Estou a gostar muito!
Espero p próximo capítulo!
Muito realista na descrição, faz-nos transportar para o local que descreve
parece que estamos a viver o momento.Lindo!
Romântico!
Relaxante!!!!!
Parabéns
beijnhos!
Que este dia da Mãe seja um lindo dia de LUZ e AMOR
Fernanda
quarta-feira, 9 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
Ara, a eleita
ARA, a eleita (2)
"Trago em mim o germe, o início, a possibilidade para todas
as capacidades e confirmações do mundo."
Os Buddenbrooks
Mann , Thomas
Ara ,
a jovem menina que nasceu entre os pássaros, embalada pela brisa fresca e morna
da ramaria das árvores verdes. Protetoras. Amigas.
Ara,
que cresceu bebendo água na fonte pura que se lhe oferecia cantando...
Ara
que correu, livre ao vento, brincando às escondidas, com o sol brilhante
sorrindo nas clareiras, aprendeu a agradecer.
A ser sem mácula entre os seus iguais.
A não
esconder a mágoa porque nunca a sentira.
A não
conhecer inveja, porque não nem sabia o que isso era.
Pensar
mal? Mas o que era o mal para Ara?
Ara
aprendeu a sorrir naturalmente, sem porquê.
Aprendeu
a agradecer, porque sentia que tudo eram dádivas.
Aprendeu
a orar. Louvar. À bendizer o Grande Espírito.
Era o gesto que todos os dias a rodeava na paz
do amanhecer.
Do
anoitecer e até em outras ocasiões ao longo do dia.
Todos
agradeciam tudo ao Grande Espírito.
Carregava
ao colo e aos ombros, os mais pequeninos, como também os outros já o tinham
feito a ela mesma. Não sentia o peso. Amava-os.
Entoava
canções inventadas que se perdiam na floresta sem fim.
Seu
irmão, Zeu, era o companheiro das aventuras mais arriscadas.
Subiam
as árvores altas para colher os frutos para os mais novos ou para os mais
velhos.
Curavam
os animais doentes que encontravam gemendo na floresta.
Imitavam
os sons da Natureza. Dançavam alegremente. Aprenderam as tarefas do dia-a-dia que
eram repartidas por todos.
Ara
era esbelta. As suas formas de mulher arredondavam-se. Crescia graciosa. A sua
pele morena. Brilhante. Cabelos soltos. Compridos. Ondulando ao vento. Saudável.
Apetecível. Sem um pingo de gordura a mais no seu corpo virgem.
Nunca comeu
senão o necessário. Nunca soube o que era comer por compulsão. Por se sentir rejeitada.
Infeliz. Nunca provou sequer um alimento processado.
Meu Deus,
o que seria isso?
Falta
de exercício, por estar anestesiada com televisões ou máquinas cheias de
violência, nunca acontecera.
Um
dia, a vida do grupo fora alterada por um acontecimento marcante…
A
tribo vizinha viera com presentes e uma embaixada para escolher noiva para o
jovem chefe da Tribo que atingira a idade de substituir o velho chefe. Cansado.
Agora apenas com funções de cuidar da saúde de todos com seus sábios conselhos
e largos e acumulados saberes.
Ara foi por maioria, a eleita para tal missão.
Ocorre-me algo que dissera Fernando Pessoa.
“ Há um tempo em que é
preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e
esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos
fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Ora com Ara foi o que aconteceu.
O tempo não pára.
Ara crescera. Algo de
novo a esperava.
A ela caberá na nova família, gerir tudo o que diz respeito ao
mundo feminino local.
O pedido
foi feito. A promessa selada com um alegre banquete que demorou uma semana. Festas.
Danças. Troca de prendas. Muita alegria.
Ara está agora ainda mais linda com grinalda
de flores no cabelo. Vestida de eras. Fora a eleita.
É a partir de agora, a prometida.
Zeu,
o seu irmão entra na promessa, como o guardião. O símbolo da palavra dada.
Entretanto
Ara vai ser iniciada em mil afazeres diferentes. Tarefas novas. Responsabilidades.
No
dia da “entrega”, Ara irá com novos saberes. Habilidades. Possibilidade de
ajuda para outras mulheres mais jovens.
