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terça-feira, 25 de outubro de 2016

SURPRESA


Textos e pretextos


Surpresa


A literatura antecipa sempre a vida. Não a copia, molda-a aos seus desígnios.Oscar Wilde    
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·      Escrevo com amor e por amor.

·      Este texto é mesmo para si, pois tenho a certeza que o que diz  Mário Quintana , não se lhe aplica  “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem”.

·      Hoje tenho um pequeno segredo para lhes passar…Está prestes a sair uma minha  “crónica” alargada, com 505 páginas…Para compensar as minhas falhas, aqui neste querido jornal, ao qual me entrego, vai para 40 anos…

·      É uma peregrinação interior feita de retalhos, nos quais muitos de nós nos reveremos.

·      Saiu assim, pensando nos meus leitores mais fiéis e naqueles que possam vir a ter curiosidade de sentir o pulsar da minha alma.

·      Desta vez será um romance. Oportunamente darei conta da data de apresentação em Coimbra. Porto e Lisboa, para já.

·      De seguida, também quase prontinho a sair, uma colecção de Contos de fogo e ternura.

·      Dúvida. Alguma amargura. Desilusão. Espera. Evolução espiritual ao compasso das agruras da vida e das conquistas alcançadas. Momentos de intensa realização. Alegrias. Descobertas e tudo o mais que a imaginação e a riqueza de quem lê, emprestarão na estética da recepção.

·      O tal encanto da leitura que escreverá tantas narrativas, quantas as leituras feitas.

·      Aquisição de pequenos grandes nadas do nosso dia-a-dia. Milagres que não valorizamos. Que podem fazer a diferença de alguém sempre bem-disposto, que vê sempre o copo meio cheio e a nostalgia de outrem que vê o copo meio vazio e sente que tudo o leva a perder…

·      A Editora já está a trabalhar. Início de Dezembro, poderá observar, aquando do lançamento, e quem sabe, ter resolvido o problema de escolha das suas prendas de Natal, doando um livro, uma prenda eterna. 
PPor mim, ofereço-lhes muitas horas de trabalho! Daí, que será o meu presente de amor para todos vós, que dinheiro algum pode pagar!
·      Se quiser saber mais, pode comunicar comigo pelo e mail: ladyvalleflor@gmail.com.

·     Que tenha um prazer tão grande ao seguir o desenrolar da história e descobrir o que nela se diz subliminarmente (…), como eu tive ao criá-la, por vezes até com dor…

·     Olhe, e faça como recorda Mário Quintana:” De um autor inglês do saudoso século XIX: O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.

·     Será isso que dá alento a quem escreve, para criar sempre novas aventuras. É que, como diz Jorge Duran “O amor e a literatura coincidem na procura apaixonada, quase sempre desesperada, da comunicação”

·       Coimbra, 25 de Outubro de 2016…. Lucinda Ferreira

 NOTA:Enviam-se livros pelo correio, se o desejarem.

domingo, 23 de outubro de 2016

A Flor da vida

 A Flor da vida 


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Entre penhascos,
Humilde,
Espreita... Escondido
O pampilho…
Fresca aragem
Roça levemente
A corola tenra
A medo espia
O sol nascente.
Cruel pisadela…
Negra ovelha, uma mordidela!
O pastor
A pontinha que resta
Machuca a flor.
Sol da manhã, ténue réstia
Beija-a !
A borboleta com amor
Segreda:
És a minha preferida
Livre,
Solta as pétalas.
Cresce! 
 Trago para ti, o pólen da vida!i


Coimbra, 2016-10-23 …..Lucinda Ferreira




sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SENTIR E AMAR

Textos e pretextos
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  SENTIR e AMAR





A ciência está atrás do que o universo realmente é, não do que nos faz sentir bem.Carl Sagan
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A boca fala da abundância do coração. Quando transborda, partilhamos.
No nosso coração, se esconde tudo o que somos. Tudo o que escondemos dos outros, bom ou menus bom…Todos os nossos maiores segredos estão aí, mesmo quando nem nós os  conhecemos,  tão grandiosos eles são!

Racionalizamos. Pensamos Milhões de pensamentos nos atravessam diária e permanentemente. Sentir é diferente. Confira:
"Juro que eu não entendo todas as coisas que você me faz sentir"Desconhecido

Quando a vida dói, tentamos ajeitar. Fugimos da dor.

