Ontem tive que ir ao Porto.
A 1.ª aventura começa, quando se procura um lugar para deixar o carro , próximo da estação dos caminhos de ferro...
Depois, embora chegue sempre mais cedo para t irar bilhete e me organizar para não corrrer, ao chegar, tive a surpresa de saber atrasado o combóio rápido em mais de uma hora.
O calor apertava e não se pode dizer que estação B em Coimbra, seja uma maravilha para se estar.
O mesmo não diria da estação de caminhos de ferro em Antuérpia, Bélgica, que certamente conheceis e que é uma beleza...
Bom , mas pensando melhor, resolvi apanhar um combóio até Aveiro,.Depois aí, apanhar 1 combóio urbano e chegar mais cedo ao meu destino num dia de 30 graus de calor...
Pensava eu e algumas pessoas que ficaram em terra, que chegaríamos mais rápido.
Chegámos a Aveiro ao meio dia e 17 m para apanhar 1 combóio numa linha distante, q ue partiria às 12 he 19m!.. sem qualquer contemplação com o que se estava a passar em matéria de atrasos.
E partiu.
Nós é que ficámos a secar 1 hora, à espera do próximo transporte, porque aquele, tendo de tirar o bilhete na bilheteira atrás de uma estrangeira q fez mil perguntas, não esperou e...no cimo da escada já...vimos partir o nosso trem.
Bom, como estou sempre em serviço, e sei q nada acontece por acaso e que estou sempre no lugar certo, porque entrego a minha vida a Quem ma concede, resolvi escutar alguém que tinha muita necessidade de falar de si . E falou muito tempo. Até gostei de ouvir.
Era um sobrevivente, piloto aviador, do célebre desastre de aviação da Serra do Carvalho , em Vila Nova de Poiares.
Estava eu em Poiares, nesse altura e lembro-me de ter ouvido 1 grande estrondo e logo de seguida se saber q cairam 8 aviões na Serra.
Fui lá ver com a minha mãe .
Fiquei mt impressionada, porque numa amálgama de ferros cortados aos bocadinhos ( algumas pessoas traziam um pedaço, como recordação...macabra...), encontrei uma mão carbonizada e um dedo humanao.
Por estas e por outras, o sonho de seguir medicina, foi por água abaixo, tanto me impressinaram estas coisas.
Bom ,mas então o meu interlocotor, um dos pilotos sobreviventes (4) desta esquadrilha, contou-me tudo ...
Adorei ouvir e perceber, situações que os leigos nunca podemos imaginar.
Ainda antes deste relato, esta semana, sem saber como, recordava o acidente e me lembrava que o filho do general Craveiro Lopes também aí tinha perdido a vida.
Coincidências? Nao sei explicar.
Acontece-me muitas vezes, vir-me insistentemente à mente, pessoas que não vejo há muito. Mas é tão insistente que me pergunto as razões e...oro por essa pessoa.
Bom este senhor de idade respeitável, muito viajado e sábio, tinha participado na construção da barragem de Caborabaça, e muitas outras obras de releveo, assim como o seu pai de quem me mostrou fotos e de sua mãe.
Mas com que carinho falava dos seus...
Depois avô, acabou também por dizer como a víbora Mocamba pendurada nas árvores, picava sorrateiramente o pessoal dos cafezais e como lhes dava morte horrorosa.
Enfim muitos dos mistérios de África de que me falou com paixão e entusiasmo e que eu segui com todo o interesse...
E lá me despedi de um avô encantado e preocupado com a sorte e o futuro dos seus netos, o que aliás acontece a quase todos nós.
Mas os meus encontros não ficaram por aqui.
Antes , tinha-me cruzado com uma enfermeira, que eu recebera aquando da sua primeira inscrição no seu curso, na Escola Ângelo da Fonseca .
Já não nos víamos há mais de 30 anos! Foi giro. Claro que conversámos bastante. Fizemos o balanço das nossas vidas.
As as coisas melhoraram, quando ela soube que tinha trabalhado com um familiar meu , médico e de quem tinha a melhor recordação e por isso muito estimava.
Mas viagem prosseguia, entrando uns e saindo outros.
Até houve um homenm de meia idade, que entrara num apeadeiro, sem bilhete e que não sabia para onde queria ir...
O revisor esforçava-se para lhe dar sugestões ,mas ele não sabia.
Por fim , reparei que ao sair, até deixou uma peça de roupa , por sinal bastante boa.
Bem já a meio da tarde, depois de ter perdido o combóio, etc., etc..lá cheguei ao meu destino.
No regresso, o combóio foi mais rápido.
Entretanto, no Porto e depois em Aveiro, sentaram-se ao meu lado duas criaturas bem diferentes.
Uma ligada de profissão a animais , trazia carinhosamente , numa transportadora, uma gatinha de uma cliente, que esta recolhera no caixote do lixo.
O bichinho dormia em paninhos macios com a barriguinha consolada com leite apropriado para gatos, portanto protegida da morte se lhe dessem leite de vaca.
E lá fiquei felicissima por sentir que alguém se interessava por proteger um triste animal abandonado.
Também já recebi emails , mostrando a cena de bébés na China, que são abandonados no caixote do lixo...outras conversas...
Finalmente, sentou-se ao pé de mim, uma senhora de meia idade, com uma Bíblia - A Bíblia para as Mulheres...
Tive curiosidade e perguntei que Bíblia era aquela.
Muito solícita , mostrou-ma . Tirei todas as referências, mas foi-me dizendo que era tudo igual , embora tivesse em rodapé, explicações que ajudavam a Mulher a ser mais feliz e a perceber melhor a Palavra de Deus.
Entretanto, disse-me que ia para Lisboa para uma jornada de oração.
Ficariam toda a noite de vigília, orando a Deus em louvor e perdão! Maravilhoso.
Enfim conversámos mesmo. Não aquela conversa que fala do tempo e de banalidades ,mas em que não se diz nada.
Gostei de todos os meus encontros e na verdade, acho que viajar é sempre um mistério muito belo e enriquecedor.
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