Histórias de Noa-Até quando…
Não há lugar para a sabedoria onde não há
paciência.Santo Agostinho
Noa interroga-se e fica triste.
Pensa para si …Até quando caminharemos para o abismo, sem saber o que
andamos a fazer?
Imagina, quantas vezes, se deu conta que foi agressiva e que não era isso
que desejava.
E por que razão isso terá acontecido?
- Falta de paciência, conclui.
Porque está andando a 200 à hora, num ritmo alucinante que o seu corpo nem
aguenta e não consegue parar?!
Pior que isso, nem sabe bem o que anda a fazer. Como gastou o seu tempo. A
net? Os telefones? A televisão?
Tanta coisa e tanta solidão, pensa Noa. Afinal quem é que controla sua
vida, o seu tempo? Quem é que a empurra para o caos? Para a inconsciência? Para
a tal impaciência que só lhe trás desgostos?
Ambição? Falta de consciência?”
Pára. Caie si. Precisa saber quem é.
Uma amiga, um livro, uma palestra…Percebe que…
a disciplina é precisa!
Percebe que tem compromissos a mais. Só quer estar onde não está. Tem
pressa de viver. Perceber que está viva. Realizar os seus sonhos de dia para a
noite. Quando não consegue, culpa os outros. Diz que já fez tudo e não tem
sorte. Desiste. Fica ansiosa. Tem crises de pânico. Deprime!
Felizmente aparece uma luzinha, no fundo do túnel que lhe diz: Não percas o
pé. Não penses que são os médicos que têm magia, ou químicos que te curam.
Resolvem os teus problemas.
Noa sente falta daquelas amigas verdadeiras. De uma família coesa e grata.
De um mundo solidário. Compassivo e bom. Ela sabe que abrir-se, escutar a
opinião de alguém em quem confie, mesmo que ouça coisas que doem, podem ajudá-la
a abrir-se para dentro. A sair do rodopio infernal dos barulhos e das ilusões
impostas por sistemas e modelos, de grande controle e violência subliminar.
Recupera o bom senso. O juízo perfeito. Percebe que
se esqueceu de esperar, sem desânimo.
Faltou-lhe a paciência.
Enquanto
estiver viva, tudo lhe é possível. Tudo está em aberto.
Não corre mais ao vento.
Repara que muita gente partilha. Partilha, mas quando partilha, não percebe
que sai do seu centro. Perde o deleite de saborear o momento que passa e não
volta.
Advêm o stress. O desencanto. A insatisfação. E corre. Corre. Corre. Fica
doente…Seu corpo lança SOS.
Gosta de viver. Resolve aquietar-se. Sentar-se. Pensar o que anda a fazer
da sua vida. Quando entra no seu íntimo, gosta mais de si.
Entende que tudo tem
o seu tempo. Acordou. Sabe agora que a pressa é inimiga da perfeição. A
precipitação leva a cometer erros. Tudo o que é rápido dura muito pouco.
As grandes árvores têm fortes raízes, só com o tempo. A paciência faz parte
da Natureza.
Noa deixou de correr. De fugir de si mesma.
Há dias, escutou: “Mal chego a casa, abro a televisão e rádio. Tudo ligado.
Gosto de barulho ao meu redor”.
Teve pena. Pensou para si: Puro engano. A alma alimenta-se de silêncio e quietude. Exige paz para ter equilíbrio.
Noa pensa : Telemóveis? Outra praga inimiga da paciência.
Noa, repara que na rua, ninguém está onde está. O momento presente não existe. A
inconsciência cresce. As pessoas falam e negam o que disseram. Falam no ar. Ao vento.
Nos restaurantes. À mesa, junto da família, o telefone continua a debitar
chamadas. Não foi desligado…
Num evento, mandam se fotos: se o outro não responde imediatamente, julgam que teve um ataque.
Exigimos e não sossegamos: Queremos partilhar a vida, para
termos a certeza que estamos vivos. Temos medo de viver, mas assim não se vive
por falta de atenção, ao momento presente. Fica se num desassossego.
Nervosíssimo. Somos vítimas da realidade que criamos, arrastados na corrente.
Quer-se aparecer. Quer-se para ontem o resultado de tudo que é feito.
Pressas e impaciência nas filas. As esperas desesperam, por impaciência.
Um dos frutos do espírito, a paciência, falta na família. No trabalho. Nos relacionamentos.
Na promoção da Saúde. Na harmonia de uma vida feliz.
Observar a Mãe-Natureza numa sementinha que espalhamos, ajuda a perceber o
ritmo da vida. Colhem se preciosas lições, pois somos obra do mesmo Criador.
Regar a nossa alma é dar lhe um espaço de serenidade. Calma. Paz. Alimentá-la
com oração. Silêncio. Uma atenção especial com a certeza que o corpo e espírito,
intimamente ligados, têm necessidades diferentes.
Aceitar o ciclo, respeitar o fluxo da vida, observando o tempo passar, sem
correrias, nem as loucuras das pressas que alucinam. Destroem a paciência, é
agora a grande prioridade de Noa!
Os vencedores são pacientes. Persistentes.Disciplinados. O sucesso não cai
do Céu. A falta de paciência é causa de todos os males!
Noa acha que, vítimas das correrrias, se desaprendem as virtudes
essenciais, para saborear e agradecer a vida tão rara!
Treinar a paciência é o segredo de todas a coisas, diz hoje, Noa!
(Aquele que tiver paciência terá o que deseja. Benjamin
Franklin)
Tudo está em nossas mãos, afinal. Diferimos dos animais pela auto
consciência e responsabilidade ou o leitor acha que não? (…).
Já agora, tenha paciência…Repare no que diz Beethoven..
Tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo
algum bem.Ludwig van
Beethoven
Lucinda Ferreira ...Coimbra , 10 de Abril de 2019
Sem comentários:
Enviar um comentário