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terça-feira, 12 de junho de 2012

Os Caracóis também choram!


           Os Caracóis também choram! 
  
 "Amar é descobrirmos a nossa riqueza fora de nós."Fonte - Elementos de FilosofiaAutor - Alain
 "O homem tem duas faces: não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio."Fonte - A QuedaAutor - Camus , Albert 

Manhã cedo pela fresquinha
Vou ao meu jardim
Dar os bons dias às minhas flores.
 Uma já tinha mais um milímetro
Outra tinha uma pétala rompendo a medo.
No meio do caminho
Um caracol passeava tranquilo
 Os meus caracóis
Sabem que nunca os destruo.
Agarro neles com jeitinho
Ponho os numa caixinha.
Depois
Quando trepam para fugir
Lanço os na relva abandonada
Onde podem crescer
Sem lhes acontecer nada!
No monumento ao caracol que descobri na Holanda
Por este ter salvado tanta gente
Em tempo de fome
Aprendi a respeitar um pouco mais
Este animal aparentemente insignificante.
Na vida, é semelhante.
Quantas vezes
Passamos indiferentes
A gente
Que guarda um tesouro no peito
E a seu jeito,
Sob nossos pés, caminham a medo
Sem destino.
Nem os vemos.
Emigrantes. Famintos. Sem abrigo. Velhos.
Ou simplesmente ainda,
Algum menino
Triste, ao sol
Cuidado
Não o pisemos!
Também chora o caracol.

                               12.6.12 
                             




domingo, 3 de junho de 2012

Agora sim ..Ave Maria por Jorge Aragão , uma maravilha!

http://www.youtube.com/watch?v=N04eEDL5joc

Descobrir José de Aragão...vale a pena



 Jorge Aragao - Ave Maria .wmv 

Descobrir Jose de Aragão...vale a pena 
 Ofereço a minha descoberta.que me deu tanta alegria...sobretudo Ave Maria de Gounod

quarta-feira, 9 de maio de 2012

comentário de Fernanda Guerra

Estou a gostar muito!
 Espero p próximo capítulo!
 Muito realista na descrição, faz-nos transportar para o local que descreve
parece que estamos a viver o momento.Lindo!

 Romântico!
 Relaxante!!!!! 
Parabéns beijnhos! 
Que este dia da Mãe seja um lindo dia de LUZ e AMOR
Fernanda  

sábado, 5 de maio de 2012

Ara, a eleita




 ARA, a eleita (2)

"Trago em mim o germe, o início, a possibilidade para todas as capacidades e confirmações do mundo."
 Os Buddenbrooks
  Mann , Thomas

Ara , a jovem menina que nasceu entre os pássaros, embalada pela brisa fresca e morna da ramaria das árvores verdes.  Protetoras. Amigas.

Ara, que cresceu bebendo água na fonte pura que se lhe oferecia cantando...

Ara que correu, livre ao vento, brincando às escondidas, com o sol brilhante sorrindo nas clareiras, aprendeu a agradecer.

 A ser sem mácula entre os seus iguais.

A não esconder a mágoa porque nunca a sentira.

A não conhecer inveja, porque não nem sabia o que isso era.

Pensar mal? Mas o que era o mal para Ara?

Ara aprendeu a sorrir naturalmente, sem porquê.

Aprendeu a agradecer, porque sentia que tudo eram dádivas.

Aprendeu a orar. Louvar. À bendizer o Grande Espírito.
 Era o gesto que todos os dias a rodeava na paz do amanhecer. 
Do anoitecer e até em outras ocasiões ao longo do dia.

Todos agradeciam tudo ao Grande Espírito.

Carregava ao colo e aos ombros, os mais pequeninos, como também os outros já o tinham feito a ela mesma. Não sentia o peso. Amava-os.

Entoava canções inventadas que se perdiam na floresta sem fim.

Seu irmão, Zeu, era o companheiro das aventuras mais arriscadas.
Subiam as árvores altas para colher os frutos para os mais novos ou para os mais velhos.
Curavam os animais doentes que encontravam gemendo na floresta.
Imitavam os sons da Natureza. Dançavam alegremente. Aprenderam as tarefas do dia-a-dia que eram repartidas por todos.

