FLUIR
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Agradeço todas as
dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As
facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.
A alegria está na luta, na
tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.
Há duas
forças que comandam o mundo: o medo e o amor.
Onde há medo não há amor.
Onde há amor não há medo!
Pode saber
isto de cor. Repetir até, mas chegar a esta conclusão dentro de si. Ter esta convicçao
profunda, só é possivel depois de ter atravessado desertos. Abismos. Escuridão…
Por fim, a alegria
de se vencerem lutas no mais íntimo de nós mesmos, é reestruturante do
indíviduo como ser.
Somos seres
solitários.
Nascemos sós.
Morremos sós.
Não há
empenhos. Substituções. Dialéticas. Manobras do ego que vençam esta
caracteristica da nossa natureza.
Aqui, sim. È
igual para todos.
O que mais devemos
gostar em nós e disso ter consciência é da autenticidade.
Dá uma
grande alegria ter filhos que nós respeitamos.Admiramos pelo que são.Em muitas situações, seguem-nos com uma versão
melhorada.Aperfeiçoada. Têm as suas asas para voar. Para ser. Regozijamo-nos
até que voem mais altos do que nós.
Apaparicar
demasiado os filhos. Exercer sobre eles alguma pressão dita “amorosa”,
extemporânea, é tirar lhes a possibilidade de evoluirem como pessoas.
Demos tudo que
pudemos e tínhamos como certo, no momento correto. Terminam a sua carreira
académica. Constituem família, agora há que deixá-los crescer. Honrar a sua
liberdade existencial.Viver a sua experiência pessoal.Única.
Talvez
também eles tenham que atravessar desertos. Cheios de medo vencerem abismos.Durezas
cruéis que ninguém pode aliviar ou viver por eles, mas se lhes tivermos feito
perceber que a adversidade é que faz a pessoa crescer. Que tudo são lições a assimilar
e a agradecer, isso fortalecê-los-á. E serão sempre vencedores, mesmo na dor.
“Mães-
galinhas”.”Meladas”. Frágeis. Metediças.Cheias de sugestões, só complicam a
vida dos outros.
Os homens
também têm as suas fraquezas.
Paizinhos protectores, sempre os melhores amigos
(?!) não largam o filho. Querem continuar a liderar.A viver como heras
agarradas à árvore. Aquela seiva nova dá--lhes euforia. Alivia as suas frustrações
profundas ou ainda a falta de objectivos que não são capazes de solucionar.
A
proximidade de actuação constante, sob a máscara de proteccão e ajuda, dá então
muito jeito…ao papá.
Instalam-se.
Metem coisas na cabeça do outro/a. O menino/a torna-e “copinho de leite”.
Não decide
nada sem o progenitor, visível ou invísivel, mas sempre no controle.
O menino torna-se
dependente do papá (grande maravilha para este). É muito dócil. Submisso. De
uma educação que nunca o deixa discordar sequer de nada.
Ou se tiver
fibra, rebenta com a “canga” de que se apercebe e que o asfixia.
Aqui é o
cabo dos trabalhos. Querra na capoeira. Dois galos não se entendem…
Os filhos estão
num contexto distinto. Num momento diferente.
A realidade tem
que ser agora analisada com novos dados, síntese dos valores transmitidos
quando crianças e jovens, mas ainda com outros que adquiriram livremente.
Terão eles
próprios que ver, como avançar, como seres únicos. Irrepetíveis.
Senão a
imaturidade é reinante.Dependência emocinal do pai e carga excessiva que não
deixa avançar na descoberta da vida.Na consolidação de
experiências.
Não só aqui,
mas extrapolando da família para sociedade, o tempo injusto dos “protectorados”
. Das cunhas. Das “ linhagens “ já foi…Agora já não é.
Exige- se
autenticidade a todos e a cada um, integrado no seu tempo. No seu lugar. No seu
contexto que muda com muita rapidez.
Muitas
vezes, um falso amor cego, uma forma particular de egoismo e de apego e
controle, leva à destruiçao do outro que ou nem disso de apercebe ou não é
mesmo capaz de se desembaraçar, tão confuso fica. Perde o seu rumo. A energia
que tinha para fazer o seu caminho, já se esvaira ou nem desabrochou.
