Textos e pretextos
Relance - Gente da minha vida
A pureza de coração é
inseparável da simplicidade e da humildade; ela exclui todo pensamento de
egoísmo e de orgulho.. Allan Kardec
Vivia na Moendinha - S
Miguel – Vila nova de Poiares, uma personagem inesquecível. Era o Senhor
Fernando da Mata!
Eu era criança e ao
vê-lo, de barbas muito compridas. Descalço. Mal vestido, surpreendia-me sempre pela diferença. Não me recordo se pedia esmola,
mas era alguém muito desprendido.
Falava pouco e em voz baixa.
Pausadamente. Ainda tenho o timbre da sua voz nos meus ouvidos de criança.
Lembro-me que ele tinha um olhar muito profundo. Conhecia a Bíblia e evocava
passagens da mesma, muito contundentes, quando isso se adaptava a condições irregulares,
tal como o fizera Jesus Cristo.
As pessoas de bem,
respeitavam-no, embora alguns mais atrevidos, achassem que ele era doidinho.
Uma daquelas figuras que existia nas aldeias, por quem se tinha algum carinho,
como uma figura pública do lugar, mas de quem se ria, se fosse preciso, não se
levando muito a sério, pois o que ele dizia …Incomodava!
Era uma espécie de
profeta. Falava muito de Deus, a Quem temia. Descalço, como Jesus. Não sei se por
sua convicção, se por dificuldades. De Verão ou Inverno, trazia sempre um chapéu preto de tecido, de abas largas, velho e gasto, do muito uso. Vestia sempre a mesma roupa, como um
hábito, desbotado e puído.
Meu Pai, nessa altura,
tinha um negócio, onde parava o Senhor Fernando da Mata…Era alguém que me
recordo, ser muito respeitado, pelo meu Pai e empregados.
Falava muito de Deus. A
sua postura era de alguém interiorizado. Pensativo. Temente a Deus.
Criticava suavemente os desvarios e os exageros da época. Não poupava reparos
dos erros dos políticos e a ele a PIDE não punia, porque era maluquinho (?…).
Algumas
pessoas gostavam de o ouvir, mas acabavam por ter medo do que ele dizia os poder atingir ou, não viesse algum bufo
acusar, e até levar preso, quem assim o escutava com interesse e respeito.
Lembrei-me deste bondoso
homem, nesta problemática triste. Miserável e horrível em que os pobres perdem
tudo e até a vida, nos incêndios que devastam o meu País, depois de ter lido uma notícia pública (!!! ) que fala de
arranjos. Negociatas de empresas, sob a capa de prestação de um serviço que vai esgotar o pouco que resta de Portugal. Gasta-se com estas desgraças urgentes o que temos e não temos, quando isso podia
ser resolvido rápida e eficazmente pela FAP.
A Força
Aérea Portuguesa foi posta de parte, num caso em que seria operante. Imediata.
Barata e em que se evitava tanta perda. Sofrimento de todos nós!
Isto não o inventei. Até
me dói falar neste assunto. Está aí on line. Nos jornais, com todas as letras
bem explicado, com nomes e factos. Não podemos ignorar mais!
Acho que o mal
avança, porque as pessoas não se mexem para fazer algo que mude todos estes arranjinhos , conforme se diz. Precisamos proteger o País dos filhos. Netos e vindouros.
Têm que ser postas no
lugar, com as correcções necessárias, estas situações que vão trazer toda a
espécie de desgraça, aos que não têm culpa de decisões manhosas. Interesseiras e
outros nomes feios que não gosto de dizer, mas é urgente corrigir!
Miséria. Penúria. Doenças
respiratórias e não só, nascem destas florestas queimadas, que não vão segurar futuras
enxurradas. Tudo se desequilibra. Desmorona. Cria o caos, como bola de neve.
Querem saber, o que dizia
o Senhor Fernando da Mata, em casos semelhantes, e que meu Pai recordava e eu ainda me lembro......
“ Sabe, Senhor Ferreira,
os maus é que estão bem. Não temem a Deus, os desonrados, os bandidos, sem amor à Pátria, nem a
ninguém, senão ao dinheiro e ao poder, não temem nada!
Fazem todas as maldades e
coisas vergonhosas . Safam-se sempre! Matam e esfolam e estão sempre bem, porque o seu amigo que
os comanda, é o Diabo! Deus nos defenda dessa raça maldita!”
E depois das profecias
deste santo homem, que não fazia mal a ninguém, que mais se pode acrescentar?
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Dedico à memória do
senhor Fernando da Mata, este pequeno texto:
Sou lúcidamente
insano, malucamente calmo.
Sou lágrima, sou sorriso.
Pureza e pecado.
Sou silêncio contido, palavras abstractas.
Sou eterno no amor e efêmero na mágoa.
Sou tudo ou nada! Daltri Barros
Sou lágrima, sou sorriso.
Pureza e pecado.
Sou silêncio contido, palavras abstractas.
Sou eterno no amor e efêmero na mágoa.
Sou tudo ou nada! Daltri Barros
Lucinda Ferreira
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