Ara era esbelta. As suas formas de mulher arredondavam-se. Crescia graciosa. A sua pele morena. Brilhante. Cabelos soltos. Compridos. Ondulando ao vento. Saudável. Apetecível. Sem um pingo de gordura a mais no seu corpo virgem. 
Nunca comeu senão o necessário. Nunca soube o que era comer por compulsão. Por se sentir rejeitada. Infeliz. Nunca provou sequer um alimento processado.
Meu Deus, o que seria isso?

Falta de exercício, por estar anestesiada com televisões ou máquinas cheias de violência, nunca acontecera.

Um dia, a vida do grupo fora alterada por um acontecimento marcante…

A tribo vizinha viera com presentes e uma embaixada para escolher noiva para o jovem chefe da Tribo que atingira a idade de substituir o velho chefe. Cansado. Agora apenas com funções de cuidar da saúde de todos com seus sábios conselhos e largos e acumulados saberes.

Ara foi por maioria, a eleita para tal missão.

Ocorre-me algo que dissera Fernando Pessoa.
 “ Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
 É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Ora com Ara foi o que aconteceu. O tempo não pára.

Ara crescera. Algo de novo a esperava.

A ela caberá na nova família, gerir tudo o que diz respeito ao mundo feminino local.

O pedido foi feito. A promessa selada com um alegre banquete que demorou uma semana. Festas. Danças. Troca de prendas. Muita alegria.

 Ara está agora ainda mais linda com grinalda de flores no cabelo. Vestida de eras. Fora a eleita.

 É a partir de agora, a prometida.

Zeu, o seu irmão entra na promessa, como o guardião. O símbolo da palavra dada.

Entretanto Ara vai ser iniciada em mil afazeres diferentes. Tarefas novas. Responsabilidades.
No dia da “entrega”, Ara irá com novos saberes. Habilidades. Possibilidade de ajuda para outras mulheres mais jovens.

Ara ao cruzar pela primeira vez o seu olhar doce. Puro. Ingénuo, com o do seu Príncipe, fica alegre. Encantada.

Lau é forte. Sorridente. Gentil. Seguro. Atento. Cortês.

Ara sabia que um dia, aquela vida despreocupada com seu irmão ZEU, na floresta em longas e ingénuas brincadeiras, ia acabar.

Mas também sabia, daquele saber intuitivo que não engana, que a fase seguinte ainda seria melhor. Sempre melhor e melhor!

Mudanças. Projectos causam espanto no coração de Ara.
Em cada coisa nova que aprende, coloca um pouco do seu coração.

Lau, o jovem que a acompanhará até um deles partir,  é elegante. Afável, prometendo dias cheios de beleza e encantos desconhecidos. Descobertas a dois que jamais esquecerão.

Lau também se orgulha da graciosidade e beleza da sua companheira eleita…

Não duvida das suas possibilidades. Confia na escolha feita pelo Perfeito e Grande Espirito que evocara e que se servirá  da escolha experiente feita pelos mais velhos.
Ara sonha agora com novas aventuras.

Ser mãe. Segurar nos braços um bocadinho de si mesma. Ensinar lhe tudo. Fazer dele um Homem ou uma Mulher capaz de grandes feitos. Capazes de continuar a espalhar alegria. Bondade no local onde estiver cada um deles.

Passar o testemunho que lhe fora passado a ela,com a delicadeza e a naturalidade de quem ama, como a Natureza que nada pede em troca.
Ama porque ama. Não sabe. Nem pode fazer outra coisa.

 Ara sabe de um saber inscrito na memória das suas células ,que o Grande Espirito habita em nós.

 Assim tudo está sempre no lugar onde deve estar. Tudo se passa como tem de acontecer.
Os frutos são a Paz . A Alegria e o Amor crescendo em nós e no mundo que nos rodeia.

Tudo em Todos!

Todos em Tudo!

Ara e Lau esperam com serenidade, mas também com uma pontinha de curiosidade anseiam esse grande dia diferente de todos os outros que já viveram.

O “grande encontro” quando será?  

O Chefe anunciará com fogueiras e sons diferentes, que Ara está pronta para o grande dia!

Entretanto no acompanhamento de Lau, tudo são preparativos. Novidades.

 Aguarda-se a decisão dos maiores da Prometida…


sexta-feira, 27 de abril de 2012

ARA



                          ARA
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é. 
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
 
Porque quem ama nunca sabe o que ama
 
Nem por que ama, nem o que é amar...