 Hoje a proposta é sentir! Sentir! Sentir! Por que “Quando chegares ao final do que deves saber, estarás apenas no início do que deves sentir” Gibran Jalil Gibran

Só essa extraordinária capacidade  de SENTIR e executar, arruma o nosso sistema energético, a fim de não provocar bloqueios que trazem consigo a doença. 
                      
Somos uma bateria inteligente de que não nos apercebemos, nem temos consciência. 
Só aqui, já encontramos a marca do Criador, sem precisar de mais nada…

Não há que negar , que somos o que sentimos. Somos o que amamos!

Eis a porta para o autoconhecimento…É só escutar atentamente.

Respeitar o que sentimos é fundamental., embora às vezes, até gostássemos de estar a sentir uma coisa bem diferente, mas é aquilo que sentimos, respeitemo-lo!

Honrar o que se sente, pois é o bem mais precioso, de que muitas vezes, nem sequer nos apercebemos, mas é preciso para nosso bem maior.

O que vivemos e fizemos até hoje, preparou-nos para esta descoberta espantosa que temos que integrar. Pôr em prática.

Que venham maledicências. Terramotos. Furacões, mas somos sempre o que sentimos, nem que não o reconheçamos, para nosso maior mal!

Se não aceitarmos esta verdade, contra fúrias e contratempos, sejam eles quais forem, não há progresso. Não há evolução. Há perda de tempo.

Sem aceitação do que sentimos. De o pormos em acção, perdemos o mais precioso da existência!
Sem isso, o nosso sistema energético será hostil. Escorregadio. Vazio.

Agora que já temos a chave deste enigma tão precioso, há que aceitar o que sentimos. Não fazer vista grossa, mesmo quando custa.
 Mas, não chega acolher. Há sobretudo de  CUMPRIR  O QUE SENTIMOS sem desvios. Nem batotas que só nos levam a perda.

Este é o canal  que se abre!

Cumpri-lo é o processo completo, que levará à descoberta de  jardins floridos na estrada da vida, que temos dentro de nós. 
Conhecer esta via é o caminho da coerência feliz...

Lembre-se que depois de ter a solução de algo, não seguir a pista, penaliza quem possui esse conhecimento.

 De que está à espera? Vamos lá? TODOS, os peregrinos da evolução.
Descobridores da alquimia da alma!

Ora veja se está de acordo, homem ou mulher …Percebe o que é sentir de verdade?

Um homem de verdade não faz uma mulher sofrer, mais a faz sentir a mais feliz do mundo, por esta sentir que tem alguém que a ame de verdade.Vinicius Torre
Lucinda Ferreira ....1 de Outubro 2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Etapas – Aceitação do dual

Textos e pretextos


Etapas – Aceitação do dual






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O sofrimento não é desejável, mas temos que o aceitar!
A vida é por etapas.
Temos que processar emoções. Vivenciar tudo o que se nos apresenta. Não há como se eximir a esta realidade.

Por vezes a vida corre muito bem. Ficamos muito felizes.
Quando a vida corre mal, tentamos ajeitar .Fugir do sofrimento.
Isso só complica a situação, pois não há rosas sem espinhos.

Nem sempre bem, nem sempre mal. As pessoas que já compreenderam a dualidade da existência, estão sempre felizes e agradecem o bem e o menos bem, pois sabem o valor dos momentos difíceis, pelos quais sem excepção temos que passar.

 Não vale a pena fugir. Se rejeitamos a dor, ela teimosamente se renova e as coisas pioram.
A revolta e a fuga para compor o que custa suportar, de nada valem. Claro, se estamos doentes, porque fugimos do nosso eixo e nos auto-agredimos, temos que repor as coisas no lugar. Tentar curar-se. Reparar o que pudermos, para “entrar nos eixos “. Ter consciência do que temos que aprender, com essa agressão à nossa parte mais densa, o corpo!

Nem tudo são apenas rosas. Estamos neste plano, evoluindo, para experimentar o dual, isto é, o agradável e o seu reverso. Quando as condições são airosas, encantados. Quando a desgraça ou a dor batem à porta, temos de aceitar. A nossa atitude ampliará ou diminuirá o peso da contrariedade.
Passada essa etapa, a vida continua. Quando a desventura não mata, fortalece!

