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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

NEM SOMBRAS , NEM DUVIDAS!



 Nem sombras, nem dúvidas

 

 




(retrato da minha alma)

A minha alma

É um dia de Sol resplandecente

Cheio de Alegrias e promessas

A Tua Luz, Poder e Amor

Rodeia-nos a todos, por igual

Está disponível

Para quem quiser usufrui-la!

Hoje, eu a toquei com leveza…

Hoje, Pai Criador

Eu te descobri mais profundamente

No ar que respiro

No Sol e no verde das plantas

Nos Animais sem erro

Nos rios e nas flores

Em todos os irmãos que cruzar

Neste meu dia de Luz

Em que vou amar sem limite

Como Tu me amaste primeiro

Semeando em mim

Este desejo

De ser Tua e te servir

Ser o Anjo

Que sempre quiseste que eu fosse

Desde o momento da minha concepção.

Não tenho palavras

Para te falar da minha gratidão

Mas quero expressar te

O meu amor intenso

Fusão de tudo que és em mim!

Sou tua, por toda a eternidade

Sem sombras nem dúvidas

Te bendigo e dou graças

Pelo que hoje, sou em Ti,

Neste mundo,

Onde me inseriste

Sou toda tua

Até ao fim!

Lucinda Ferreira

 Coimbra, 29.10.2020

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O TEMPLO

O TEMPLO 

    
Um quadro de Lucinda Ferreira





 A respiração é a chave da vida que abre o nosso Templo Sagrado: o nosso Corpo! Lucinda ferreira 



img net



O corpo é um Templo Sagrado que devemos respeitar e cuidar, sem o propósito exclusivo de sermos esbeltos e cheio de vaidade, mas pelo respeito que nos merece algo tão perfeito que nos foi oferecido por amor, como oportunidade de evoluirmos. 


Para viver com saúde, entre muitas outras coisa, temos que:

 • Beber água de qualidade (em determinados momentos especiais do nosso dia e em quantidades convenientes)

• Fazer exercício, sem exagerar.
 
 • Comer saudável (sem corantes. Enlatados . Enchidos. Sem gorduras em excesso. Álcool. Sal em excesso. Açúcar. Farinhas brancas. Respeitar horários. Não ingerir mais alimento do que o necessário.
 • Dormir um sono de qualidade, com as horas necessárias, entre as 21 horas e as 6h da manhã. Evitar luz de ecrãs, filmes violentos e estômago cheio, antes de descansar. É importante não haver qualquer luminosidade no quarto (luz de presença, relógios luminosos ou mesmo o sinal da TV . De preferência não haver tv no quarto). O dia é para usufruir da luminosidade (óculos de sol são discutíveis, por este motivo). Oito horas de trabalho. Descanso e lazer 8h e 8 horas para dormir, durante a noite, será o ideal. 

• Entre outros factores, há dois fundamentais, para equilíbrio e bem estar do corpo e do espírito: os afectos e o alimento .

 • É bom ter a noção de que a mente interfere no corpo e o corpo age na mente, sabendo que é o nosso pensamento, emoções e acções causam a doença ou a saúde.
 
Quando tudo está dentro das balizas do respeito por esta máquina tão perfeita e nossa amiga, que nos foi emprestada por uma inteligência superior, que pensou nos pormenores mais incríveis (e que hoje o Homem não pára de descobrir), somos saudáveis!

 Resumimos o conceito da OMS, sobre o que é Saúde .Diz a Constituição da Organização Mundial da Saúde:

Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. 

O corpo saudável é o laboratório mais exímio e perfeito que funciona sem problemas, quando o respeitamos. Cuidamos e amamos.

Para adoecer temos que fazer muitas tropelias e não o honrarmos durante muito tempo. 

Precisamos então de comer.

Descansar.

Fazer exercício. 

Expressar nele o equilíbrio do nosso espírito.

 Verificamos contudo, que podemos passar algum tempo sem comer. Sem beber. Até sem descansar, mas há algo que se apenas por minutos não respeitamos, não vivemos!

Respirar, esse fôlego que une o corpo ao espírito, se não respirarmos, somos cadáveres muito rapidamente!