Já se imaginaram a respirar livremente, numa Floresta verde muito verde, onde os passaritos saltam de galho  em galho , o saúdam mesmo antes que a luz inunde a Terra Mãe ? E até vêm comer á sua mão, sem receios nem temores infundados…
Mal o sol rompe, clareiras de luz brilhante oferecem caminhos de paz. Feliz convívio. Alegres canções…
Sem relógios, nem ruídos estranhos, agressivos, na Floresta apenas o suave bailar dos ramos nas árvores amigas, balouçando, embalam cada habitante no seu ritmo calmo. Sereno. Feliz.
Árvores que te enchem de frutos perfumados. Coloridos. Gostosos. Sumarentos…para os quais basta estenderem a mão. Logo se te oferecem em cada dia mais abundantes.
A água corre mesmo a teus pés, cantando de pedra em pedra, em regatos cristalinos, como as veias da Floresta amiga.
Podes aí brincar à vontade com teus filhos pequenos que põem flores nos cabelos. Saltam. Riem em jeito de chilreio mágico, enchendo a tua vida de canções.
Mais à frente, uma bica natural do precioso liquido escorre fresca e pura, a água…
Das árvores pende ainda o pão dos deuses que alimenta a tribo com abundância…
Mais à frente, as saborosas raízes diversas, variando cada dia os acepipes cozidos no chão ou servidos crus, misturados com bagas de gosto exótico que todos apreciam e comem em alegre convívio.
E o vento suave na ramaria embala o sono dos mais pequeninos, abanando a rede presa entre dois troncos macios.
A gratidão e os rituais sagrados de adoração reúnem de joelhos, toda a comunidade, várias vezes ao dia.
Soa no ar o tambor. Os hinos. Os louvores das almas puras que não conhecem maldade, nem invejam seja quem for. Todos se sentem UM. Uma Família unida pelo Coração. Por laços de Amor sem mácula. Se um sofre, todos sofrem. Se um vibra de alegria, todos sentem o mesmo. Naturalmente, não conhecem a mentira nem as injustiças.
 Num estado virginal, a vida decorre até idades muito avançadas.
A velhice é acarinhada. Respeitada. A doença é rara. Todos permanecem rijos e contentes até à partida final.
Aprendem com a Mãe Natureza que tudo é cíclico.
Treinam a paciência ao ritmo das plantas.
Semente. Crescimento lento. Fruto madurecendo devagar…
A vida nunca acaba. Apenas se transforma temporariamente.
Eles conhecem este e muitos outros segredos essenciais para serem felizes.
A morte nunca é temida. È celebrada com ritos próprios, incluindo dança, canções e a saudade que mora dentro de suas almas conformadas. Gratas.
Sabem que o espírito nunca morre!
Que o GRANDE ESPIRITO, depois da viagem ,  os acolhe com bondade.
Não conhecem o sentimento do medo em circunstância alguma, porque vivem no Amor.
 A chuva é agradecida como uma bênção.
Nus, apenas com uma pequena tanga, celebram o banho morno do Céu, que rapidamente seca.
È apenas a Mãe Natureza que respeitam com toda a atenção, que dirige os seus dias. Dita as leis das suas vidas.
Adormecem como anjos. Nada temendo.
Amam e respeitam os animais com quem convivem em segurança. Como se as suas energias secretas. Inconscientes comunicassem interlaçadas com as desses irmãos menores, os Animais, que respeitam. Reverenciam.
A noite é para dormir.
O dia é para agradecerem Tudo o que são e possuem, em atitude sagrada. Aproveitam a vida intensamente. A vida é um presente. Convivem com prazer. Simplicidade.
Nada possuem individualmente. Tudo que existe é de todos . Tudo está em comum .
Coisa alguma é supérflua. Poucas coisas bastam para se sentirem bem.
 São felizes com o que têm. Com o que são.
Homens e mulheres completam- se em tudo. Respeitam-se. Estimam-se.
Tudo é autêntico .Verdadeiro.
Tudo brota naturalmente da memória celular. Eterna.Original.
È neste ambiente que descobrimos ARA!
Ara é uma jovem de tez brilhante.
Respira saúde, todo o seu corpo firme. Ágil.
Belo de formas esculturais.
Totalmente aberta à vida. Disponível. Orante. Respeitosa. Atenta ao que a rodeia.
 Alegre, bendiz o Grande Espirito, mal desperta. Depois integra se no grupo e saúdam o sol em conjunto. Cantam. Dançam harmoniosamente.
Colabora nas tarefas que lhe são destinadas pelos mais velhos.
Depois, solta seus longos cabelos escorridos. Brilhantes como a seiva pujante das árvores. Negros e fortes que balançam ao vento.
Ara dança… Canta. Corre. Brinca…
 Bebe da água fresca que escorre na cascata ali ao lado. Come frutos docinhos. Pendente das árvores que a viram nascer.
Avida sorri. È amada por todos e muito especialmente pelo seu irmão mais velho…
____________________________________________________________ Nota :
 A história de Ara continua para a próxima.
Vão ter muitas surpresas, garanto- lhes…
Linmare@edicomail.net

