“Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz”.
Tom Jobim
Tom Jobim
Não sei se ela era uma Irmã
Uma Filha querida
Mas sei que era uma Amiga
Quando acordava
Olhava para ela
Muito gostava de a ver
Fazia me companhia
Alimentava a ilusão
De neste sítio viver
Como quem não vive num deserto
Numa prisão…
Quando roçava na parede
Gemia
(...Não sei se adivinhava a sorte que esperava)
(...Não sei se adivinhava a sorte que esperava)
Em frente da minha janela
Bailava graciosa
Lembrando o mar
E eu adormecia
Embalada por ela
Às vezes, vestia- se de flores
Outras, muito verde
(Elegante. Pudica. Nunca ficava nua.
Talvez por viver na rua…
Ou por amor às aves
Que a escolhiam florida. Colorida. E nela pousavam
Repousavam. Cantavam
E… artistas. Felizes me saudavam…)
.................................................
Ou acastanhada, aparecia pintada
Em seguida, que surpresa
Sugeria um banquete
Lauta mesa
Plena de frutos verdadeiros.
Pendiam os primeiros
Mais a cima, quantos pendurados
Verdes. Acastanhados. Dourados…
Por ali acima, até aos cimeiros…
Mas…
Um dia, a desgraça bateu à porta.
Comecei a cismar.
A ficar triste…
Para não me inquietar
Tinha que a cortar!
Gritou dentro de mim o coração:
“Não podes cometer essa traição”!
Tantos anos a crescer
Para assim agora
Sem dó nem piedade
A bela ser morta.
Cortada?!
Morrer?!
Frente à tua porta?!
Mas tinha que ser…
“Razão de estado, em nome da paz”
Como (em Coimbra,) Pedro e Inês
Inveja mordaz
Ou maldade feroz
Tanta pressão assim quis. Assim fez.
Só Deus sabe...
Por terra, a pobre jaz.
Olho para ela no chão
Chora em silêncio o meu coração.
O tronco rolando
Depois será Cortado. Queimado
Olho o vazio
Ali do meu lado
E sinto a dor de a ter cortado…
Aquela sorte
Não merecia a minha amiga,
Uma tal morte
Até a raiz expurgada
Para não teimar e viver
Pois se crescer
Destino maldito a espera
O mesmo padecer
O mesmo padecer
E eu impotente
Não a poderei defender, a minha querida
Alimentá-la. Regá-la. Depois… Vê-la morrer
Matá-la?!
Nunca mais pode acontecer!
Maldito seja o prazer de destruir.
De não ter
Nem deixar possuir.
Não pudeste viver
Não te deixaram ser
Não aguentaria, tornar a ver te cair.Sofrer
Minha amiga, minha Árvore querida!
(Amo-te sempre , mesmo que já não te possa ver)
(Amo-te sempre , mesmo que já não te possa ver)
Lucinda Ferreira
27.11.17
“
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