Ara
ao cruzar pela primeira vez o seu olhar doce. Puro. Ingénuo, com o do seu
Príncipe, fica alegre. Encantada.
Lau é
forte. Sorridente. Gentil. Seguro. Atento. Cortês.
Ara
sabia que um dia, aquela vida despreocupada com seu irmão ZEU, na floresta em
longas e ingénuas brincadeiras, ia acabar.
Mas também sabia, daquele saber intuitivo que não engana, que a fase
seguinte ainda seria melhor. Sempre melhor e melhor!
Mudanças. Projectos
causam espanto no coração de Ara.
Em cada coisa nova que aprende,
coloca um pouco do seu coração.
Lau, o jovem que a acompanhará até um deles partir, é elegante. Afável, prometendo dias cheios de
beleza e encantos desconhecidos. Descobertas a dois que jamais esquecerão.
Lau
também se orgulha da graciosidade e beleza da sua companheira eleita…
Não
duvida das suas possibilidades. Confia na escolha feita pelo Perfeito e Grande
Espirito que evocara e que se servirá da
escolha experiente feita pelos mais velhos.
Ara
sonha agora com novas aventuras.
Ser
mãe. Segurar nos braços um bocadinho de si mesma. Ensinar lhe tudo. Fazer dele
um Homem ou uma Mulher capaz de grandes feitos. Capazes de continuar a espalhar
alegria. Bondade no local onde estiver cada um deles.
Passar
o testemunho que lhe fora passado a ela,com a delicadeza e a naturalidade de
quem ama, como a Natureza que nada pede em troca.
Ama
porque ama. Não sabe. Nem pode fazer outra coisa.
Ara sabe de um saber inscrito na memória das suas
células ,que o Grande Espirito habita em nós.
Assim tudo está sempre no lugar onde deve estar.
Tudo se passa como tem de acontecer.
Os
frutos são a Paz . A Alegria e o Amor crescendo em nós e no mundo que nos
rodeia.
Tudo
em Todos!
Todos
em Tudo!
Ara e
Lau esperam com serenidade, mas também com uma pontinha de curiosidade anseiam
esse grande dia diferente de todos os outros que já viveram.
O “grande
encontro” quando será?
O
Chefe anunciará com fogueiras e sons diferentes, que Ara está pronta para o grande
dia!
Entretanto
no acompanhamento de Lau, tudo são preparativos. Novidades.
Aguarda-se a decisão dos maiores da Prometida…
sexta-feira, 27 de abril de 2012
ARA
ARA
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...
Já
se imaginaram a respirar livremente, numa Floresta verde muito verde, onde os
passaritos saltam de galho em galho , o
saúdam mesmo antes que a luz inunde a Terra Mãe ? E até vêm comer á sua mão,
sem receios nem temores infundados…
Mal
o sol rompe, clareiras de luz brilhante oferecem caminhos de paz. Feliz
convívio. Alegres canções…
Sem
relógios, nem ruídos estranhos, agressivos, na Floresta apenas o suave bailar
dos ramos nas árvores amigas, balouçando, embalam cada habitante no seu ritmo
calmo. Sereno. Feliz.
Árvores
que te enchem de frutos perfumados. Coloridos. Gostosos. Sumarentos…para os
quais basta estenderem a mão. Logo se te oferecem em cada dia mais abundantes.
A
água corre mesmo a teus pés, cantando de pedra em pedra, em regatos
cristalinos, como as veias da Floresta amiga.
Podes
aí brincar à vontade com teus filhos pequenos que põem flores nos cabelos.
Saltam. Riem em jeito de chilreio mágico, enchendo a tua vida de canções.
Mais
à frente, uma bica natural do precioso liquido escorre fresca e pura, a água…
Das
árvores pende ainda o pão dos deuses que alimenta a tribo com abundância…
Mais
à frente, as saborosas raízes diversas, variando cada dia os acepipes cozidos
no chão ou servidos crus, misturados com bagas de gosto exótico que todos
apreciam e comem em alegre convívio.
E o
vento suave na ramaria embala o sono dos mais pequeninos, abanando a rede presa
entre dois troncos macios.
A
gratidão e os rituais sagrados de adoração reúnem de joelhos, toda a comunidade,
várias vezes ao dia.