terça-feira, 24 de abril de 2012

Entre amigos... (versão corrigida )


Entre amigos …

A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor.

 Dom José, Conde do Olival, observa tudo o que passa ao seu redor.
Fora agredido no seu valor mais profundo. A sua virilidade!
Da sua nostalgia e desconfiança, nasceu e despertou nele, de um modo particular, uma atenção subtil. Uma acutilância a todo o ruido ou qualquer movimento diferente da sua rotina habitual. Aguçou nele reflexos ancestrais de cuidado e vigilância permanentes. Ouve e vê tudo o que nós nem pressentimos.
Nos seus domínios de que raramente se afasta, consegue abandonar-se completamente em segurança e conforto. Relaxado. Descontraído, sonha talvez com mundos desconhecidos…
 Por vezes o seu olhar é distante.
Altivo. Fugidio. Cauteloso. Reservado. Esquivo. Independente.
Bem atento, é o Senhor dos seus impérios que defende com unhas e dentes. Ai de quem se atreva penetrar neles!
A população fica toda em alvoroço.
 A coisa tem que se resolver rápido. Poucos ousam entrar no seu território. Até porque as suas mulheres com quem coabita, mas a quem não dá a mínima atenção, também não o permitiriam. Aguerridamente talvez até fossem mais ferozes do que o próprio do Dom José, Conde do Olival, se alguém ousasse penetrar no seu espaço.
Procura os seus lugares preferidos e não abre mão dos poisos mais confortáveis.
È um relógio perfeito no que refere ao cumprimento das rotinas que respeita ao milionésimo.
Conhece o alcance dos ritos que segue rigorosamente. È um cavalheiro de rituais.
Quando falha um segundo no serviço de refeições da noite, principalmente, fica de mau humor. Intratável. Faz o impossível para chamar a atenção. Tem que se deixar tudo, para servir  Dom José imediatamente, senão fica insuportável.
Acho que não troca o conforto pela liberdade.
Talvez se pareça um pouco com o gato de que fala Miguel Torga. Aquele que não trocava o conforto e os braços roliços da sua dona, por qualquer tipo de liberdade por mais atraente e prometedora que fosse.
 Parece que hoje, este tipo de animal prolifera entre os humanos. Talvez devido à crise… Para certos temperamentos acomodados e pouco aguerridos, mais vale um pássaro na mão do que dois a voar…
Mas Dom José , Conde  do Olival, dá pouca confiança à vizinhança. Não se relaciona com ninguém, dando a ideia que todo o seu mundo se movimenta dentro de si mesmo.
 O que aliás talvez até seja mesmo a melhor garantia.
È dentro de nós que estão todos os segredos.
 A alegria, por exemplo, não está no mundo que nos rodeia, mas no modo como percecionamos e sentimos o mundo.
Dom José quase sempre, assume uma postura invejável. Majestoso. Atento. Reservado. De difícil acesso.
 Sente-se que está tão feliz no seu interior, que deixar de o observar, é impossível, tanto se aprende com ele mesmo em silêncio.
È muito expressivo no seu olhar. Ternurento por vezes, chama a atenção de quem o apanha distraído.
È capaz de aceitar uma carícia gentil. Rápida. Sincera, que ele pressente e lhe agrada pela distinção, porque não a aceita de qualquer um.
Ao mínimo ruido, fica atento. Movimenta-se de mansinho. Observador. Com passinhos de lã.
È calmo, mas de vez em quando, parece que uma tempestade perpassa em seu íntimo. Então corre. Forte. Ligeiro. Corre mesmo com toda a gente.
 Nesses momentos, Dom José, Conde do Olival é agressivo, como se lutasse com fantasmas perigosos. Desencadeia então uma guerra violenta entre as suas companheiras do sítio, exigindo intervenção imediata.
Quem sabe até se ele vê monstros que o perseguem?
São enigmas que ainda estão por desvendar.
Mantém uma relação particular coma sua secretária, a Palmirinha. 
 A Palmirinha , que apenas tem uma vista a funcionar e tem também os seus hábitos.
 A sua maneira de ser muito particular. È calma. Humilde. Reservada. Tem um apetite moderado. È sempre a última a comer. Por vezes, parece um pouco falta de confiança em si mesma. Mas...também é capaz de tomar a iniciativa de agredir as suas rivais, quando estas lhe querem roubar os afectos de que é muito ciosa.
Foi uma revelação interessante, quando se percebeu que era a preferida do Senhor Dom José, Conde do Olival.
Dormem coladinhos um ao outro. Trocam entre si carícias sem fim. Enroscados, como se assim ambos se sentissem protegidos. Completamente evadidos deste plano, sonham com mundos desconhecidos , quem sabe? Gestos especiais de uma estima particular.
Não sei se terá sido Dom José que se aproximou da Palmirinha, sua secretária, ou se terá sido ela que o terá conquistado. Seduzido pela sua pacatez diferente de todas as companheiras do sítio.
Talvez até a discrição da Palmeirinha conviesse à insegurança dissimulada de Dom José. À timidez camuflada de macho castrado…
Mas tudo é um pouco complexo. Nisto dos afectos , quando se oferece tudo de mão beijada, parece que o desinteresse nasce. A luta aguça o desejo de conquista.
Ninguém corre para um carro depois de o ter apanhado…
