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terça-feira, 17 de maio de 2016

Todos os rios correm para o mar…

Todos os rios correm para o mar… 
 (foto da minha autoria)


A vida só pode ser compreendida, olhando para trás. Mas, só pode ser vivida, olhando para frente. Soren Kierkegaard



O passado precisa de ser limpo para nos sentirmos libertos de pesos desnecessários.

O passado impede o fluir de um presente brilhante! É uma espécie de travão enferrujado que não deixa avançar. Uma amarra que impede seguir até às estrelas. Pode ser difícil de ultrapassar para os saudosistas, numa fidelidade doentia e menos lúcida com os propósitos existenciais, obstruindo o progresso e a alegria de viver.

Libertar-se do passado é um factor de crescimento imprescindível para se evoluir.

Buda dizia: O segredo da saúde, mental e corporal, está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas, viver sabia e seriamente o presente.

Aproveitar o perfume das lições válidas. Das experiências positivas, pode catapultar para novidades cada vez mais gratificantes. Mais do que isso, o passado pode ser um embaraço sério no caminhar leve. Seguro e tranquilo para o êxito.


O passado é um empecilho para a vivência do Aqui e Agora. É um nó a desatar com urgência, se não queremos ficar amarrados á mesmice sem sentido.

Conhecer este segredo, é aprender a voar para uma nova realidade surpreendente e grandiosa, sem estagnação.

Estar aberto a um devir melhor e melhor, é um passo para descobertas apaixonantes, que todos os dias nos aguardam e vêm ao nosso encontro.

Cada realização nos empurra para o alto, sempre mais alto.

Se se perde tempo a olhar para trás, abandona-se no caminho, a oportunidade de ir em frente.
Mil possibilidades nos aguardam. Há que descobri-las em todos os campos. Em todos os lugares. Em qualquer circunstância.

Somos quem somos no presente, com o que fizemos e fomos. O que fomos e realizámos já não é mais nada, neste momento. Nem nunca mais poderá ser!

Fechar a porta. Agradecer ao passado impõe-se. Foi ele que fez de nós, o que hoje somos. Nada mais do que isso. Agradecer e…Desprender. Deixá-lo partir.

Henri Bergson, (filósofo francês, 1859) disse: Ninguém se banha duas vezes na mesma água.
Numa grande ou pequena caminhada, o que ficou para trás, passou.
Não volta nunca mais, escondido na curva. Á frente, estende-se uma grande recta, promissora de aventuras, para escreveremos a página mais bela dos nossos dias, enquanto o milagre da vida no lo permitir, ainda que sejamos velhinhos...

A vida nunca tem fim! Apenas se modifica nas suas diferentes formas. A senhora dona Morte é apenas uma mudança plutónica entre a terra e o céu, em direcção à eternidade.
Somos da natureza do pó das Estrelas! Cada dia que passa se morre para o dia de ontem e se renasce para o dia de amanhã.

Somos caminhantes da esperança e do amor. Cada segundo é um desafio e promessa.
Hoje, é sempre o apelo para ser melhor. Fazer melhor. Ser mais feliz. Mais solidário. Amar mais e melhor. Este e o outro, toda gente. Ser mais coerente. Mais…Mais …Mais…

O tempo, navio sem volta, rema sem parar, para a frente! Hoje, é a oportunidade de cantar novas canções. Logo, já não sabemos.

Viagem sem retorno. Olhar para trás é perder tempo para poder ir mais longe.

À medida que o barco avança, o combustível vai-se extinguindo. A carga pesa em demasia. È preciso descartar mercadorias perigosas. Explosivas, reforçando a segurança. Limpar emoções. Pesadelos. Recordações penosas. Traumáticas. O fardo do lixo emperra o avanço e o bom desempenho.
Parar. Olhar para trás, consome o tempo para ir mais longe.

Deixar entrar o Sol e o ar puro. Sentir o perfume e o aroma das flores que crescem, à beira do caminho …
Despertar para a alegria. Gratidão. Novidade é saudável.
Espalhar sorrisos ao passar, é soltar pétalas sobre cabeças tristes de passantes cabisbaixos e alquebrados.

Em cada encontro semear a confiança, dando uma palavra ou escutar o que o outro tem para dizer, é deixar um rasto de claridade…

Beber na Fonte de Águas Vivas alimentando o corpo e o espírito, no néctar dos deuses, torna-nos luminosos.

Aprender com a NATUREZA sábia. Correr com rios para o mar, que não andam para trás.
A sua vida vai contra a corrente? A mudança é sempre possível. A roda do tempo anda para diante.

Pense na estátua de sal de que fala a Bíblia…(”A mulher de Lote, desejosa de verificar se se  cumpria a promessa divina, lançou para trás um olhar curioso e inoportuno, olhar que contradizia directamente as instruções dadas pelo Senhor. Em consequência, “tornou-se uma estátua de sal”, refere o autor bíblico).

As nossas palavras são filhas da experiência e do estudo, mas pode valer a pena pensar nelas……
Quem perde tempo no passado, não tem tempo para viver o aqui e agora, que é o milagre do presente. As memórias são o compêndio das lições a aprender, com o distanciamento e a objectividade, para novos voos.

A vida não se repete. O espaço promissor da Grande Construção que nos espera a todos, exige apenas que sejamos solidários no aqui e no agora.

Estar no presente é tecer paciente e atentamente, uma filigrana com fios de ouro luz, feitos de esperança e alegria de viver.

Á maneira de Penélope, fiel ao seu ideal, deixar um rasto de luz ao passar, impõe-se!

Criar a simetria do amor, de modo que o nosso fazer, não tenha lugar para saudosismos doentios enfeitados de rendas, numa perda de tempo precioso, mas seja o mais próximo possível das nossas convicções.

A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente. Albert Einstein
Acho que sim, ilustre Einstein.

Afinal, todos os rios deslizam para o mar, numa sequência imparável!
Coimbra. 18 de Maio 2016
LUCINDA FERREIRA

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