São degraus na vida que não podemos rejeitar.
Enchermo-nos de coragem e avançar, impõe – se- nos a todos.
Portanto, o plano desta existência é sorver tudo com atenção e aceitação, pois mais tarde ou mais cedo vamos ser provados, como todos os humanos!

Se é bom, maravilha. Se o outro lado da questão exige de nós seja o que for, temos que avançar sem fuga.
 Depois, passar à etapa seguinte.

 Quem não conhece, “ Depois da tempestade vem a bonança? “ Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre perdure”?

Não contrariando o que o Deus nos diz no fundo da nossa alma, a filosofia oriental, no livro das mutações, o milenar oráculo I CHING , datado 3000ª.C, diz que há sempre uma saída para qualquer situação. 
Há assim, que procurar o melhor caminho, sabendo que  quando tudo está bem , se caminha já para o menos bem…
Como uma roda que se movimenta enquanto estamos vivos, os acontecimentos se sucedem. Tudo se renova. Avança. A nossa escola mergulhada na densidade, permite que cresçamos, através das nossas atitudes. Escolhas certas, com as consequências que elas implicam.

Então, viver o dual, é o programa que nos espera a todos!

               “O primeiro passo para a mudança é a aceitação. Uma vez que você aceite a si mesmo, você abre a porta para a mudança. Isso é tudo o que você tem que fazer. Mudança não é algo que você faz, é algo que você permite.” Will Garcia

Agradecer. Agradecer. Agradecer, e com coragem avançar!
Não viemos à Terra apenas para comer. Beber. Ter uma casa. Um bom carro. Uma situação interessante. Termos prestígio. Lutarmos, para sermos os maiores, neste paraíso. Longe disso…

Pequenos segredos, que quem os alcança é vencedor deste e de outros mundos que nos aguardam, são uma conquista maravilhosa!


Não somos apenas corpo, mas temos um espírito e uma alma eternos! Nunca se esqueça disto.

Lucinda Ferreira 
Coimbra, 27.9.16


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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A escolha certa

Texto e pretextos
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 A escolha certa
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“Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas... Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração.” Cora Coralina






Há momentos na vida em que temos que decidir. E quem não gosta de acertar no melhor?

A vida é feita de escolhas. Mas qual a melhor escolha? Como acertar?

Na verdade , tal como dizia Pablo NerudaVocê é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.”

Muitos dos leitores darão um salto de surpresa ou sei lá que outro sentimento os acometerá, perante a afirmação seguinte.
A escolha acertada é feita no mais puro silêncio entre o Céu e Terra. Não será a mente a decidir, mas o coração.

“O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma a este dia.”
Disse Albert Einstein e é isso que quero hoje também expressar. para quem quiser experimentar. Garanto-lhes que vale a pena…

A situação apresentada no seu âmago, tem apenas uma das duas opções, sem retrocesso: cortar à direita ou à esquerda.
Uma das hipóteses desembocará no caminho da densidade. Das trevas. Da noite. Do mais puro escuro!

A outra é a via da luz. Da paz. Da verdade. Da certeza. A escolha que confere com a eternidade e o nosso bem maior!

Pode até nem parecer a escolha mais fácil ou conveniente do momento, mas é aquela que tem que ser feita.

Vamos eliminar culpas da decisão a tomar.Esta falará apenas do seu nível evolutivo. Do que no seu íntimo, quer para si, para ser feliz…Acertar na sua caminhada É preciso!

 E como o tempo voa. Amanhã pode nem sequer já existir para nós…Urge portanto não perder tempo. Escolher o que é para nós, naquele preciso momento, impõe-se.
Sentir o comando da sua própria vida. SENTIR o que há para fazer…
Executar sem hesitação. Nada mais revela a inteligente do amor! Não há hipótese de fuga!

Se preferir não tomar decisão, será a própria vida que numa linha recta urgente, o empurra, obrigando-o a ir para um lado ou para o outro. Aí a pressão é tal, que falta a serenidade. Atabalhoadamente decide o melhor ou pior, sem liberdade. Não existirá outra saída!

