Christmas Blues e não só...
Estamos sempre indo
atrás das coisas "melhores", mas às vezes esse melhor nunca será
alcançado. Dar valor para o agora e para as pequenas coisas boas, nos faz ser
gratos pelo que já temos.
Muitos carregam no mais íntimo do ser, consciente ou inconsciente, sentimentos
de desânimo. Abandono. Desamparo. Angústia Não pertença. Solidão. Tristeza, sem
motivo aparente.
Os dias que antecedem as festas natalícias e nesses mesmos dias, a dor aflora.
Uma certa nostalgia pesa na alma de algumas pessoas. Desenha-se um quadro
depressivo, por vezes.
Pessoas sensíveis que sentem que o Natal não são comezainas. Troca
hipócrita de presentes. Encontros forçados e pouco verdadeiros, páram e fazem o
balanço, penetrando no sentido desta época..
O Natal, de um profundo significado, traz uma carga de Amor. Dádiva. Trocas
afectivas, preciosidades que nem sempre acontecem…
Ora, nesses momentos, para alguns indivíduos pode ressaltar a dor de não se
sentir amado. Acompanhado.
O vazio provocado por falta dessas trocas afectivas, emerge!
Hipócrates, 2600 anos A.C., já referiu esta melancolia e outros sintomas,
que se aproximam da depressão que hoje apoquenta tanta gente.
“A depressão, estado patológico de sofrimento psíquico, com gravidade de
ânimo, tristeza, sentimento de menos valia e sensação de impotência para
trabalhar e pensar.
Pode ser causada por traumas emocionais, envelhecimento ou ser consequência
de predisposição genética (…) Verifica-se “uma alteração na comunicação entre
as células cerebrais, neurónios, realizada, principalmente, por dois
neurotransmissores: a serotonina e a noradrenalina. (...)
Os especialistas chamam depressão a algo muito mais grave do que sentir-se
triste, eventualmente, pois o indivíduo não consegue ter controle sobre o seu
estado emocional”.
QUAIS AS CAUSAS
DESTA REALIDADE?
·
Além do referido já, a vida moderna, agitada, a
competição feroz, as pressas, a ambição, a comparação com os vizinhos e conhecidos,
vai cortando laços. Apagando vínculos. Afogando afectos.
·
O inevitável olhar para dentro de si próprio no Natal,
traz lembranças. Saudades de entes queridos ausentes, que já partiram ou não (…).
A falta de crença em Deus cria o desespero. O vazio, num distanciamento do real
objectivo e significado deste tempo: comemoração do nascimento do Deus Menino,
há 2017 anos!
·
Sem sentido algum que não seja o consumismo desenfreado, a
figura do Pai Natal tenta substituir o simbolismo dos presentes que Jesus
recebera.
·
Consolador, o crente sabe, no fundo do coração, que nunca
está só. Abandonado. Muito menos condenado a um eterno sofrimento. Está sim, num
caminho de crescimento espiritual, aceitando as provas, aprende lições. Evolui
na alegria, na esperança que o amor carrega em si.
·
O crente sabe quão perigoso é a mente em desequilíbrio.
Por
isso, busca sem cessar, a harmonia do pensamento e da acção. Sabe que o ego
imaturo se frustra facilmente. Assim busca a evolução. Sabe que a vida não corresponde
às expectativas infantis. Tenta entender os processos nem sempre fáceis, que vêm
ao seu encontro,respondendo com acção produtiva.
“A
fé transformadora é luz que clareia os nossos territórios íntimos”.
Se a postura desviante comete
irregularidades, colhem os seus frutos, que no mesmo espírito de imaturidade,
tenta corrigir com pílulas, no intervalo do al-cool e das comezainas. E como
pode depois alguém queixar ou suicidar-se?
Com certeza
neste contexto, a depressão instala-se.Chega,
como imaturidade emocional.