Soa
no ar o tambor. Os hinos. Os louvores das almas puras que não conhecem maldade,
nem invejam seja quem for. Todos se sentem UM. Uma Família unida pelo Coração.
Por laços de Amor sem mácula. Se um sofre, todos sofrem. Se um vibra de
alegria, todos sentem o mesmo. Naturalmente, não conhecem a mentira nem as
injustiças.
Num estado virginal, a vida decorre até idades
muito avançadas.
A
velhice é acarinhada. Respeitada. A doença é rara. Todos permanecem rijos e
contentes até à partida final.
Aprendem
com a Mãe Natureza que tudo é cíclico.
Treinam
a paciência ao ritmo das plantas.
Semente.
Crescimento lento. Fruto madurecendo devagar…
A
vida nunca acaba. Apenas se transforma temporariamente.
Eles
conhecem este e muitos outros segredos essenciais para serem felizes.
A
morte nunca é temida. È celebrada com ritos próprios, incluindo dança, canções
e a saudade que mora dentro de suas almas conformadas. Gratas.
Sabem
que o espírito nunca morre!
Que
o GRANDE ESPIRITO, depois da viagem , os
acolhe com bondade.
Não
conhecem o sentimento do medo em circunstância alguma, porque vivem no Amor.
A chuva é agradecida como uma bênção.
Nus,
apenas com uma pequena tanga, celebram o banho morno do Céu, que rapidamente
seca.
È
apenas a Mãe Natureza que respeitam com toda a atenção, que dirige os seus
dias. Dita as leis das suas vidas.
Adormecem
como anjos. Nada temendo.
Amam
e respeitam os animais com quem convivem em segurança. Como se as suas energias
secretas. Inconscientes comunicassem interlaçadas com as desses irmãos menores,
os Animais, que respeitam. Reverenciam.
A
noite é para dormir.
O
dia é para agradecerem Tudo o que são e possuem, em atitude sagrada. Aproveitam
a vida intensamente. A vida é um presente. Convivem com prazer. Simplicidade.
Nada
possuem individualmente. Tudo que existe é de todos . Tudo está em comum .
Coisa
alguma é supérflua. Poucas coisas bastam para se sentirem bem.
São felizes com o que têm. Com o que são.
Homens
e mulheres completam- se em tudo. Respeitam-se. Estimam-se.
Tudo
é autêntico .Verdadeiro.
Tudo
brota naturalmente da memória celular. Eterna.Original.
È
neste ambiente que descobrimos ARA!
Ara
é uma jovem de tez brilhante.
Respira
saúde, todo o seu corpo firme. Ágil.
Belo
de formas esculturais.
Totalmente
aberta à vida. Disponível. Orante. Respeitosa. Atenta ao que a rodeia.
Alegre, bendiz o Grande Espirito, mal
desperta. Depois integra se no grupo e saúdam o sol em conjunto. Cantam. Dançam
harmoniosamente.
Colabora
nas tarefas que lhe são destinadas pelos mais velhos.
Depois,
solta seus longos cabelos escorridos. Brilhantes como a seiva pujante das
árvores. Negros e fortes que balançam ao vento.
Ara
dança… Canta. Corre. Brinca…
Bebe da água fresca que escorre na cascata ali
ao lado. Come frutos docinhos. Pendente das árvores que a viram nascer.
Avida
sorri. È amada por todos e muito especialmente pelo seu irmão mais velho…
____________________________________________________________
Nota :
A história de Ara continua para a próxima.
Vão
ter muitas surpresas, garanto- lhes…
Linmare@edicomail.net
terça-feira, 24 de abril de 2012
Entre amigos... (versão corrigida )
Entre amigos …
A amizade desenvolve a
felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa
dor.
Dom José, Conde do Olival, observa tudo o que
passa ao seu redor.
Fora agredido no seu
valor mais profundo. A sua virilidade!
Da sua nostalgia e
desconfiança, nasceu e despertou nele, de um modo particular, uma atenção
subtil. Uma acutilância a todo o ruido ou qualquer movimento diferente da sua
rotina habitual. Aguçou nele reflexos ancestrais de cuidado e vigilância permanentes.
Ouve e vê tudo o que nós nem pressentimos.