Portanto assumir o comando. Concentrar-se. Interiorizar. Não pensar. Não ponderar demoradamente.

 Sim. NÃO PENSAR!!! Esta é a novidade da orientação para a escolha certa. Mais conveniente ao SER.
Para os ocidentais, racionais e lógicos, cheios de alçapões. Subterfúgios. Segundas intenções, isto  pode levá-los até a sorrir. Zombar desta proposta.
 Pois, mas pedir Luz do Alto! Ou apenas  Sentir! Sentir!  E nisto se apoiar, para escolher , é a proposta que conduz ao centro do seu  ser, no que ele mais necessita e espera.

 Senão, depois da luta, é-se despejado, numa das duas bifurcações possíveis.
 Torna-se assim urgente, a certa altura, a decisão final.

 Eleger a proposta que confere com o mais profundo e íntimo do seu Ser que o impele para a sua essência, o melhor e mais autêntico que existe em si, pacifica-o. Dá lhe alegria.
Essa será a única  escolha que desde toda a eternidade, a coerência mais profunda  de  si mesmo, aguarda.
“O mérito de poder escolher não se baseia em fazer a escolha certa, e sim escolher o que você acredita estar certo”.Carolina Bensino

Aí, experimentará a sua  maior força, até antes desconhecida!
Então assuma! Ande para a frente! Seja muito feliz!
Assuma o comando. Deixe brotar o melhor que há em si, para o seu próprio benefício e da Humanidade!
“Jamais saberei se fiz a escolha certa, A única certeza é essa sensação de pura felicidade”!
Alissa Regina de Lara




Lucinda Ferreira
 Coimbra, 23.9.16

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Relance- Gente da minha vida- O Sr.Zé Rato

Relance – Gente da minha vida – O Sr. Zé Rato 



Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.Bob Marley




Morava na Terra de Ordem. Um lugar escondido entre pinhais, coisa que infelizmente já não existe. O progresso desventrou todos os lugares de silêncio e natureza...

Era uma personagem destemida. Dava uns passos muito largos e desajeitados. Usava umas tamancas que eram uma espécie de botas, mas tinham o rasto de pau, bem grosso. Andava sempre feliz e bem-disposta. Eufórico, pois sentia que era alguém super importante! Tinha a ideia que era o Presidente de todas as associações importantes locais. Ia repetindo:

 - Eu sou o Presidente da Câmara! Comandante da Guarda Republicana! Presidente do Rancho! Presidente do Grémio! Presidente do Hospital! Eu sou o Presidente de tudo!

A alegria do cargo de ser presidente, dava-lhe força para viver. Era essa ilusão que o tornava diferente!

Era conhecido pelo Zé Rato.

Estava sempre preocupado com o bem-estar das populações. 

Quando o cruzavam, choviam pedidos de ajuda.

Não havia luz eléctrica nas casas, muito menos na rua!
Nas noite de luar, era uma maravilha vir à rua, enquanto ralos, grilos e outros animais da noite, traziam no ar a magia dos sons harmoniosos. Pacificadores.
Não havia os mortíferos pesticidas que hoje dizima passarinhos e todos os outros pobres bichos indefesos e tornam o Planeta Terra triste.

Quando a luz do sol se escondia, nos casebres, tremeluzia a luz da candeia, esgueirada pelas frinchas ou pelo estreito janelo da cozinha, enquanto a fogueira na lareira térrea, ardia no chão, alimentada com pinhas e gravetos, apanhados nos pinhais dos vizinhos, que não se importavam, nem tomavam como abuso.

Na panela quase vazia, fervia o caldo que se comia com boroa e meia sardinha, para cada um dos oito e mais filhos, sentados num tosco banco de pau, à volta das panelas pretas  e desgastadas.

Nas casas mais ricas, já havia o candeeiro a petróleo. Era preciso lavar a frágil chaminé todos os dias. Ter o cuidado de encher de petróleo o candeeiro. Se o sol se escondia, sem fazer essa tarefa, ficava difícil.
Mais tarde, o candeeiro a petróleo chegou aos mais pobres. Os outros, entretanto, já tinham os gasómetro de uma luz vivíssima, mas com cheiro a carboneto. A seguir veio o petromax, o que era um luxo!