 O que sei é que passam tardes e tardes de lazer e encantamento em lambidelas abundantes que consola ver. Ambos enrolados, como se fora um só corpo.
Lânguidos. Tranquilos. Consolados, dá gosto ver uma ligação tão espontânea. Tão genuína. Verdadeira.
Entretanto a bailarina Babette repousa noutro aposento, ela também embarcada em sonhos de tranquilidade. Num mar morno, por vezes quente demais para suportar tal temperatura…
Babbette, elegante. Simpática. Dedicada. Ativa. Versátil. Veloz. Predadora. Curiosa. Atenta a qualquer ruido de folha que se solte. Tem um olhar profundo de princesa. Autêntico. Difícil de descrever. Só quem o sente direcionado para si mesmo, ou teve oportunidade de o observar, pode perceber o que lhes digo. Impressiona mesmo. Parece que vem do fundo dos tempos, carregado de mistérios!
È a mais fiel e a mais ladina. Quando se trata de saborear a liberdade, alheia a qualquer perigo que ignora na sua pureza natural de nunca pensar mal seja para quem for humano, esgueira- se disfarçadamente ou foge de raspão. Corre perigos que nem lhe passam pelo espírito inocente. Puro. À mercê da maldade que cresce no Coração humano e que ela não adivinha sequer.
Quando sai é a primeira a regressar aos seus aposentos. Ao seu local de segurança.
Prefere as carícias a qualquer manjar especial. È a última a chegar ao local de refeição.
Já  Dona Amélia, a rainha, a mais velha do castelo, é uma espécie de madre superiora, que não admite abusos. Logo se rebela e dá educação à plebe, mal alguém se excede. No entanto às escondidas, tem atitudes infantis que compensam o seu ar importante e glutão.
Adora brincar às escondidas.
Escolhe sempre os lugares mais altos para vigiar tudo à sua volta.
È disfarçada. Comilona. Gorda e anafada. Desobediente. Simulada e teimosa. Tem no entanto algo de muito particular: quando alguém está triste, ela é solidária. Fiel. Companheira e nunca mais te abandona.
Até o Dom José do Conde do Olival respeita a Dona Amélia.
 Ela enfrenta – o destemidamente. Impõe regras. Não lhe dá confiança. Sabe muito bem o que quer e não há discussões.
Se for preciso ela passa a factos e dá a sua patada. Ralha e assusta o pessoal.
 Dom José respeita - a e tem medo dela.
È interessante reparar que nenhum destes amigos alberga vinganças no seu íntimo. Se alguém os agride, logo esquecem os males que lhe fizeram.
No entanto, desde do início dos tempos que não perdoam, destroçando até à morte, alguns seres que lhes atiçam os seus instintos mais antigos.
Aí não há nada a fazer… Assim como admitir outros habitantes na comunidade. Território é coisa sagrada.
São ciosas do seu espaço que não partilham facilmente.
Gostam de tudo o que é lindo. Fofo.
Recebem quem as visita, no entanto são sensíveis às energias de quem chega.
Se a energia for compatível como seu reino, são gentis e próximas. Senão, fogem. Abandonam de imediato o local para se esconderem.
São deste modo, o indicador seguro de quem temos na nossa presença. Do cuidado a ter com algo desconhecido. Perigoso.
Ao mínimo ruido no portão longínquo da casa, perfilam-se. Escutam atentamente. Rosnam. Ficam de alerta. Dão sinal do perigo que se avizinha.
Quando pressentem que estou a fazer malas, andam de roda de mim , tristes e inquisidoras. Babete, essa então não me larga mais.
Quando  no final se consuma a partida, ao contrário do costume , mal a porta se abre esgueiram-se sem apelo, neste caso, perfilam-se na escada e ficam uma em cada degrau, sentadas , olhando triste a minha saída. Vêm despedir-se com carinho, daquela que sabem bem, as ama. Respeita. Cuida.  Vêm dizer adeus e dizer-me: Volta depressa. Não te demores. Ficamos à tua espera.
Já sabem quando volto, trago-lhes sempre um lambeta gostosa. Vão logo cheirar a minha carteira ou qualquer saquito que me acompanhe. E lá têm algo para compensar a ausência .
São melómanas como eu.
Tem preferência por Música calma. Doce.
 Violino é o seu instrumento preferido. Acalma-as.  Dormem tranquilamente.
Leonor, a minha neta com oito anitos, adora Babete, em especial.
Se pudesse clonaria Babete, segundo me confessou.
Toca violino para elas. Ficam anestesiadas.
As senhoras correm para Leonor, como se de um íman se tratasse.
O Senhor Dom José fica de longe, observando.
Penso muitas vezes se lhes faltasse, como gostaria que as estimassem com merecem.
Deixarei meios para isso, conforme já combinei com a minha funcionária, ela também dentro desta energia de amor por Babete bailarina. Dona Amélia, a rainha, Palmirinha, a secretária e Dom José, o Conde do Olival.
Conforme já perceberam esta é a história da minha Família felina , com quem partilho os meus dias.
 Com quem converso. Com quem aprendo mil coisas.
A quem agradeço a companhia e carinho que me dispensam.
 A quem respeito e estimo. A quem muito quero.
Condicionam muito na minha vida, mas é o preço dos laços.
Salvei- Eles, aflitos, pediram me ajuda.
 Não podia abandoná-los. Uma espécie de” Lista de Schimdler”…