Nos seus domínios de
que raramente se afasta, consegue abandonar-se completamente em segurança e
conforto. Relaxado. Descontraído, sonha talvez com mundos desconhecidos…
Por vezes o seu olhar é distante.
Altivo. Fugidio.
Cauteloso. Reservado. Esquivo. Independente.
Bem atento, é o Senhor
dos seus impérios que defende com unhas e dentes. Ai de quem se atreva penetrar
neles!
A população fica toda
em alvoroço.
A coisa tem que se resolver rápido. Poucos
ousam entrar no seu território. Até porque as suas mulheres com quem coabita,
mas a quem não dá a mínima atenção, também não o permitiriam. Aguerridamente
talvez até fossem mais ferozes do que o próprio do Dom José, Conde do Olival,
se alguém ousasse penetrar no seu espaço.
Procura os seus lugares
preferidos e não abre mão dos poisos mais confortáveis.
È um relógio perfeito
no que refere ao cumprimento das rotinas que respeita ao milionésimo.
Conhece o alcance dos
ritos que segue rigorosamente. È um cavalheiro de rituais.
Quando falha um segundo
no serviço de refeições da noite, principalmente, fica de mau humor.
Intratável. Faz o impossível para chamar a atenção. Tem que se deixar tudo,
para servir Dom José imediatamente,
senão fica insuportável.
Acho que não troca o
conforto pela liberdade.
Talvez se pareça um pouco
com o gato de que fala Miguel Torga. Aquele que não trocava o conforto e os
braços roliços da sua dona, por qualquer tipo de liberdade por mais atraente e
prometedora que fosse.
Parece que hoje, este tipo de animal prolifera
entre os humanos. Talvez devido à crise… Para certos temperamentos acomodados e
pouco aguerridos, mais vale um pássaro na mão do que dois a voar…
Mas Dom José ,
Conde do Olival, dá pouca confiança à
vizinhança. Não se relaciona com ninguém, dando a ideia que todo o seu mundo se
movimenta dentro de si mesmo.
O que aliás talvez até seja mesmo a melhor
garantia.
È dentro de nós que
estão todos os segredos.
A alegria, por exemplo, não está no mundo que
nos rodeia, mas no modo como percecionamos e sentimos o mundo.
Dom José quase sempre,
assume uma postura invejável. Majestoso. Atento. Reservado. De difícil acesso.
Sente-se que está tão feliz no seu interior,
que deixar de o observar, é impossível, tanto se aprende com ele mesmo em
silêncio.
È muito expressivo no
seu olhar. Ternurento por vezes, chama a atenção de quem o apanha distraído.
È capaz de aceitar uma
carícia gentil. Rápida. Sincera, que ele pressente e lhe agrada pela distinção,
porque não a aceita de qualquer um.
Ao mínimo ruido, fica
atento. Movimenta-se de mansinho. Observador. Com passinhos de lã.
È calmo, mas de vez em
quando, parece que uma tempestade perpassa em seu íntimo. Então corre. Forte. Ligeiro.
Corre mesmo com toda a gente.
Nesses momentos, Dom José, Conde do Olival é
agressivo, como se lutasse com fantasmas perigosos. Desencadeia então uma
guerra violenta entre as suas companheiras do sítio, exigindo intervenção
imediata.
Quem sabe até se ele vê
monstros que o perseguem?
São enigmas que ainda
estão por desvendar.
Mantém uma relação
particular coma sua secretária, a Palmirinha.
A Palmirinha , que apenas tem uma vista a
funcionar e tem também os seus hábitos.
A sua maneira de ser muito particular. È
calma. Humilde. Reservada. Tem um apetite moderado. È sempre a última a comer. Por
vezes, parece um pouco falta de confiança em si mesma. Mas...também é capaz de
tomar a iniciativa de agredir as suas rivais, quando estas lhe querem roubar os
afectos de que é muito ciosa.
Foi uma revelação interessante,
quando se percebeu que era a preferida do Senhor Dom José, Conde do Olival.
Dormem coladinhos um ao
outro. Trocam entre si carícias sem fim. Enroscados, como se assim ambos se
sentissem protegidos. Completamente evadidos deste plano, sonham com mundos
desconhecidos , quem sabe? Gestos especiais de uma estima particular.