Então quando o Zé Rato passava, as pessoas bombardeavam-no, com pedidos: Ele a todos ouvia e respondia com toda a seriedade e sua convicção de homem poderoso!

Era pródigo em promessas, a quem lhe solicitava ajuda…As pessoas riam, mas no fundo, ele ia alimentando a esperança daquelas pobres gentes.

Nisso, ele antecipava-se ao comportamento dos políticos visionários ou premeditados mafiosos, de todos os tempos. Tinha sempre uma solução para os casos mais difíceis.

“- Então Zé, quando é que trazes a luz, cá para terra?”

- “Já estou a tratar disso”. Respondia convicto, optimista.

- Então e água canalizada, Zé? Ainda ontem, a Ti Ana caiu no poço. Foi uma aflição. Ia lá morrendo afogada.

- Isso também já está a ser tratado!

E a esperança caminhava animada, de mão dada com a impotência de um pobre homem, vivendo na mais pura ilusão.

Um dia, na cabeça dos espertos, menos escrupulosos e mais loucos do que o pobre homem, maquinaram gozar o Zé Rato. Tentaram pregar-lhe uma partida.
Como ele dizia que não tinha temor de nada. Enfrentava toda a gente destemidamente, íamos ver desta vez, como reagiria…

Ora, acreditava-se que as bruxas faziam piscar pequenas luzinhas enquanto dançavam nas encruzilhadas. O Diabo aparecia para as proteger, à meia-noite. Toda a gente receava por isso, passar nesses lugares a essa hora.

O Zé Rato indiferente a essas crenças, passava a qualquer hora. As pessoas sabiam. Embora não o confessassem, admiravam a sua coragem.

Um desses astutos maldosos , mobilizou outros camaradas e tentou intimidar o Zé Rato. Fizeram lhe saber, que o Diabo um dia destes, ia aparecer-lhe na encruzilhada, quando ele fosse a passar. Tinha que ter cuidado.

Assim foi. Dois ou três ousados palermas, enrolados em lençóis brancos luzindo na noite de lua cheia, aparecerem de repente na encruzilhada, para atemorizar o Zé Rato e assim, nessa inesperada espera,  se divertirem com o susto do pobre homem.

Então ele passou à pressa sem reagir. Foi a casa buscar uma afiada gadanha e gritando em voz alta, dirigiu-se destemidamente, para junto dos fantasmas que se moviam com sons estranhos, ecoando na calada da noite…

- "Eu não tenho medo do Diabo! Eu mato o Diabo! Vou já espetá-lo com esta gadanha para ver quem é mais forte"!

Aflitos. Em grande perigo, os “diabos e bruxas”tiveram que fugir à pressa, a fim de que a brincadeira não acabasse mal e os seus corpos não ficassem espetados, permanecendo estatelados esvaindo em sangue, na encruzilhada fatídica.

Foi grande o gozo, ao outro dia, ao saberem o que se passou.

 Toda a gente da zona, comentando a esperteza saloia daqueles patetas mais tolos do que o Zé Rato, passaram com carinho, a admirar um pouco mais o herói!

O Zé Rato quase ia sendo levado em ombros.
De facto, ele demonstrara ser o Presidente da coragem e do sonho!

Independente e ocupado com uma realidade carente de soluções para todos, ainda que fosse só em imaginação, dentro de si, louco ou não, animava a miséria e a tristeza de seus vizinhos !


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Normalmente, são tão poucas as diferenças de homem para homem que não há motivo nenhum para sermos vaidosos.Barão de Montesquieu

…e desrespeitosos, gozando com a fraqueza dos outros…acrescentaria eu
Lucinda Ferreira
C.ª 23.8.16


domingo, 14 de agosto de 2016

Relance - Gente da minha vida (3)

Textos e pretextos
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Relance - Gente da minha vida




A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade; ela exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho.. Allan Kardec














Vivia na Moendinha - S Miguel – Vila nova de Poiares, uma personagem inesquecível. Era o Senhor Fernando da Mata!

Eu era criança e ao vê-lo, de barbas muito compridas. Descalço. Mal vestido, surpreendia-me sempre pela diferença. Não me recordo se pedia esmola, mas era alguém muito desprendido.