E agora, vejamos se cheios de stress. Medos. Raiva. Guerras e emoções tóxicas das piorzinhas, que tipo de respiração praticamos

Nem nos lembramos que respiramos! 

A parte do nosso cérebro reptiliano encarrega-se de todas as funções, digestão, batimentos.  Mas, como as trocas gasosas nos pulmões, (mandando oxigénio para o nosso coração que este, no sangue oxigenado, distribui por todos os nosso órgãos, sem parar, desde o primeiro minuto da nossa existência), nem sempre são as melhores.

Muitos factores podem influenciar.

Até parece, que o corte abrupto do cordão umbilical ou outras anomalias no nosso primeiro acto respiratório, trazem graves problemas de respiração ao longo das nossas vidas...

Causas exógenas e endógenas têm grande influência no acto respiratório tão fundamental para vivermos com saúde!

As condições externas, das quais devemos fugir, são identificadas facilmente: poluição de toda a ordem, tabaco, etc, mas as internas dependem exclusivamente da nossa responsabilidade!

Do respeito pela vida e consequentemente pelo nosso corpo, TEMPLO SAGRADO, que nos permite viver, Amar. Ser saudáveis.

 E como é que se lá chega?

- Pelo alargamento da consciência e busca de conhecimento.

Estudo e prática da boa respiração. Perceber como a ansiedade e o pânico. As emoções tóxicas de toda a ordem , como a raiva. O ódio e a inveja . As impaciências. Os medos. O controle excessivo. O julgamento. A resistência e teimosia. O apego. A competição, e todas as deficiências de uma postura desequilibrada,competitiva prejudicam uma boa respiração! 

Necessitamos de alcançar a paz interior, eliminando e retirando das nossas vidas as pessoas e as situaçoes perturbadoras, para alcançarmos uma respiração consciente que muda todo o nosso pensar e atitude perante o Universo. Os outros e sobretudo nós mesmos! 
Também podemos fazer o caminho inverso: começar pela respiração consciente, e chegarmos à desejada mudança, que nos ajuda a afastarmos tudo o que nos perturba!
..e rapidamente alcançar uma respiração diafragmática que muda seu estado de espírito e tudo que precisa, para ser feliz..E muito mais!

Respiração é a expressão da vida!

Os pensamentos controlam a respiração e a respiração controla os pensamentos! 

Ficam aqui as pistas. 

Tem que querer mudar. 

Trabalhar para descobria o que precisa, e o segredo da sua vida resplandecerá dentro de si!

 A respiração é a chave da vida que abre o nosso Templo Sagrado!

Coimbra, 18 de Outubro de 2020
Lucinda Ferreira
img net

domingo, 4 de outubro de 2020

Significado - DespertarSignificado

 Significado

(Um quadro q pintei) 


Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que você descobre por quê. Mark Twain

 

 

 

O mais importante da vivência humana  é dar significado à sua existência.

Mas como é que isso acontece?

Ter uma sensação de vazio.

De se sentir perdido/a.  Aborrecido. Irritado. Sempre descontente. Desiludido com todos e com tudo.

Sempre criticando.

Sempre virado para fora de si! 

Obrigado/a viver situações confusas e sem saída.

Conflitos. Depressão e solidão.

Emaranhado de complicações, sem fim à vista e…sei lá quantas outras trapalhadas em que a pessoa se sente enredada...

E o diagnóstico já está esboçado…

Que tal a sua vida espiritual?

- Qual vida espiritual, pergunta com desinteresse ignorante e até com uma ponta de ironia e total desconhecimento da necessidade de cultivo da vida interior, tão importante como o corpo , que tudo observa e somatiza?

E depois adoece. Não sabe a razão.

Diríamos então:

Os animais têm medo da morte. Têm sentimentos. E dizem que os animais não têm consciência…

Será que há muitos humano que não têm menos consciência do que os animais?

E podíamos enumerar imensas situações tristes de  políticos que protegem mães que matam filhos indefesos, por nascer (…), ou mesmo recém nascidos…Filhos que matam os pais , etc.. etc… etc…

E os animais fazem isso?