Não sei se terá sido Dom
José que se aproximou da Palmirinha, sua secretária, ou se terá sido ela que o
terá conquistado. Seduzido pela sua pacatez diferente de todas as companheiras
do sítio.
Talvez até a discrição
da Palmeirinha conviesse à insegurança dissimulada de Dom José. À timidez
camuflada de macho castrado…
Mas tudo é um pouco
complexo. Nisto dos afectos , quando se oferece tudo de mão beijada, parece que
o desinteresse nasce. A luta aguça o desejo de conquista.
Ninguém corre para um
carro depois de o ter apanhado…
O que sei é que passam tardes e tardes de
lazer e encantamento em lambidelas abundantes que consola ver. Ambos enrolados,
como se fora um só corpo.
Lânguidos. Tranquilos. Consolados,
dá gosto ver uma ligação tão espontânea. Tão genuína. Verdadeira.
Entretanto a bailarina
Babette repousa noutro aposento, ela também embarcada em sonhos de
tranquilidade. Num mar morno, por vezes quente demais para suportar tal
temperatura…
Babbette, elegante.
Simpática. Dedicada. Ativa. Versátil. Veloz. Predadora. Curiosa. Atenta a
qualquer ruido de folha que se solte. Tem um olhar profundo de princesa.
Autêntico. Difícil de descrever. Só quem o sente direcionado para si mesmo, ou
teve oportunidade de o observar, pode perceber o que lhes digo. Impressiona
mesmo. Parece que vem do fundo dos tempos, carregado de mistérios!
È a mais fiel e a mais
ladina. Quando se trata de saborear a liberdade, alheia a qualquer perigo que
ignora na sua pureza natural de nunca pensar mal seja para quem for humano, esgueira-
se disfarçadamente ou foge de raspão. Corre perigos que nem lhe passam pelo
espírito inocente. Puro. À mercê da maldade que cresce no Coração humano e que
ela não adivinha sequer.
Quando sai é a primeira
a regressar aos seus aposentos. Ao seu local de segurança.
Prefere as carícias a
qualquer manjar especial. È a última a chegar ao local de refeição.
Já Dona Amélia, a rainha, a mais velha do
castelo, é uma espécie de madre superiora, que não admite abusos. Logo se
rebela e dá educação à plebe, mal alguém se excede. No entanto às escondidas,
tem atitudes infantis que compensam o seu ar importante e glutão.
Adora brincar às escondidas.
Escolhe sempre os
lugares mais altos para vigiar tudo à sua volta.
È disfarçada. Comilona.
Gorda e anafada. Desobediente. Simulada e teimosa. Tem no entanto algo de muito
particular: quando alguém está triste, ela é solidária. Fiel. Companheira e nunca
mais te abandona.
Até o Dom José do Conde
do Olival respeita a Dona Amélia.
Ela enfrenta – o destemidamente. Impõe regras.
Não lhe dá confiança. Sabe muito bem o que quer e não há discussões.
Se for preciso ela
passa a factos e dá a sua patada. Ralha e assusta o pessoal.
Dom José respeita - a e tem medo dela.
È interessante reparar
que nenhum destes amigos alberga vinganças no seu íntimo. Se alguém os agride,
logo esquecem os males que lhe fizeram.
No entanto, desde do
início dos tempos que não perdoam, destroçando até à morte, alguns seres que
lhes atiçam os seus instintos mais antigos.
Aí não há nada a fazer…
Assim como admitir outros habitantes na comunidade. Território é coisa sagrada.
São ciosas do seu
espaço que não partilham facilmente.
Gostam de tudo o que é
lindo. Fofo.
Recebem quem as visita,
no entanto são sensíveis às energias de quem chega.
Se a energia for
compatível como seu reino, são gentis e próximas. Senão, fogem. Abandonam de
imediato o local para se esconderem.
São deste modo, o indicador
seguro de quem temos na nossa presença. Do cuidado a ter com algo desconhecido.
Perigoso.
Ao mínimo ruido no
portão longínquo da casa, perfilam-se. Escutam atentamente. Rosnam. Ficam de alerta.
Dão sinal do perigo que se avizinha.
