DÁDIVA
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Tenho a alma
Cheia
de canções.
Não
param de chegar
Coração nascente
Enquanto
viver, destino.
Caminho.
Seu
respirar
Ando
nas ruas. Praças. Cidade
Deserto.
Assustador. Vazio.
Frio
Apesar
da claridade.
Não
vejo ninguém
Perdi
pai e mãe
Com
tempo para me escutar.
Palavras
amigas de toda hora
Não
contestam demora
Se
não as posso acolher. Ouvir
Adormecem
comigo
Acordo.
Vejo-as sorrir.
Em
alegre dança
Sonho
que não cansa
O
dia rompe
Lembram-me:
“Não podes desistir”!
Inspiração.
Fonte
Urgente
criar. Partilhar. Seguir.
Paro
então.
Para
escutar
Ocupam
todo o espaço
Nada
mais faço
Entrega
sem condição
Dádiva.
Abro
a mão
O
canal abriu
O milagre aconteceu.
Agradeço,
comovida à vida.
Dentro
de mim
Há
um jardim a florir
O
texto nasceu!
Coimbra,
18 de Janeiro 2014
Lucinda Ferreira
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