Mas ainda assim, ao homem difere de animais, “numa única e verdadeira diferença”: a grandeza da “capacidade ‘intrínseca” de transcender e de dar significado à sua existência!!!

Dimensão que nos fez ascender a planos incríveis de alegria. Esperança. Bem-estar e até êxtase, ao viver no espírito!

 E agora em que ficamos?

Contentamos-nos em comer?

Beber? Procriar? Passear? Mandar? Ser importantes?


Enfim a dimensão do ilusório, basta ao homem terráqueo, como alguns costuma dizer, “morre o homem, morre a peçonha?”

E ficam-se pelo mais básico e primário, por que razão?

- Por negam e são incapazes de assumir e reflectir? Perceber, que somos de uma grandeza infinita e eterna?

·     Contentam-se com a dimensão animal?

·     Têm incapacidade e ou medo, de se comprometer?

·     Por ignorância e comodismo?

·     Por alienação?

·     Fica este convite à reflexão e auto análise.

 Esta sugestão para ir fazendo o seu exercício de autoconhecimento, antes que a licença se acabe…

·  Lembre-se do essencial:

somos um ser espiritual a fazer uma experiência na matéria!

·     Viva todas as suas dimensões.

·     Dê significado à sua existência!

·     Não se contente em se integrar numa religião. Isso pouco ou nada conta.
Fazer muitos gestos e fanaticamente, estar muito contente. Tranquilo, sem mudar por dentro e testemunhar isso, de nada conta.

·    Vire-se para dentro e cresça interiormente, manifestando fora, o que vai dentro.

·     Compreenda que a vida sem sentido, sem significado, é Nada.

·     Viva em plenitude, dando significado à sua vida!

·      Queira ser feliz e partilhe esse segredo, com a Humanidade.

·  Recorde-se sempre que as mudanças nunca acontecem de forma espontânea, mas que valem a pena!

·      Coimbra, 4 de Outubro 2020

·      Lucinda Ferreira



terça-feira, 22 de setembro de 2020

O Herói

 O Herói


No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz. Ayrton Senna

 

  O tempo de verão, nesta época em que vivemos, é quase um susto! 

 

Os cardíacos morrem, porque o calor arrasa.  


Os incêndios são o maior flagelo. Ladrão indiferente. Implacável.

Chega quadro menos se espera.


Leva vidas e tudo que encontra pela frente!


Chega de mansinho...De repente. Sem avisar.

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Durante 15 anos, fui vice-presidente, servindo nos Bombeiros Voluntários de Coimbra.  


Vivi intensamente aquelas emoções de socorro e perigo.


Dei sempre o meu melhor. Talvez tenha uma costela de bombeira. É preciso, mas não é fácil.


Todas as vezes, que aquela sineta sinistra toca a socorro, todos nós sentimos o coração aflito a saltar do peito, batendo mais forte e apressado!

……………………………………………………………………… 

Trim…Trim…Trim…Trim…Trim…


A enferrujada e velha sineta, meia desgastada, indiferente à nossa apreensão, insistente e aguda, nunca mais se cala!


O trânsito pára, curioso e consternado, e lá vão eles por cima de toda a folha…


Trim …Trim…Trim….Trim …Trim.. ferindo os nossos ouvidos, deixando-nos em alerta permanente, ressoando sem parar!

………………………………………………………………………

Nos arredores da cidade de Coimbra, não muito longe, o Comandante das operações no terreno, abre muito os seus olhos!


Berra! Berra muito, para ver se consegue ser escutado, pelos que estão mais longe!


A adrenalina sobe em todos os seus homens, desde os mais jovens aos mais velhos, que nesse momento, encarnam toda a sua maior coragem. Força. Disponibilidade!


Um punhado de raparigas destemidas, junta-se agora também ao grupo de Bombeiros …


E lá vão eles, confiantes, indiferentes a todos os perigos.


Lá vão eles rumo ao desconhecido, sem certezas do que pode acontecer. Saber se voltam. Se regressam todos vivos e salvos.


Não há mais paz no quartel, até que retornem todos bem!


Aquele dia, 24 Agosto, fervente trazia o diabo escondido em cada acha que voava pelos ares, espalhando-se por todo lado, provocando novos focos de incêndio, na terra escaldante!