Quando pressentem que
estou a fazer malas, andam de roda de mim , tristes e inquisidoras. Babete,
essa então não me larga mais.
Quando no final se consuma a partida, ao contrário do
costume , mal a porta se abre esgueiram-se sem apelo, neste caso, perfilam-se
na escada e ficam uma em cada degrau, sentadas , olhando triste a minha saída.
Vêm despedir-se com carinho, daquela que sabem bem, as ama. Respeita. Cuida. Vêm dizer adeus e dizer-me: Volta depressa.
Não te demores. Ficamos à tua espera.
Já sabem quando volto, trago-lhes
sempre um lambeta gostosa. Vão logo cheirar a minha carteira ou qualquer
saquito que me acompanhe. E lá têm algo para compensar a ausência .
São melómanas como eu.
Tem preferência por
Música calma. Doce.
Violino é o seu instrumento preferido. Acalma-as. Dormem tranquilamente.
Leonor, a minha neta
com oito anitos, adora Babete, em especial.
Se pudesse clonaria
Babete, segundo me confessou.
Toca violino para elas.
Ficam anestesiadas.
As senhoras correm para
Leonor, como se de um íman se tratasse.
O Senhor Dom José fica
de longe, observando.
Penso muitas vezes se
lhes faltasse, como gostaria que as estimassem com merecem.
Deixarei meios para
isso, conforme já combinei com a minha funcionária, ela também dentro desta
energia de amor por Babete bailarina. Dona Amélia, a rainha, Palmirinha, a
secretária e Dom José, o Conde do Olival.
Conforme já perceberam
esta é a história da minha Família felina , com quem partilho os meus dias.
Com quem converso. Com quem aprendo mil
coisas.
A quem agradeço a companhia
e carinho que me dispensam.
A quem respeito e estimo. A quem muito quero.
Condicionam muito na
minha vida, mas é o preço dos laços.
Salvei- Eles, aflitos,
pediram me ajuda.
Não podia abandoná-los. Uma espécie de” Lista
de Schimdler”…
Ajuda para não morrerem
barbaramente injetadas letalmente pelos benditos serviços de proteção aos
animais sofredores da rua.
São estes erviços que
sustento com os meus impostos.…
Em vez de protegerem
colónias de animais, mantendo o equilíbrio ecológico, com os Animais castrados
em liberdade. Qualquer dia, talvez tenham tantos ratos que depois só com
raticida envenenando as águas e as pessoas (…) se resolva !...
………………………………………………………………………………………………
São os animais que nos
escolhem.
Dizem que eles não
gostam dos donos, mas da casa. Posso dizer que não é assim.
Quando se dedicam, até
o nosso cheiro conhecem. Procuram para matar saudades.
Quando me afasto deixo lhes
roupa ou chinelos e isso conforta-os.
Também quando me afasto
sinto a sua falta. Tenho saudades deles.
Afinal a amizade mais
pura é possível entre um animal e o ser
humano. Há quem possa afirmar o contrário?
Só é pena que os humanos tratem tão cruelmente
os nossos irmãos menores, à mercê de quem é mais feroz do que um inofensivo
animal q sofre tudo o que a frustração e a maldade humana cobardemente descarrega
em quem não se pode defender.
Muito cuidado, porque
isto tem retorno! Cuidado porque a Terra não é só do Homem, mas dos Animais e
das Plantas e acaba mal se não se muda.
O nível de um Povo e
das pessoas em particular, mede se pelo respeito que dedica aos Animais, seres
indefesos.
Comentário de Dra Maria Manuel Pimentel
O texto está muito bem escrito.
Uma verdadeira renda
literária.
Ao mesmo tempo acho-o com uma pitada de cómico o que o torna mais
saboroso.
Não se descansa enquanto não se chega ao fim.
Não se descansa enquanto não se chega ao fim.
Bem podia fazer uma colectânea dos textos já escritos.
Seria
, penso, uma mais valia .
beijo
M. Manuel
Querida Luci
Parabéns pelo dom da escrita que há em si.
A forma como exterioriza essa alegria é contagiante.
A forma como exterioriza essa alegria é contagiante.
E gratificante, a alegria que vive, quem ama o seu Senhor Jesus
Cristo.
Beijinhos
Neusa
Subscrever:
Mensagens (Atom)