha que se não comes tudo, o velho do saco, leva-te!”,
 Os guardas e os polícias vão te levar, se não fazes isto ou aquilo”.
 “Quando passarem os ciganos, eles levam te com eles para muito longe”.
 “Se tornas a dizer isso, ponho-te pimenta na língua”.
 E punham mesmo ou então como lhes diziam “Levas um enxerto de porrada” que as crianças até se urinavam todas, como acontecia ao Tojó, na minha escola primária, quando o sarrafo vermelho trabalhava demais, por ali à volta. 

As crianças eram “amorosamente” rotulados de “burros”, “estúpidos” …

”Nunca hás-de ser nada na vida”. E não eram mesmo. Ficavam marcados até ao caixão…

Daí, que ainda hoje, inconscientemente, haja reacções de medo perante certas circunstâncias da vida, mesmo passados muitos anos.

Veja com alguém deu a “volta ao texto” e saiu em beleza, transformando as areias em pérolas. 
Talvez valha a pena reflectir. Experimentar.

Será que algo do que vem a seguir, tem a ver consigo?

·       Eu tinha medo de ficar só…Até que aprendi que a única pessoa que estará comigo em todos os momentos da minha vida, sou eu mesma”.

Na realidade, nascemos sozinhos. Morremos sozinhos. Não há cunhas. Nem arranjos. Nem fantasias. Nem vigarice alguma, a que os espertos possam recorrer. A igualdade é total na condição humana. Ninguém escapa. Ricos. Pobres. Lindos. Feios. Bons. Maus. Mulheres. Homens. Jovens. Idosos. Todos!

·       Temia mudançasAté que percebi que as mudanças pelas quais tem que passar uma bela borboleta, antes de poder voar”.
Foi aquela lagarta feia, como uma minhoca, que permitiu que surgisse o belo insecto de asas coloridas que voa no céu imenso, espalhando beleza e encanto. (“A borboleta é considerada o símbolo da transformação. Entre outros, simboliza felicidade, beleza, inconstância, efemeridade da natureza. (…) Os estágios desse insecto (lagarta, crisálida e borboleta) significam respectivamente vida, morte).

·       Temia a escuridãoAté que aprendi e entendi, a importância de uma pequena estrela.”
Por vezes sonhamos. Aspiramos, Esperamos toda a vida por algo grandioso que nunca chegou, nem vai chegar! Foi isso que impediu de ver pequenas grandes coisas, super valiosas que desprezámos. Portanto na escuridão da caminhada, o brilho de uma “pequena estrela” é precioso. Pode anular o medo do “escuro” da vida. É preciso descobrir. Estar atento à sua “estrela”…

·       Temia ser ferido nos meus sentimentosAté que aprendi que ninguém me feria sem minha permissão.”
Aí está. A baixa auto estima. A dependência emocional dos outros. O querer agradar para ser aceite, por insegurança. O estar fora do seu eixo, descentrado. O estar virado para fora, em vez de saber que é dentro de si, que estão todas as soluções. A falta de investimento no auto conhecimento e outras atitudes referidas em artigos meus anteriores, explicam receios infundados, a banir com urgência.

·       Temia ficar velho…Até que compreendi que posso ganhar sabedoria em cada dia.”
Apesar de estarmos numa época cruel para os “maiores” (em espanhol, designação para idosos), todos beneficiam, ainda que não o queiram reconhecer, dessa Sabedoria feita de experiência, Sofrimento, para além dos saberes. Sabedoria, diferente de conhecimentos, é privilégio de quem já viveu muitos sois. É só ler a frase em epígrafe, de Lavoisier...

·       Temia o ridículoAté que aprendi a rir de mim mesmo.
Com uma educação rígida. Conceitos mal formulados que inculcam medo. Culpa. Ansiedade. Preocupação. Excesso de perfeccionismo, tornam a vida um inferno para nós sobretudo, e para os outros. Cultivar o humor. A graça. A leveza. Fazer um pequeno esforço para não levar muito a sério todas as coisas, é preciso. Não falo em irresponsabilidade nem inconsciência, bem entendido.

·       Temia as perdas e a morte…Até que percebi que as perdas não representam o fim, mas o início de um novo ciclo.”
Em crianças, os mais velhos, nas aldeias, recordam certamente como o episódio da morte era valorizado. Muito temido. Sabemos muito pouco de tudo o que é mais importante. O mistério assusta cada um de nós. Há muitas teorias sobre esta passagem, mas só quando a experienciarmos, poderemos saber como é. No entanto, como todos sem excepção, a qualquer momento, podemos ser chamados, a garantia maior é semear o bem e estar em paz com Deus. Consigo mesmo. Com os outros, se possível e aguardar tranquilos com serenidade. O contrário de que adianta?

·       Temia ficar sóAté que aprendi a gostar de mim mesmo.
Pode-se estar só na multidão. Estar só, acompanhado é muito vulgar. E pode-se ser muito feliz, estando sozinho, se gostarmos da nossa companhia. Contava-se que havia alguém que olhava para o espelho e dizia:” E olha que tu também me saíste uma boa rês”.Assim não dá. Não é egoísmo nem narcisismo, mas procurar conhecer-se melhor. Ter consigo mesmo um caso de amor, em que o respeito e a criança interior são tidos em conta, é necessário. Quem não se ama, nunca pode amar outro.

·       Temia fracassarAté que perceber que o único fracasso é desistir”.
Quando não conseguimos alcançar os objectivos, percebemos mais tarde que isso não era o melhor. A lição, essa guarda-se. Quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. O que não mata, fortalece! Pode-se ter um belo navio, mas não saber para onde ir, não leva a viagem alguma…

·       Temia o que as pessoas poderiam pensar de mim… Até que percebi que o que conta realmente, é o que eu penso de mim mesmo com consciência. Lucidez e humildade”.
As pessoas julgam com aquilo que são. Desconhecem o essencial que só o próprio conhece. Gostos não se discutem e ainda há as afinidades inexplicáveis. Cada cabeça cada sentença e isenção no julgamento é rara. Há muitos factores que influenciam esse acto, tingido de invejas. Preconceitos. Competição. É verdade que há pessoas que se crêem santas e as maiores; e outros que são carrascos para si próprios. Tudo isto são desvios a ter em conta.

·       Temia ser rejeitado…Até que descobri que devia ter fé em mim, pois sou o meu melhor companheiro”.
Aquele que nunca me abandona, sou eu mesmo. Se eu não me acusar a mim mesmo, que mais temerei. Tenho que ser fiel ao meu ideal? Isso sim!

·       Temia a dor...Até que percebi que o sofrimento só me ajuda a crescer e afasta de mim a arrogância”.
Custa? Sim sem dúvida. Mas quem é que não tem contrariedades? Dor? Seja ela de que natureza for? É por isso que a eutanásia não tem qualquer cabimento.

·       Temia a verdade… Até que descobri que a verdade é um espelho quebrado em mil pedacinhos. Ninguém é dono da verdade, pois não tem mais do que um caco dela.”

Houve Alguém muito especial,
 Esse sim, que disse: “Eu sou a verdade e a vida”. E está tudo dito!

Desejo que tenha valido a pena o tempo que gastei e que gastou a ler me.

Desejo–lhe BOAS FÉRIAS!

Lucinda Ferreira

Nota:
 Este texto foi escrito por mim , há muito tempo, mas ao rele lo, sinto que é sempre actual.
Ai vai para quem quiser ler...
13 Junho 2020
(minha foto)

Sem comentários:

Enviar um comentário