Já se via ao longe, uma nuvem negra ameaçando tudo e

Todos!

O Comandante Paulo olhou aquilo tudo e pela sua experiência, assustou-se um pouco, coisa que nunca acontecia antes.


Supersticioso, não gostou do pressentimento.


No calor asfixiante os homens gritavam, naquele inferno assustador. Ameaçante. Prestes a tragá-los vivos a todos !


As mulheres da aldeia mais próxima, quase a ser atingida, choravam. Arrepelavam-se ! Gritavam!

Gritavam, já vendo reduzidos a pó, todos os seus haveres.

Recordações e o esforço de todas as suas vidas, de suor e pesados sacrifícios, assim como os seus animais carbonizados.Já não era só o prejuízo, mas a dor de ver aqueles seres num sofrimento tão atroz, sendo assim consumidos.

Havia ainda os mais apegados e teimosos, em que as chamas por perto, não os fazia arredar pé.

Uma dor de cabeça para as autoridades presentes, que não tinham forma de os persuadir telefonicamente, pois já não arriscavam chegar até eles.

...E já não seriam os primeiros a arder lá no meio, tornando-se num ápice, carvão. Pó. Cinza e nada.

As avionetas sobrevoavam aquele antes viçoso mar de verde, que num trago, as chamas assassinas devoravam, empurradas pelo vento, exalando um fumo  e um cheiro a queimado, que se espalhava pelos ares, envenenando a atmosferas, até longas distâncias!

- Zé! Puxa a mangueira!


Rapazes, rápido! Rápido! Mais rápido! Mais rápido! Caraças!


- Andem depressa, seus papinhas! Depressa! Depressa! Mais depressa!

O burburinho aumentava, entre os homens! Num último esforço, a fim de salvar a aldeia próxima, já meia envolvida pelo fumo, faziam das tripas coração, lutando o máximo que ainda conseguiam …


O Comandante Paulo Gomes, voz rouca pelo esforço e pelo fumo, tentava guardar a calma.


Encorajar os seus homens afogueados. Exaustos!


 O burburinho aumentava!


Outros e outros carros de bombeiros com seus homens, vindos de longe, chegavam.

Aflitos e desesperados, exaustos, os homens no terreno, descontrolados, gritavam. Clamavam por ajuda.


No quartel, o coração de todos nós, saltava cada vez mais aflito, pelas notícias que iam chegando.


O vento cada vez mais forte, mudara!


As dificuldades aumentavam.


Os reforços iam chegando àquele inferno, cada vez mais amplo, alastrando sem destino.


O barulho das avionetas aumentava o susto, pelo perigo de acidente do pessoal do ar, sobrevoando as altas chamas!


Na confusão,  alguém está bem atento e em permanente alerta…


O Comandante Paulo sente que alguém ficara para trás. Já não via todos os seus homens!


Tal como na guerra, perder um dos combatentes, é fracasso e dor que jamais se esquecem!


O som agudo das sirenes dos reforços que chegavam, dos que partiam, era ensurdecedor.


A confusão aumentava. Afligia toda a gente perto e longe.


Um barulho vermelho. Fundo. Surdo Constante. Implacável e torturado, saltava das pobres árvores gemendo em agonia. Os bichinhos e as plantas rasteiras eram consumidos num sacrifício cruel.

Entretanto, o Comandante Paulo que perdera de vista um dos seus homens, o mais estimado e fiel em quem confiava, pega no carro e vai à pressa, em socorro do Quim, que acabou por avistar no meio das chamas, em grande, grande perigo!

Apercebeu-se que parar chegar lá, era preciso ir rápido, muito depressa!

Naquela pressão terrível, entre a vida e a morte, aquele carro, muito desgastado em  já muitas outras semelhantes batalhas, começou a falhar!

Agora, já não era possível voltar para trás!

A avaria complica-se!

Sem conseguir dominar a velha máquina, resvala para uma ravina profunda e…

O nosso querido Comandante Paulo deixa de ser visto!

 No fim de todas as bisadas de espanca e desânimo, no rescaldo, lá estava o que fora um homem bom. Generoso. Obedecido e respeitado por todos!