Ajuda para não morrerem barbaramente injetadas letalmente pelos benditos serviços de proteção aos animais sofredores da rua.
São estes erviços que sustento com os meus impostos.…
Em vez de protegerem colónias de animais, mantendo o equilíbrio ecológico, com os Animais castrados em liberdade. Qualquer dia, talvez tenham tantos ratos que depois só com raticida envenenando as águas e as pessoas (…) se resolva !...
………………………………………………………………………………………………
São os animais que nos escolhem.
Dizem que eles não gostam dos donos, mas da casa. Posso dizer que não é assim.
Quando se dedicam, até o nosso cheiro conhecem. Procuram para matar saudades.
Quando me afasto deixo lhes roupa ou chinelos e isso conforta-os.
Também quando me afasto sinto a sua falta. Tenho saudades deles.
Afinal a amizade mais pura é possível  entre um animal e o ser humano. Há quem possa afirmar o contrário?
 Só é pena que os humanos tratem tão cruelmente os nossos irmãos menores, à mercê de quem é mais feroz do que um inofensivo animal q sofre tudo o que a frustração e a maldade humana cobardemente descarrega em quem não se pode defender.
Muito cuidado, porque isto tem retorno! Cuidado porque a Terra não é só do Homem, mas dos Animais e das Plantas e acaba mal se não se muda.
O nível de um Povo e das pessoas em particular, mede se pelo respeito que dedica aos Animais, seres indefesos.