Falta
o tempo para escuta do interior. Conectar-se consigo mesmo. No burburinho das
correrias, nada se ouve. O equilíbrio rompe-se, incompatível com a vida leviana,
sem concentração no essencial, que é conhecer-se. Cuidar-se, em equilíbrio.
·
Tudo se embrulha. Sobrecarrega. Fracassa.
·
Impotentes. Sem rumo, as pessoas são engolidas pelo
stress e descontentamento. Insatisfeitas. Acabrunhadas. Frustradas, torcidas
sob a culpa, acusam ainda os outros, pelos seus fracassos. Surgem as cobranças.
A doença. As guerras.
·
Por fim, deprimem!
·
Muito mais a haveria a acrescentar, mas o que queremos hoje,
é deixar algumas sugestões para evitar ou vencer este tão grande incómodo. Sofrimento.
(Queremos mandar embora a dificuldade
de fazer as tarefas quotidianas mais simples, sob grande esforço. A ansiedade. A
tristeza. O choro. A irritabilidade. A pressão no peito. A insónia. A perda ou
ganho de peso. Dores de cabeça. Dores de estômago, costas ou pelo corpo todo.
Falta de poder de decisão. Falta aparente de amor pela família. Etc. Etc
.Etc…Quem passa por estas situações sabe bem o que sofre…)
Ora
como lidar então com a Christmas Blues e ou depressão habitual?
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O autoconhecimento (algo em que vimos insistindo sempre)
tem aqui, um papel muito importante, para debelar estes males de que todos
querem livrar-se.
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Auto conhecimento trará uma nova atitude. Posicionamento
perante a vida e de si próprio.
·
A primeira condição, para se sentir confortável, é
munir-se de uma grande CORAGEM, para
enfrentar todas as mudanças que se impõem.
·
Ao querer assumir o comando da sua própria vida, tem que reconhecer
as suas fraquezas. Necessidades. Carências. Tem que entender o que está a
acontecer, distanciando-se da sua dor. Buscar uma nova maneira de ser. Pensar e
agir.
·
Realizar escolhas. Vencer medos. Aceitar perdas e lidar
naturalmente com elas. Fazer opções diferentes das feitas até ali.
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Em caso extremo e de grande exaustão, pode ser necessário
tomar alguma medicação ou ter ajuda de alguém, para reequacionar.
Potencializar. Fortalecer todo o processo, desse seu mundo anterior, atribulado.
Sofrido, que nunca deve ser menosprezado (…), abandonando todos os tabus sobre
este tema sério.
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Ao traçar novas metas, projectos de vida, tem que se reorganizar.
Corrigir atitudes. Descobrir estratégias que reforcem a sua nova maneira de
estar e de ser. Adequar-se a novos factos.
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Quem sabe, terá que trazer para o HOJE, a emoção e o entendimento
do que aconteceu no passado distante ou próximo, e o magoou ou perturbou.
·
(”Nem tudo
na vida é como a gente espera. Altos e baixos são coisas do dia a dia e se
formos nos abalar com tudo de ruim que acontece, não saímos do lugar. Por isso,
apreciar as pequenas coisas nos faz ter alegria para continuar seguindo em
frente.”)
·
Ter consciência de que “a neurose é uma mentira esquecida,
na qual ainda acreditamos”.
·
Lutar para se
libertar deste engano pernicioso, é preciso.
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Se este Natal foi tempo de trevas, que tenha sido o
último. A porta da alegria. Do equilíbrio. Da harmonia abre-se para todos.
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A chave é : HUMILDADE e PACIÊNCIA, numa reprogramação de
auto ajuda e autocura conscientes.
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Está disposto a amar-se? Ser feliz, com coragem?
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Viver é maravilhoso, mas exige que nos enamoremos da vida! (A paciência torna mais leve o que a tristeza não cura! Horácio)
Coimbra, 28 Dezembro 2017
Lucinda Ferreira
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