Falava pouco e em voz baixa. Pausadamente. Ainda tenho o timbre da sua voz nos meus ouvidos de criança. Lembro-me que ele tinha um olhar muito profundo. Conhecia a Bíblia e evocava passagens da mesma, muito contundentes, quando isso se adaptava a condições irregulares, tal como o fizera Jesus Cristo.

As pessoas de bem, respeitavam-no, embora alguns mais atrevidos, achassem que ele era doidinho. Uma daquelas figuras que existia nas aldeias, por quem se tinha algum carinho, como uma figura pública do lugar, mas de quem se ria, se fosse preciso, não se levando muito a sério, pois o que ele dizia …Incomodava!

Era uma espécie de profeta. Falava muito de Deus, a Quem temia. Descalço, como Jesus. Não sei se por sua convicção, se por dificuldades. De Verão ou Inverno, trazia sempre um chapéu preto de tecido, de abas largas, velho e gasto, do muito uso. Vestia sempre a mesma roupa, como um hábito, desbotado e puído.

Meu Pai, nessa altura, tinha um negócio, onde parava o Senhor Fernando da Mata…Era alguém que me recordo, ser muito respeitado, pelo meu Pai e empregados.

Falava muito de Deus. A sua postura era de alguém interiorizado. Pensativo. Temente a Deus. Criticava suavemente os desvarios e os exageros da época. Não poupava reparos dos erros dos políticos e a ele a PIDE não punia, porque era maluquinho (?…). 

Algumas pessoas gostavam de o ouvir, mas acabavam por ter medo do que ele dizia os poder atingir ou, não viesse algum bufo acusar, e até levar preso, quem assim o escutava com interesse e respeito.

Lembrei-me deste bondoso homem, nesta problemática triste. Miserável e horrível em que os pobres perdem tudo e até a vida, nos incêndios que devastam o meu País, depois de ter lido uma notícia pública (!!! ) que fala de arranjos. Negociatas de empresas, sob a capa de prestação de um serviço que vai esgotar o pouco que resta de  Portugal. Gasta-se  com estas desgraças urgentes o que temos e não temos, quando isso podia ser resolvido rápida e eficazmente pela FAP.

A Força Aérea Portuguesa foi posta de parte, num caso em que seria operante. Imediata. Barata e em que se evitava tanta perda. Sofrimento de todos nós!

Isto não o inventei. Até me dói falar neste assunto. Está aí on line. Nos jornais, com todas as letras bem explicado, com nomes e factos. Não podemos ignorar mais!

Acho que o mal avança, porque as pessoas não se mexem para fazer algo que mude todos estes arranjinhos , conforme se diz. Precisamos proteger o País dos filhos. Netos e vindouros.

Têm que ser postas no lugar, com as correcções necessárias, estas situações que vão trazer toda a espécie de desgraça, aos que não têm culpa de decisões manhosas. Interesseiras e outros nomes feios que não gosto de dizer, mas é urgente corrigir!

Miséria. Penúria. Doenças respiratórias e não só, nascem destas florestas queimadas, que não vão segurar futuras enxurradas. Tudo se desequilibra. Desmorona. Cria o caos, como bola de neve.

Querem saber, o que dizia o Senhor Fernando da Mata, em casos semelhantes, e que meu Pai recordava e eu ainda me lembro......
“ Sabe, Senhor Ferreira, os maus é que estão bem. Não temem a Deus, os desonrados, os bandidos, sem amor à Pátria, nem a ninguém, senão ao dinheiro e ao poder, não temem nada!
Fazem todas as maldades e coisas vergonhosas . Safam-se sempre! Matam e esfolam e estão sempre bem, porque o seu amigo que os comanda, é o Diabo! Deus nos defenda dessa raça maldita!”

E depois das profecias deste santo homem, que não fazia mal a ninguém, que mais se pode acrescentar?
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Dedico à memória do senhor Fernando da Mata, este pequeno texto:

Sou lúcidamente insano, malucamente calmo.
Sou lágrima, sou sorriso.
Pureza e pecado.
Sou silêncio contido, palavras abstractas.
Sou eterno no amor e efêmero na mágoa.
Sou tudo ou nada!
Daltri Barros

Lucinda Ferreira
14.8.16