Textos e pretextos
Expectativas
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Excesso de expectativa é o caminho mais
curto para a frustração. Martha Medeiros
A expectativa
é a mãe de muitas trapalhadas. Desgostos. Fugas de energias. Confusões.
Desânimo. Decepções. Encrencas…
A expectativa
é filha da ilusão. Do controle. Da manipulação. Da não aceitação. Do comando.
Da negação da liberdade do outro. Da atitude de falsa protecção, nascido no
“Quero. Posso e mando”. Da previsão do que vai acontecer…
A expectativa
gera cobrança. Irritação. Descontentamento. Discussão. Desentendimentos.
Rupturas. Desilusão. Ingratidão.
A expectativa
rema contra a maré, isto é, o fluxo da vida que ninguém consegue deter. Que
ultrapassa tudo e todos. Leis do Universo que não admitem ser contrariadas e
são mais fortes do que a fragilidade de qualquer humano, qualquer que seja a sua
presunção.
A expectativa
recai sobre tudo e todos!
A pessoa que alimenta expectativas é necessariamente
competitiva. Calculista. Mesquinha. Está sempre programada. Egoísta. Alimenta
ressentimentos. Não suporta ser contrariada. Não fica grata por nada, já que
acha que tudo lhe é devido. Tem super auto estima. É a maior. Acha que tem
direito a tudo e mais alguma coisa.
É um “atributo”que se encontra
desenvolvido nos políticos! Se não tiver expectativa
= ambição, como pode ser político?
Por causa da expectativa o ser humana está sempre descontente. Incompleto.
Insatisfeito e triste. Acha que tem sempre direito a muito mais. Se o outro
tem, “por que razão é que eu não tenho”, pergunta-se, desgostoso, quase
revoltado e com raiva. “Mereço menos do que o outro”?!
Como tem expectativas a mais, acha sempre pouco aquilo que tem. Não repara,
nem contabiliza o que lhe é oferecido. Muito menos agradece, mesmo quando a
vida já lhe deu tanto!
Só olha para o que não tem. Nem goza e
usufrui, tudo de bom que possui. Não agradece nunca!
Nunca sente que recebe, pois acha que
tem direito a tudo e muito mais, dentro do espírito de exigência, que raramente
corresponde ao que esperava. Daí viver infeliz. Descontente em permanente
decepção.
E
por que havia o Universo de satisfazer os seus caprichos e ambições, se não o
conquistou, nem atraiu
com a sua vibração energética?
Se nada semeou, como quer colher?
Agora vamos inverter esta atitude da expectativa…
O supremo amor é aceitar o outro como
ele é.
O que gera as discussões, as separações,
os mal entendidos são as expectativas.
Deus ama-nos tal como somos!
Por que havemos de insistir na atitude
contrária, colidindo com a liberdade e o respeito pelo outro?
Homens e mulheres pretendem encontrar
nos companheiros, modelos que construíram nas suas cabeças. Quando não corresponde
ao que previram, não aguentam. Divorciam-se sem se questionar estas verdades
simples e o exercício de se mudarem a si mesmos, para que o outro mude também.
Isto claro, quando há amor, porque se
foram movidos pelo interesse e egoísmo, estas coisas são impossíveis e não
ocorre reconciliação. Separam-se, na ilusão de cruzarem outra pessoa que se
submeta às suas exigências, porque não quiseram mudar. Ir à raiz da questão.
Disponibilizarem se para resolver o desentendimento com cedências mútuas.
“As pessoas não se precisam, elas se completam...
não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objectivos
comuns, alegrias e vida.” Desconhecido
Entrar no fluxo da vida. Nada se desejando
e tudo se agradecendo, como uma dádiva. Um
presente que se acolhe com alegria e se valoriza, torna todos mais felizes.
Muda o espírito da expectativa, filha do ego.
Sente-se que tudo o que vida nos deu, incluindo
as pessoas, são bênçãos que valorizamos sem competições. Sem esperas eivadas de
rigidez e imposição (ainda que veladas…)
Coisas maravilhosas com que não se
contava, já que nada se esperava, acontecem! Nasce uma profunda gratidão de
onde brota alegria nas situações mais simples. Os elos se reforçam.
Talvez valha a pena equacionar estas posturas…
Mudar o que for necessário, como sinal
de grandeza compassiva, levados pela inteligência do amor!
Viver é deixar fluir
a essência daquilo que somos em meio à turbulência que nos cerca, sem temores
ou ansiedade. Ao permitir que aquilo que sentimos complemente nosso lado
racional, criamos a fusão que resulta no equilíbrio entre nosso interior e o
mundo à nossa volta.
Lucinda Ferreira