Carbonizado entre os ferros!

Entretanto Quim, socorrido por uma avioneta, num ápice, descarregando toda a carga de água naquele perímetro, foi salvo!

De imediato, num desespero incontido e aflito, em ressonância com a dedicação do seu Comandante,  procurou-o , desesperado e aflito!

Não o viu.

Desanimou, mas nunca temeu o pior.

O Comandante era o seu herói …E o herói resiste a tudo! Já tinha dado provas de valentia inacreditáveis.

Exausto, precisou acreditar que tudo estava bem.

Teve que fazer das tripas coração. Apelar para o resto das suas forças, para não ser tragado pelas chamas que avançavam, sem contemplações.

Pertinho das casas, a serra antes cobertura de verde, fumegava sob os seus pés, num estertor mortal…

Reforços, as avionetas únicos meios que podiam avançar, sobrevoavam as chamas sem descanso, para salvar a povoação, já ali ao lado.

No Quartel, sabia-se que o Comandante Paulo não respondia.

Podia acontecer, no meio daquelas momentos tão emocionantes e exigentes. Talvez nem ouvisse.

Noite dentro, o fogo avançava sem piedade…

Passado tanto tempo, passou a ser estranho, não se avistar o Comandante, sempre tão empolgado, juntos dos seus rapazes…

Sempre tão presente e dedicado, ele começou a ser alvo da preocupação de todos! Também faltava a viatura …

Aqui, começou a aflorar aos espíritos de todos, o pior!

Eis senão quando, Quim, em desassossego, não parava mais de procurar o Comandante Paulo…

Já no rescaldo, fumegando, alguém avistou um monte de ferros no fundo da ravina e…o amado Comandante Paulo, já não incentivava e estimava cada um dos seus homens…

O Comandante Paulo já nas pertencia a este plano dos humanos.

Voara nas asas da solidariedade e da entrega.

Voara para outros mundos, menos cruéis.

Entretanto a consternação e o abatimento, eram agora o sentimento mais acutilante, na alma de todos.

…………………………………………………………………………………………

Bem sabemos, que o amor é o sentimento mais arriscado da vida.

…Mas por outro lado, ninguém pode viver sem amar e ser amado. É o único sentimento puro, que vale a pena vivenciar.

Às vezes, apresenta-se em forma de ódio e revolta…

Herói há-os em todas áreas. Em cada momento. Em cada vida. Em cada situação, por mais silenciosa que esta se apresente.

E o Comandante Paulo foi um exemplo de coerente fidelidade ao seu ideal de serviço.

Entrega a um grande amor, á comunidade.

Arriscou a vida pelos outros muitas vezes, e acabou por se entregar à sua causa, por completo!

Quando um Bombeiro sai do Quartel, nunca se sabe se voltará.

De facto, qual é a maior prova de dedicação  de amor?

Não será dar a vida pelo outro?

Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado. José Ortega y Gasset

 

Coimbra , 22 de Setembro de 20202

Lucinda Ferreira

 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Sombras (Covões)


Sombras (COVÕES)
m foto Coimbra

“A paixão de dominar é a mais terrível de todas as doenças do espírito humano.”VOLTAIRE

Hospital da Universidade de Coimbra
huc


Pairam sombras negras á nossa volta, em muitas áreas, que desgastam profundamente os cidadãos.

Situações que nos conduzem ao caos.

Algumas imparáveis, pelo contexto geral. Outras, talvez evitáveis.

Só sei que a dor. A revolta. A surpresa. A decadência e até, infelizmente, algumas vezes, a arrogância, desleixo e outras posturas que se observam, fazem sofrer os que sem voz, impotentes, tudo têm que suportar!

Que nunca se chegue à conclusão, de Agostinho da Silva:

“A política tem sido a arte de obter a paz por meio da injustiça.”

………………………………………………………………
Em 1964, fui trabalhar na secretaria dos Hospitais da Universidade de Coimbra e continuar os meus estudos na Universidade.

Nos HUC, éramos uma grande Família, amigos e solidários.
Num espírito fraterno. Esforçados. Unidos, para servir o melhor possível.

Posso testemunhar e todos que aí prestaram serviço, que assim era!