Se parasse e refletisse um pouco, ele não sabia
mesmo quem era.
Celebrar a
festa da vida. O sucesso dos filhos. Do encontro. Dos laços que nunca se apagam,
é lindo.Desejável.
Mas há que
ter respeito.Consideração pelas capacidades. Pela caminhada de um ser humano
que deseja vencer pelo seu esforço.
Coertar esta
possibilidade é uma cegueira de que há que ter consciência.
Aquela
designação de “geração arrasca”, é justamente a prova da falha do processo
educativo, sobretudo da responsabilidade de alguns pais.
Não é que se
deva repetir a situção, mas não podemos esquecer o que muitos de nós já
sofremos.
Passar fome. Frio.Humilhação, quando muito mais inteligentes do que uma
classe de privilegiados que tudo faziam e teimavam em travar a ascenção da
verdade, pelo acesso à cultura dos que eram com desprezo. Uma pontinha de inveja.
Superioridade hiteleriana, apelidados de “ralé”.Esta gente furava o esquema instalado
com o seu esforço e sacrifício, mostrando a excelência e o mérito das suas
capacidades.
Hoje temos
que caminhar todos com coerência.Responsabilidade. Coragem.Zelo...Para sermos e
não apenas termos e ou parecermos.
Pode se
perder tudo e todos. Nunca perder Deus. Nem se negar a si mesmo, é fruto de uma
força que irrompe das entranhas, com de
quem sempre lutou, ( por vezes incompreendido.Isolado.Caluniado) com as armas da verdade. Da mestria.Do
esforço.Do desejo de mudar o que no mundo é postiço. Fingido.
Assumir o que
se é, pode ser é duro, mas vale a pena.
Acaba por
ser consolodar. Pacificador dentro de nós.
Procurar
nunca ofender ninguém premeditadamente ou mesmo sem querer, tem que ser uma
preocupação. Reparar isso, se acontecer. O que for preciso consertar é urgente.
Explicar o ponto de vista.Pedir desculpa pode ser necessário.
Há que ver
contudo, se essas “ofensas” têm a ver com vaidades “irritadas ou irritantes”.Instalados
que não querem mudar.Perder privilégios. Aí não há nada a fazer...
É necessário
ser inteligente e não esperto.
Impõe-se ir
até ao fim por amor à verdade. Sem medo!
Hoje, os
modelos de resolução de problemas, passa menos pelo raciocínio lógico, pela
materialidade (a tal função que tão bem exerce o nosso lado esquerdo do cérebro
ligado ao mando. À lógica. Ao poder. Ao sucesso material, aos paradigmas da
Época de Peixes), mas antes pela resolução de factos e situaçoes, orientadas
pelo que nos sugere o nosso lado direito do cérebro ligado à compaixão. À
beleza. À criatividade. À espiritualidade. Á compreensão. Á autenticidade.
Somos um rio
que passa. Há margens.
Mas tudo é
flexível. Estamos sempre a mudar. O que foi ontem pode não ser extamente o que
é hoje.
Matar a sede
a quem passa.
Beber na fonte do AMOR é necessário.
E … fluir.
Partilhar faz nos
bem.
Dá- nos asas para voar nesta impermanência
amorosa que nos torna mais humanos. Irmãos.
Coimbra, 24
de Maio de 2014
Lucinda Ferreira
Mariana Amélia Barão Estás de parabéns amiga. Um grande beijo.
ResponderEliminar11 h · Gosto
Ola, Dra. Lucinda! Muito obrigado e muitos parabéns por manter uma escrita tão inspirada e, ao mesmo tempo, livre de excessos ou artifícios desnecessários!
ResponderEliminarlUIS TOSCANO
MUITO OBRIGADA, lUIS TOSCANO, ILUSTRE MUSICO - COMPOSITOR MAESTRO QUE DESBROCHOU NO CORO DOS PEQUENOS CANTORES DE COIMBRA QUE FUNDEI EM 1982... Q ALEGRIA ME DA..MUITO OBRIGADA E AS MAIORES FRELICIDADES NA TUA LINDA CARREIRA lUCINDA!
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