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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A Palavra fala da abundância do coração!

 A Palavra fala da abundância do coração!
Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos: eis a verdade….Jean Paul Sartre




A Natureza espreguiça-se.
 Prepara para um longo sono outonal e chuvoso, enquanto o Sol vai passar férias a outras paragens, enchendo de luz e calor outros longínquos irmãos.

Ainda assim o meu Sol interior está vivo!

Hoje é o dia da alegria. Estou viva. Posso respirar. Ver e sentir. Tenho Deus no meu coração. Sou grata por tudo e por todos.

Parti costelas há quase um mês. As dores são tão amigas que nunca me abandonam…

Estou feliz e agradeço ao Criador. Sei que a minha vida Lhe foi entregue. Por isso tudo o que me acontece traz em si um bem maior. E de facto assim é.

Cessaram as correrias. A minha conversa com Ele é mais íntima e contínua em tudo que faço e sinto.

Estou muito só fisicamente, mas tenho paz. Posso pensar.

 Não tenho podido sentar-me. Hoje pude fazê-lo.

Saúdo a todos que me lêem.

Aproveito ainda para felicitar a directora deste Jornal, a Dra Zilda Monteiro, sempre atarefada e aplicada a tudo que faz com entusiasmo e responsabilidade.
Tive o grato prazer de a conhecer um dia quando veio a minha casa, entrevistar-me. De resto era sempre pelo telefone que falávamos a correr.
Aquando do encontro no Café de Santa Cruz que muito gostei, percebi mais uma vez como era generosa e como a sua dedicação a levava a ir buscar os mais velhos para que o encontro fosse perfeito. Atenta a tudo que promova e enriqueça as suas tarefas, não se poupa a esforços.

O que aconteceu naquele encontro foi lindo. É pena que não ocorram outras iniciativas semelhantes. Reunirmos todos cujo elo “Despertar” nos diz alguma coisa é gratificante.
 Quem sabe isso poderia enriquecer o jornal e a quem a ele se entrega apenas pelo prazer de comunicar, se houvesse mais diálogo entre todos?
 É que estou de acordo com Alfred Montapert quando diz: “Somos totalmente responsáveis pela qualidade da nossa vida e pelo efeito exercido sobre os outros, construtivo ou destrutivo, quer pelo exemplo quer pela influência directa das nossas palavras”.
Não temos o direito, aberta a possibilidade de nos expressarmos, de semearmos desânimo. Negatividade, tenha ela o “formato” que tiver.
…………………………………
Hoje calmamente li o jornal. Um leque variado de assuntos para todos os gostos.

Cinco longos artigos da autoria da Drª Zilda Monteiro enriquecem o semanário, levando-nos a viajar pelas particularidades regionais. Pelas novidades. Acontecimentos e figuras marcantes da cidade.

Visitei ainda o Dr. Manuel Bontempo que prezo e admiro como pessoa e pela sua fidelidade. Atenção ao mundo, numa produção fértil e diversa.

Li com particular interesse as memórias carinhosas para com a sua terra e gentes, do jornalista Sansão Coelho.

A repetida nostalgia saudosa da professora. Pintora e amiga Alda Belo, condizente com a época outonal, desencadeou em mim este desejo de gritar que nada nem ninguém nos pode entristecer, quando o Sol Maior que nos ilumina é de dentro para fora!

Ninguém se pode sentir, ao mesmo tempo, responsável e desprezado., dizia  Antoine de Saint-Exupéry e isso é verdade, minha amiga.
Nós a apreciamos e lhe queremos todo o bem!

A figura do amigo Aníbal Duarte de Almeida que nos deixou em 17 p.p., não se apaga em nós! A sua marca particular em dedicação a esta cidade e as causas tão válidas como as que abraçou, só morrerão em nós quando partirmos. Ainda assim o seu perfume ficará no ar nas ruas e no coração dos que com ele privaram.

Quem não conhece pessoas que ao verem alguém necessitado, mas com bens, se não faz de imediato insubstituível, afastando quem lhe possa fazer sombra? 

Claro, não por amor ao outro, mas por interesse vergonhoso e oportunista no que aquele possui.

A prova é que alguém pode está a morrer de abandono, mas se não tiver nada mais vantajoso para deixar do que o serviço que se presta, nem que seja um simples copo de água, surgem mil desculpas de imediato de indisponibilidade de ajuda. Doenças pessoais. Afazeres urgentes. Dificuldades de toda a ordem e sei lá que mais. Nem sequer há tempo para ouvir a queixa…

Egoísmo. Ganância. Pura marca de soberba. Domínio. Posse, só isso empurra para a acção tais pessoas.

No fundo, digo como Fiodor Dostoievski 

Todos somos responsáveis de tudo, perante todos.
…………………………………
Ora Aníbal Duarte de Almeida defendeu a causa dos que não tinham NADA!

Para não deixar dúvidas a maldizentes, não foi só uma vez. Foi durante muitos anos.
 Lembro-me de fazer animação na Casa dos Pobres do Pátio da Inquisição, há muitos anos, e ele já por lá andava. Era muito cioso do que fazia e do seu papel…

Portanto à sua memória, toda a nossa gratidão. Apreço e respeito.

“ Vinde benditos de meu Pai, pois tive fome e deste-me de comer. Tive frio e deste-me de vestir…”

… E hoje podíamos ainda dizer:
Era velho. Abandonado. Doente. Sem Família. Sem abrigo…E tu amigo Aníbal, lutaste por cada um deles fosse teu irmão e de cada um de nós.

Obrigada a todos os “Anibeis” que semeiam a paz. O amor. A alegria. A solidariedade. A palavra confortante. A gratidão. Que se esforçam na adversidade e na alegria, por descobrir a beleza dos nenúfares que desabrocham no pântano, sem se fixarem no lixo, tentando lavar o que outros sujam. Que se fixam apenas nas coisas boas que a vida dá a todos e a cada um sem excepção e que só alguns aproveitam, ao pôr de parte a vitimização. A choradeira. A maledicência sem nada construírem de positivo. O hábito de serem o centro das atenções e do mundo.

Obrigada a todos os que semeiam a esperança em tempos difíceis, construindo alternativas solidárias, sem perder tempo na auto e hetero - destruição do meio ambiente em que se movimentam.
 Quem sabe se temos o direito de fazer isso, quando ainda temos tanto, perante tantos que tudo sofrem em silêncio? (Não têm, nem nunca tiveram (...) que comer. Casa. Saúde. Família. Nem amor de ninguém... E nunca se queixam).

Quem sou eu para julgar quem quer que seja?
A verdade é que sou livre de analisar o que me apresentam.
Temos todo o dever e a responsabilidade de não poluir o Planeta nem física. Nem mental. Nem espiritualmente, sobretudo temos que trabalhar o nosso aperfeiçoamento interior e a elevação da consciência, enquanto ainda temos capacidade para isso!

Não será que somos responsáveis por aquilo que fazemos, pelo que não fazemos, e por aquilo que impedimos outros de fazerem com o nosso pessimismo e má língua?
Lucinda Ferreira 

30.10.15 


2 comentários:


  1. Manuela Santos
    Manuela Santos Sim, minha querida. Li o texto todo com muita atenção, quase de um fôlego. Tu escreves com imensa paixão. Sente-se a tua calma,a tua doçura, a tua beleza em cada palavra.

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  2. Tens toda a razão, minha querida. Estou de acordo com tudo o que dizes neste magnifico texto que adorei ler. Desejo que o sol continue a aquecer-te em todos os dias da tua vida por muitos anos, para que possas continuar a "despertar" a humanidade para um mundo melhor.

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