O tempo foi avançando.

Segui por outros caminhos, mas a Saúde é necessária a todos.

A minha Mãe, aí foi seguida, por clínicos dedicados.

Recordo me que o Sr. Dr Rui Martins, nessa altura um jovem, era o seu cardiologista, que sempre a acolheu, com saber. Atenção e carinho.

Meu Pai era seguido nos Covões, por um clínico cardiologista, indiano,Sr Dr Taganini,  ( se nao estou em erro) que lhe prestava todas as atenções e cuidados, transmitindo segurança, num acolhimento dedicado. Respeitoso.

Por essa razão, aí também, um excelente médico em saber e valor humano, o Sr. Dr Ubach Ferrão me ajudou, em cardiologia.

Aí também conheci, um jovem clínico, atento, de trato delicado e suave, carinhoso, o  Sr.Dr António Queimadela Baptista. Marcava todos os que dele recebiam serviços e por isso lhe estarei sempre grata.

E como estes médicos, a Srª Dr.ª Gabriela Figo, o  Sr. Dr Moutinho, o  Sr. Dr Eduardo Castro, a extremosa, atenta e sabedora cardiologista, a Dr.ª Maria do Carmo Cachulo que me tem valido nas aflições – urgências e consultas, e me devolve segurança, bem-estar, compreensão, numa atmosfera calma de grande atenção e carinho, coisa que não tem acontecido, quando tenho necessitado de ajuda noutros lados.

E por que razão então, eu e muitas outras pessoas, escolhem ser atendidas no Hospital dos Covões?

È que não é o edifício ou outras aparências, que fazem um bom hospital de qualidade, a favor dos doentes. 

È muito mais subtil e profundo.

O espírito de serviço. O saber. O ambiente amistoso. A qualidade humana contagiante entre todos os servidores, o acolhimento na aflição, é que fazem toda a diferença!
…………………………………………………………………………..
Um dia, foi construído um grande Hospital.

Os antigos trabalhadores dos Huc foram-se perdendo…
O antigo edifício era exíguo, para o atendimento a uma população que se alargava.

Construiu-se um grande Hospital. Mas perdeu se, o essencial: a alma deste antigo HOSPITAL!

Agora, paredes baixas. Corredores anónimos e cheios de dor, onde só daí se entrar, perdidos, no desconforto íntimo, nos falta o ar.

Ambiente? Já não há!

Solidariedade entre os servidores, pelo que sabemos, também não há.

Anda no ar, alguma arrogâncias dos saberes.

Do poder da vida na mão do outro, que por vezes tudo sabe e nem ouve a opinião do paciente, por isto, ou por aquilo, porque só tem 15 minutos para atender um doente numa consulta (começa a contar, desde que chama o doente, mesmo que o paciente não possa andar...) o mesmo para o doente seguinte, nesta corrida enervante.

Compaixão, também não a vi por lá…

Aliás, para ir àquele hospital, é preciso muita coragem e muita saúde, senão não se resiste.

Filas intermináveis. Salas abafadas, onde não se pode respirar.
Por vezes, sem lugar para sentar. Sem lugar para se estacionar, para quem tem dificuldade em se deslocar, sozinho, doente, idoso, sem meios para pagar sempre um táxi…

Já aí me senti mal, mais do que uma vez.

A afluência é grande. As pessoas apressadas. Sentindo se desprotegidas, perdidos na multidão. No fim de uma manhã inteira de espera (alguns levantam se de madrugada, vindas de longe ou por dificuldades várias), a impaciência e arrogância do pessoal. Pressas e indiferença, por vezes, doem demais.

Não queremos lá voltar, com medos de tanta agressão e até ralhos.

Isso aconteceu me … Caí. Tive que fazer um exame. Fiquei deitada na maca. Estava aflita. Pedi ajuda que tardava e berros não faltaram…

Não queremos lá ir!

Um dia na urgência, esperei toda a noite!

Outra vez, na triagem, a senhora que me atendeu, mais parecia um guarda da Gestapo.

Eu ia com taquicardia, etc.
Tive tanto medo dela que desisti da consulta. 

Vi-me embora. Morrer por morrer, mais valia morrer em paz, sem uma tal agressividade e indiferença ao meu sofrimento.

Assim sendo, fui ao Hospital dos Covões!

Ai, desde o porteiro, pessoal de secretaria, auxiliares e médicos, todo o pessoal dos serviços de exames complementares, me atenderam com delicadeza, saber, atenção e carinho, o que na aflição, qualquer ser humano necessita. 

Grata, não posso calar !

Por mais que uma vez, acabei por ir aquele Hospital dos Covões, onde me senti acolhida e cuidada, com toda a atenção, coisa que não posso dizer, que tenha acontecido antes, nos HUC, onde o medo nos adoece mais do que os achaques, que aí nos conduzem!

Perante o meu testemunho e de muitos outros utentes, por que razão teimam, em nos atirar a este sofrimento, ainda em juízo perfeito e mesmo depois ?

1.  Por que fechar um HOSPITAL de qualidade, que todos que dele beneficiam, testemunham e preferem e têm direito, ao pagarem os seus impostos, sendo-lhes assim devidos serviços de saúde??????

2.  Se nos HUC, se desculpam, por tudo o que são dores e queixas de quem o procura, dizendo que “aí vai ter tudo” e que fecharam outros hospitais e que não têm capacidade para tanto?!

3.  Por que é que o Hospital do Covões, que preferimos, pelo espírito que aí se vive...Pela atitude e acolhimento e a qualidade de serviços, faz tanta sombra?!

4.  As despesas serão sempre as mesmas…

·     Como compreender então, as sombras e ameaças de extinção do Hospital, onde o Povo se sente acolhido e bem tratado?

·     Será que QUEM tem poder de decisão sobre esta matéria, quem foi eleito, em quem confiamos, foi para SERVIR e ouvir a voz dos utentes e eleitores, ou foi para quê?

·     Será que todos nos esforçamos para o maior bem de todos?

·     Ficamos atónitos! Não se percebe que forças querem silenciar. Fechar. Dominar, gente amada. Boa. Dedicada, em missão, num espírito de serviço.

·      Será por serem diferentes perante o que se sente e vive, quando somos obrigados a ir aonde não queremos, a um grande de hospital, onde o sofrimento se mistura a todos os cansaços e se avoluma, cada dia que passa?

·     Só pensar que um dia, ai nos poderão conduzir, contra a nossa vontade, nos tiram o sono e causa mal -estar!

Não percebemos, quando nos dizem que as estruturas dos HUC, estão a abarrotar e teimam em querer acabar o com o amado Hospital dos Covões , em Coimbra, ao qual o Sr. Dr. Bissaya Barreto deu carinho e visão alargada, num local e um tempo, em que a pessoa era tratada, com respeito e atenção.

Não se percebe, por que não se há - de descongestionar o HUC!

Aproveitar o que de alta qualidade comprovada, serve a população que prefere e escolhe um lugar onde é bem acolhida e bem tratada?!

Os clínicos que deram toda a sua vida, naquele hospital estão em agonia, pois sempre serviram com dedicação no seu melhor, e agora vêem-se despejados, sem saber a razão!

Os pacientes estão morrendo de desgosto, por terem de ser atirados para a confusão sem saber por quê…

Esmagados, ao ver a sua saúde. Paz e bem-estar ficarem na mão de quem nos obriga ao que não queremos.

Não haver liberdade de escolha, também espanta!

O que será que está por detrás de tudo isto!

Sacrificar o propósito, o fim ideal, para que existe um Hospital - criar saúde e bem-estar para quem precisa- em nome de quê?

SOMBRAS?..Nada mais!

Por uma questão de justiça, ressalvo aqui, todos os Clínicos e restante pessoal, que no meio de dificuldades, ainda conservam o amor, a bondade, o respeito pelo sofrimento do próximo, esse ideal de bem servir, sem ganância, nem arrogância, pois nos HUC, isso também se descobre, de vez em quando!

A todos esses seres humanos de grande qualidade, a nossa gratidão. Consideração e alto apreço!

Pena é que ainda seja uma minoria…

Lucinda Ferreira
Coimbra ,3 de Agosto de 2020

Hospital dos Covões em coimbra